Emocionada, Camila Costa, de 33 anos, mãe de Gabriel Costa Lima, contou que decidiu doar os órgãos do menino para manter legado de generosidade que ele transmitiu durante seus 12 anos de vida. O adolescente morreu na segunda-feira (11), depois de 5 dias internado, após cair de bicicleta e bater a cabeça.
"Essa atitude partiu por entender que o legado dele aqui na terra foi de bondade e eu quis deixar esse ato dele sendo feito até depois de sua morte", declarou a mãe.
De acordo com ela, o acidente ocorreu na última quarta-feira (6), no bairro Set Sul, em Três Lagoas, segundo Camila, o filho andava de bicicleta com um amigo próximo da residência em que moravam. Ele foi socorrido e encaminhado para o hospital da cidade, onde ficou internado até a morte.
Na segunda-feira ele teve uma parada cardiorrespiratória e a morte encefálica foi confirmada. Foram doados dois rins, duas córneas e fígado. A mãe recorda que os demais órgãos, como coração e pâncreas, só não foram doados por não achar ninguém compatível.
Gabriel era o filho mais velho e deixa um irmão de 8 anos. Camila destaca que a memória e lembranças do menino permanecerão vivas dentro de casa, e acredita, que tudo acontece com um próposito.
"Eu gerei um anjo, que tive o prazer de conviver por 12 anos, e anjos são bons de mais, para viver nesse mundo de maldade. Mesmo com dor, e sem entender o porquê de ser agora, assim tão cedo, e ele morreu fazendo que mais amava: brincando", concluiu.
O velório do garoto começou na noite de ontem (12) na Capela Cardassi, e o sepultamento aconteceu às 10h da manhã desta quarta-feira (13), no Cemitério Municipal de Três Lagoas.
Quais órgãos podem ser doados?
Coração, pulmões, pâncreas, fígado, intestino e rins. Além dos órgãos, medula óssea, tecidos como a córnea, pele, ossos e valvas cardíacas também podem ser doados. Para quem precisa de um transplante, doar é a esperança de uma vida mais feliz e saudável.
O ato ocorre quando o cérebro de uma pessoa para de funcionar, chamamos de morte encefálica ou morte cerebral. Com isso, a parada cardíaca é inevitável, embora ainda haja batimentos, o coração para em algumas horas. Por isso, a morte encefálica caracteriza a morte de uma pessoa.
Após a confirmação da morte de um paciente, a equipe médica entra em contato com a família para comunicar a morte e explicar todo o processo de doação.
É o momento de tirar todas as dúvidas dos familiares e da família conversar, refletir e tomar a decisão mais adequada. Mesmo em meio à dor, é possível salvar outras vidas pela doação de órgãos.
Em Mato Grosso do Sul, a Central Estadual de Transplantes (CET) é o órgão regulador do processo de doação e transplantes no âmbito do Estado. Para realizar o transplante, o paciente deve estar inscrito no Cadastro Técnico Único para órgãos e tecidos do Sistema Nacional de Transplantes/Ministério da Saúde.


