Investigação da Polícia Civil de Pernambuco (PE), que tenta desarticular organização criminosa voltada ao tráfico de drogas no Nordeste, descobriu que pessoas em Mato Grosso do Sul eram usadas para lavar dinheiro ilícito do tráfico.
De acordo com o delegado José Custódio, da Delegacia de Polícia de Boa Vista, em Recife, que é responsável pelo caso, as investigações da primeira fase da Operação Helicóptero, em 2023, identificaram que detentos de Pernambuco usavam contas de pessoas e de empresas de fachada em Mato Grosso do Sul para lavar o dinheiro obtido com o tráfico de drogas.
As investigações começaram em outubro de 2022, quando a Polícia Militar de Pernambuco realizou uma apreensão de 30 kg de cocaína. Segundo o delegado, foi neste flagrante que a polícia percebeu que o grupo envolvido no caso era profissional.
“Nós decidimos então abrir o sigilo das contas dessas pessoas do flagrante e descobrimos que a droga era financiada por detentos que estavam em Pernambuco. Foi quando deflagramos a primeira fase, cumprida em 20 estados do País”, explicou Custódio ao Correio do Estado.
Na primeira fase, foram cumpridos 84 mandados de busca e apreensão nos seguintes estados: Amazonas; Ceará; Mato Grosso; Mato Grosso do Sul; Pará; Paraná; Paraíba; Piauí; Rio de Janeiro; Rio Grande do Sul; Roraima; Santa Catarina; e São Paulo.
À época, a polícia informou que 140 pessoas eram investigadas e a estimativa era de que a quadrilha tivesse movimentado cerca de R$ 500 milhões entre 2021 e 2022.
A partir desses dados coletados, o delegado afirmou que a investigação chegou aos nomes desta segunda fase, deflagrada ontem em Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Rondônia.
Desta vez, foram cumpridos 29 mandados de prisão e 25 mandados de busca e apreensão, além de ordens judiciais para sequestro de bens e bloqueio de ativos financeiros, todos expedidos pelo Juízo da 5ª Vara Criminal da Comarca de Recife.
Em Mato Grosso do Sul, foram cumpridos quatro mandados de prisão e quatro de busca e apreensão, sendo: um de prisão e busca e apreensão na Penitenciária Federal em Campo Grande; dois de prisão e dois de busca e apreensão em Corumbá; e um de prisão e busca e apreensão em Mundo Novo.
Conforme as investigações, a organização criminosa movimentou mais de R$ 27 milhões em dois anos. E parte deste dinheiro teria sido lavado por empresas fantasmas e pessoas de Mato Grosso do Sul.
“Nós identificamos transações bancárias de dinheiro do tráfico de drogas entre esses presos de Pernambuco, que financiavam o tráfico para empresas de fachada ou fantasmas, e pessoas para, possivelmente, lavagem de dinheiro”, explicou o delegado.
Os mandados de Mato Grosso do Sul foram cumpridos com apoio do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).
“A Operação Efeito Helicóptero II representa mais um duro golpe contra o crime organizado e reforça a importância da integração entre inteligência policial e repressão patrimonial no combate às organizações criminosas no Brasil”, diz trecho de nota da polícia.
Durante o cumprimentos dos mandados, segundo informou o delegado à imprensa de Pernambuco, foram apreendidas duas armas no fundo falso de um forno micro-ondas na região metropolitana de Recife e, também, R$ 12.500 que estavam escondidos dentro de um sofá.


