Um mês após a Prefeitura de Campo Grande anunciar o protocolo de tratamento precoce da Covid-19, chegou nesta sexta-feira o primeiro lote de ivermectina, substância que, com a hidroxicloroquina, vai compor o coquetel de medicamentos na capital sul-mato-grossense. As quatro substâncias do protocolo custaram R$ 2,4 milhões.
Por ora, são 5 mil cápsulas de ivermectina 6 mg que vão aumentar o estoque da cidade – existe medicamento atualmente em reserva na Capital, mas o número é considerado muito baixo. Na próxima semana, mais 175 mil comprimidos do vermífugo escolhido para ser usado no combate ao novo coronavírus devem chegar à cidade para distribuição.
Esse primeiro lote de 5 mil comprimidos foi adquirido por R$ 6 mil da Farma Cinco Ltda. Ao todo, a empresa vai fornecer R$ 1.097.000,00 em medicamentos para a Prefeitura de Campo Grande, em processo de aquisição com dispensa de licitação em função da situação de calamidade causada pela pandemia.
Além da ivermectina, a Farma Cinco também vai fornecer para o município: 120 mil cápsulas de sulfato de hidroxicloroquina 400 mg (R$ 954 mil); 20 mil unidades de vitamina D (colecalciferol 50.000 UI) em cápsulas (R$ 17 mil); e 126 mil cápsulas de sulfato de zinco monohidratado 54,88 mg (R$ 120 mil).
O pagamento desses medicamentos chegou a ser empenhado no dia 15 de julho, porém, o ato foi anulado e refeito, sendo novamente empenhado no dia 28. Já no dia 17, houve empenho do pagamento da carga restante de ivermectina, mas outra vez o empenho foi anulado e refeito apenas no dia 30 de julho, no valor de R$ 385 mil.
Nesse caso, a empresa que recebeu o valor para fornecer as 145 mil unidades de ivermectina em dosagem 6 mg, nos formatos de cápsulas, comprimidos e drágeas, foi a Georgini Produtos Hospitalares. Outras três empresas firmaram contrato para fornecerem outros medicamentos. A previsão é a de que os produtos ainda não entregues cheguem no máximo em uma semana.
Outros medicamentos
Uma das empresas que firmaram contrato com o município é a Inovamed Comércio de Medicamentos Ltda., que recebeu R$ 239 mil, conforme empenho feito no dia 17 de julho, para fornecer 96 mil unidades de azitromicina 500 mg, seja em cápsulas, drágeas ou comprimidos.
Já a Nunesfarma Distribuidora de Produtos Farmacêuticos Ltda. teve empenhado em seu nome R$ 637.980 para fornecer 651 mil cápsulas de sulfato de zinco, enquanto a Medicinalis Farmacêutica Ltda. recebeu R$ 59.850 para vender 63 mil cápsulas da mesma substância, na dosagem 54,880 mg.
Em todos os contratos (Processo de Compra nº 53.413/2020-22), a prefeitura desembolsou R$ 2.418.870 em acordos com cinco empresas. Inicialmente, a ideia era gastar apenas R$ 863.530, com a Nunesfarma (R$ 637.980), Medicinalis (R$ 59.850) e Farma Cinco (R$ 165.700).
Protocolo
O protocolo de medicamentos para o tratamento da Covid-19 foi anunciado no dia 1º de julho pela prefeitura, logo após reunião com um grupo de médicos encabeçados pelo toxicologista Sandro Benites, que coordena o Centro Integrado de Vigilância Toxicológica (Civitox).
Apesar de questionável, com várias estudos apontando a ineficácia de ambos medicamentos, sendo a hidroxicloroquina ainda causadora de efeitos colaterais consideráveis, o protocolo foi defendido por Benites e apoiado pelo prefeito Marcos Trad (PSD).
“Nunca vi alguém morrer em decorrência desses medicamentos em toda a minha carreira e nesses mais de 10 anos que estou à frente do Civitox”, destacou Benites no dia da reunião. Já Marcos Trad encerrou a reunião e saiu sem falar com a imprensa.