O corpo do arquiteto e urbanista chinês Kongjian Yu, uma das maiores autoridades globais em planejamento urbano sustentável, não passará por perícia neste momento em Mato Grosso do Sul. De acordo com as autoridades brasileiras, o procedimento só poderá ser realizado com a presença de familiares, em respeito a uma tradição cultural da China. Parentes do especialista devem vir ao Brasil para acompanhar a liberação.
Os corpos das outras três vítimas do acidente aéreo ocorrido na noite de terça-feira (23), na fazenda Barra Mansa, região do Pantanal sul-mato-grossense, e, Aquidauana, chegaram na manhã desta quarta-feira (24) ao Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IML) do município. Eles serão submetidos a exames para identificação formal ainda hoje.
Entre as vítimas já encaminhadas à perícia estão o documentarista Luiz Fernando Cunha, o diretor de cinema Rubens Crispim Junior e o piloto e proprietário da aeronave, Marcelo Pereira de Barros.
A queda do avião de pequeno porte, que resultou na morte dos quatro ocupantes, é investigada pela Polícia Civil e pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
A liberação dos corpos das quatro vítimas foi a prioridade da Polícia Civil após o acidente aéreo que matou o arquiteto e urbanista chinês Kongjian Yu, referência mundial em planejamento urbano sustentável, os documentaristas brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr., além do piloto Marcelo Pereira de Barros, no Pantanal sul-mato-grossense, na terça-feira (23).
Segundo a delegada Ana Cláudia Medina, titular do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), o trabalho inicial concentrou-se em garantir a retirada das vítimas dos destroços e na identificação. “A identificação não deixou dúvidas quanto às pessoas que perderam a vida no sinistro, mas havia a necessidade da individualização dos corpos, já que a aeronave acabou carbonizando, trazendo diversos prejuízos para esse processo”, explicou.
Com a primeira etapa concluída, a investigação avançou para outras frentes. “Promovemos oitivas de testemunhas, levantamos informações sobre as condições de voo e requisitamos diversos exames periciais. Também aguardamos a chegada da equipe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que vai aprofundar a análise técnica dos destroços e das condições da aeronave”, disse Medina.
A delegada afirmou ainda que já surgiram informações preliminares sobre possíveis irregularidades na operação da aeronave. “Temos alguns elementos que nos levam a considerar a hipótese de um voo realizado fora do horário adequado na pista existente no local. Precisamos aprofundar essas diligências para compreender o que concorreu para o acidente e, principalmente, dar uma resposta às famílias”, reforçou.
O ACIDENTE
No final da tarde de ontem (23), um avião que levava uma equipe de documentaristas à região da fazenda Barra Mansa, localizada a cerca de 100 quilômetros da área urbana de Aquidauana e onde foram filmadas as duas versões da novela Pantanal, caiu no final da tarde, explodiu e os quatro ocupantes morreram.
De acordo com informações do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil, os corpos ficaram carbonizados devido à explosão. A tragédia ocorreu próximo da pista de pouso e a suspeita inicial é de que o piloto, Marcelo Pereira de Barros, que também seria proprietário do avião, tenha tentado arremeter instantes antes do pouso, mas a aeronave perdeu potência e acabou caindo.
A Fazenda Barra Mansa, região onde aconteceu a tragédia, foi fundada em 1940 pela família Rondon, é uma das mais tradicionais do Pantanal. Ela está localizada em uma das áreas de maior biodiversidade da região, e ganhou destaque por ter sido escolhida para as filmagens da novela Pantanal tanto na versão original de 1990, como para o remake da Rede Globo.
Ela está localizada no município de Aquidauana, cidade a a cerca de 130 km de Campo Grande. A sua área é considerada privilegiada por estar próxima ao encontro do Rio Negro com a Vazante do Castelo, conhecida como a região mais rica e preservada de todo o Pantanal.
*Saiba
O Cenipa, órgão ligado à Aeronáutica, será responsável pelo relatório técnico sobre as causas do acidente, enquanto o inquérito policial segue conduzido pelo Dracco.


