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Investigado por sonegar R$ 779 mi, empresário foi condenado por usar familiares como laranjas

Em 2014, Reginaldo da Silva Maia obteve 121 veículos confiscados pela União

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O empresário Reginaldo da Silva Maia, dono do frigorífico Beef Nobre, já condenado em 2014 por lavagem de dinheiro e uso de familiares como “laranjas”, voltou a ser alvo de investigações.

Na manhã desta quarta-feira (22), a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, por meio do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), deflagrou a Operação DNA Fiscal, que desmantelou a organização criminosa ligada ao empresário, principal suspeita de sonegar mais de R$ 779 milhões, lavar dinheiro e ocultar patrimônio por meio de empresas de fachada.

No total, o esquema criminoso acumulou mais de R$ 779 milhões em débitos tributários inscritos em dívida ativa. Durante a operação, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão nas cidades de Campo Grande, Nioaque e Maringá, incluindo um no condomínio Residencial Bariloche IV, na Vila Carlota, região centro-sul da Capital.

Conforme as investigações, o grupo utilizava um esquema de fraude estruturada, dividido em três núcleos principais: Núcleo Gerencial – formado pelos verdadeiros administradores, que comandavam as operações empresariais sem aparecer nos quadros societários; Núcleo de Interpostos “laranjas", composto por pessoas de baixa renda, registradas formalmente como sócios ou administradores das empresas para ocultar os reais beneficiários; Núcleo Financeiro – responsável pela movimentação de valores em espécie e ocultação patrimonial, inclusive por meio de pessoas físicas e jurídicas de fachada, dificultando o rastreamento de recursos.

As empresas envolvidas declaravam o ICMS, mas não recolhiam o imposto, acumulando dívidas fiscais milionárias. Com o aumento das sanções, os investigados transferiam as operações para novas empresas, repetindo o esquema fraudulento com sucessões empresariais simuladas, holdings patrimoniais e movimentações atípicas em espécie que ultrapassavam R$ 1 milhão por mês, segundo alertas de instituições financeiras.

Além das buscas, foram deferidas quebras de sigilo fiscal, bloqueio de ativos, acesso a dados de dispositivos eletrônicos apreendidos e compartilhamento de provas com a Procuradoria estadual e a Secretaria de Fazenda. As investigações seguem sob sigilo judicial.

Conhecido

Antes da nova operação, Reginaldo da Silva Maia já havia sido condenado em 2014 por lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Na mesma decisão, 121 veículos foram confiscados em favor da União.

Na ocasião, ele esteve na sede da Superintendência Regional para prestar esclarecimentos, contudo, possuía mandado de prisão preventiva em aberto por conta da Operação Labirinto de Creta, deflagrada em novembro do mesmo ano, também por fraudes. 

As investigações mostraram que, entre julho de 2012 e novembro de 2014, o empresário utilizou familiares e empresas de fachada para ocultar recursos provenientes da sonegação fiscal e previdenciária.

“Durante as diligências fiscais, em especial em relação à empresa Frigorífico Beef Nobre, apurou-se um esquema de empresas interpostas, tendo como sócios indivíduos ‘laranjas’ ligados à família Maia, com o objetivo de ocultar patrimônio e o real administrador dessas empresas, Reginaldo da Silva Maia”, diz o relatório da decisão. 

Á época, Maia era proprietário das empresas Beef Nobre, Boi Brasil, Boi Branco, Nioaque Alimentos e Meridional. Sua esposa, Adriana Calderaro, aparecia como dona da Engenharia Calderaro, empresa que constava como proprietária da maior parte dos veículos confiscados. A nora, Ana Carolina Egoroff Galli, figurava oficialmente como dona de 12 carros.

A defesa do empresário recorreu pedindo absolvição e a liberação dos veículos, alegando que não havia provas do vínculo entre os bens e os crimes. O TRF3, porém, manteve o confisco de 121 veículos e liberou apenas 11, reconhecendo que as empresas eram interpostas pessoas utilizadas para ocultar o patrimônio da família Maia.

Investigações

As investigações tiveram início a partir de um pedido da Receita Federal, que enfrentava dificuldades para cobrar débitos tributários e previdenciários de empresas do ramo frigorífico. Durante o inquérito, foram identificadas ligações diretas entre o Frigorífico Beef Nobre e outras empresas registradas em nome de familiares de Maia.

“O Frigorífico Campo Grande, que teve como sócio Reginaldo da Silva Maia, tinha o mesmo endereço do Frigorífico Beef Nobre, enquanto o Frigorífico Boi Brasil estava estabelecido no mesmo endereço da filial do Beef Nobre, alugado da empresa RM Participações”, diz o relatório.

Outras empresas, como o Frigorífico Boi Branco e a Nioaque Alimentos, também compartilhavam endereços e estrutura operacional com empresas controladas pela família, evidenciando a formação de um grupo econômico.

A Calderaro Engenharia e Empreendimentos Ltda., de propriedade de Adriana Calderaro, possuía mais de 90 veículos registrados, usados por frigoríficos ligados ao grupo Maia.

Segundo o relator, “essa confusão patrimonial entre empresas e familiares facilitou a prática de crimes contra a ordem tributária, tornando difícil delimitar quem eram os verdadeiros responsáveis pelos débitos fiscais”.

As autoridades apontam que o modus operandi do grupo se manteve praticamente o mesmo por mais de uma década. 

*Saiba

Além dos policiais do Dracco, participaram equipes da Delegacia de Nioaque e da Divisão Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), de Maringá. A ação policial é resultado de uma investigação conduzida com apoio técnico da Procuradoria-Geral do Estado e da Secretaria de Estado de Fazenda. 

O nome da operação remete à estrutura familiar do grupo, que há décadas repetia o padrão de fraudes fiscais por meio de sucessões entre parentes. A sigla “DNA” faz referência tanto à origem consanguínea dos envolvidos quanto à repetição padronizada do esquema ao longo dos anos.

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Itaquiraí

Mãe e filha morrem em acidente triplo na BR-487

Colisão ocorreu em trecho conhecido como estrada boiadeira, próximo ao município de Itaquiraí

13/12/2025 16h30

Foto: Portal Conesul

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Gabrieli de Freitas Vieira e sua filha Julia Pereira de Freitas, de apenas 3 anos morreram na manhã deste sábado após um acidente triplo na manhã deste sábado (13), na BR-487, próximo a região do Assentamento Santo Antônio, situado em Itaquiraí, distante 405 quilômetros de Campo Grande.

Conforme a imprensa local, ambas estavam em um Jeep Compass com uma familiar de 40 anos, e seguiam de Maringá (PR) com destino a Dourados, cidade em que possuíam comércio. A família seguia na rodovia sentido BR-163 quando tentou uma ultrapassagem forçada e atingiu a traseira de um veículo Polo, que seguia na mesma direção.

Com o impacto da colisão, testemunhas afirmam que o veículo teria capotado e batido na traseira de uma carreta que seguia na pista contrária, impacto suficiente para arremeçar o carro da família para fora da pista, ao lado de uma borracharia. 

De acordo com a imprensa local, o acidente aconteceu por volta das 9h30. Gabrieli e a filha morreram no local. Socorrida, a outra pessoa da família foi levada ao hospital de Itaquiraí, consciente e orientada, apesar de cortes na cabeça.

Os demais motoristas envolvidos não sofreram ferimentos graves e testaram negativo para consumo de álcool.. Equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil, da Polícia Rodoviária Federal e da Perícia estiveram no local. As causas do acidente serão investigadas na Delegacia de Itaquiraí.

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Cidades

TCE suspende licitação para reforma de ponte sobre o rio Paraguai

Inconsistências e riscos de gastos excessivos na licitação levaram o Tribunal de Contas do Estado a suspender o certame

13/12/2025 13h30

Imagem divulgação

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Menos de um mês depois de assumir como conselheiro do Tribunal de Contas, o ex-integrante do governo do Estado, Sérgio de Paula, suspendeu a licitação de R$ 11,7 milhões para obras na ponte da BR-262, sobre o Rio Paraguai.

A decisão foi publicada nesta sexta-feira (12), em edição extra do Diário Oficial do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul.

No dia 26 de novembro, a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul) lançou a licitação prevendo investimento de até R$ 11.728.608,10 para a execução de obras de recuperação estrutural.

Os envelopes com as propostas feitas pelas empreiteiras seriam abertos na segunda-feira (15). No entanto, foi determinada a suspensão do certame após a equipe técnica do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) identificar “inconsistências e lacunas” em informações como:

  • Caderno de desenhos;
  • Relatório de critérios e especificações técnicas;
  • Verificação estrutural;
  • Projeto de recuperação estrutural;
  • Projeto de sinalização temporária;
  • Plano de execução.

A justificativa para suspender o processo licitatório da reforma da ponte foram inconsistências no Projeto Básico, que podem gerar gastos acima do necessário. Para isso, foi apontada a necessidade de atualização dos dados técnicos.

“Tais inconsistências podem acarretar riscos de sobrepreço, aditivos contratuais futuros e execução inadequada da obra, comprometendo a economicidade e a eficiência, em desacordo com a Lei nº 14.133/2021. Embora o projeto tenha avançado em sua conformidade com a nova Lei de Licitações, as lacunas técnicas e a necessidade de atualização são significativas. Para uma decisão embasada e para mitigar risos futuros, é crucial que as informações complementares e as atualizações necessárias sejam providenciadas e analisadas”, consta no ato.

Diante dos indícios de irregularidades no Estudo Técnico Preliminar (ETP) e no Projeto Básico, o relator, conselheiro Sérgio de Paula, determinou a aplicação de medida cautelar para suspender o processo licitatório até a regularização dos pontos apontados.

Previsão

Com previsão de início das obras somente no segundo trimestre de 2026, o valor estimado, como adiantou o Correio do Estado, indica que a reforma da ponte pode custar o dobro do apontado pelo ex-secretário de Obras, Hélio Peluffo.

Em 2023, ele previu gastos em torno de R$ 6 milhões na recuperação da estrutura da ponte, que tem sofrido diversas intervenções e situações que resultaram em tráfego em meia pista.

Essa situação ocorreu em 2023, quando a interdição durou mais de um ano, até que os reparos emergenciais fossem concluídos na pista de rolamento.

Além disso, há situação emergencial nos “amortecedores” instalados entre as pilastras e a parte superior da ponte (pista), que apresentam desgaste por falta de manutenção. Essa obra deverá ser bancada, agora, com recursos públicos.

Pedagiada "até ontem"
 

Investimento público em uma ponte seria algo normal não fosse a cobrança de pedágio, feita até setembro de 2022. Pequena fatia da receita era repassada ao Estado e a única obrigação da empresa era fazer a manutenção da estrutura, que tem dois quilômetros e foi inaugurada em 2001.

Porém, em 15 de maio de 2023 a empresa Porto Morrinho encerrou o contrato e devolveu a ponte Poeta Manoel de Barros sem condições plenas de uso, embora tivesse faturamento milionário.

Em 2022,  com tarifa de R$ 14,10 para carro de passeio ou eixo de veículo de carga, a cobrança rendeu R$ 2,6 milhões por mês, ou R$ 21 milhões nos oito primeiros meses daquele ano.

No ano anterior, o faturamento médio mensal ficou em R$ 2,3 milhões. Conforme os dados oficiais, 622 mil veículos pagaram pedágio naquele ano. Grande parte deste fluxo é de caminhões transportando minério. A maior parte destes veículos têm nove eixos e por isso deixavam R$ 126,9 na ida e o mesmo valor na volta.

Esse contrato durou longos 14 anos, com início em dezembro de 2008, e rendeu em torno de R$ 430 milhões, levando em consideração o faturamento do último ano de concessão. 

Em março de 2017, a Porto Morrinho conseguiu um abatimento de 61% no valor da outorga. Na assinatura, em 22 de dezembro de 2008, o acordo previa repasse de 35%  do faturamento bruto obtido com a arrecadação tarifária estabelecida em sua proposta comercial. A partir de março de 2017, porém, este valor caiu para 13,7%. 

Se tivesse de repassar 35% dos R$ 2,6 milhões arrecadados por mês em 2022, a Porto Morrinho teria de pagar R$ 910 mil por mês ao Estado. Com a repactuação do contrato, porém, este valor caiu para a casa dos R$ 355 mil. Em ambos os casos os valores teriam alguma variação porque ainda seria necessário descontar impostos.

Ou seja, a repactuação garantiu R$ 555 mil mensais a mais aos cobres da concessionária, que mesmo assim não cumpriu com sua única obrigação, que era manter a ponte em condições de uso. 

E, mesmo depois de parar de cobrar pedágio, ela continuou cuidando da ponte, entre setembro de 2022 até maio de 2023.  Neste período, recebeu indenização milionária, de pouco mais de R$ 6 milhões. 

O pedágio acabou por causa do fim do acordo do governo estadual, que construiu a ponte, com o DNIT, já que a rodovia é federal. Porém, o governo federal só aceita receber a ponte depois que estiver em boas condições de uso. 

** Colaborou Neri Kaspary

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