Um dos maiores bicheiros do Rio de Janeiro, Rogério Costa Andrade, deixará a Penitenciária Federal de Campo Grande, onde está preso desde novembro do ano passado, e será transferido de volta para presídio no Rio de Janeiro. A Justiça do Rio revogou o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) do bicheiro.
Rogério Costa Andrade é também patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel e foi preso em outubro do ano passado, após o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentar nova denúncia contra ele pelo homicídio de Fernando Iggnácio, genro de Castor de Andrade e que disputava com Rogério o espólio do jogo do bicho de Castor.
Ele é apontado como o chefe de um grupo criminoso "voltado para a prática de diversos crimes", entre eles homicídio, corrupção, contravenção e lavagem de dinheiro.
Em nova decisão, que determinou a transferência do preso de volta para o Rio, a 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça entendeu que Rogério não tem perfil para continuar no sistema penitenciário federal.
O relator do processo, desembargador Marcius da Costa Ferreira, que assinou a decisão, disse que o RDD possui natureza excepcionalíssima e só deve ser aplicado quando verificada sua efetiva indispensabilidade.
“O custodiado não apresenta perfil compatível aos critérios do sistema penitenciário federal, evidenciando a existência de constrangimento ilegal, determino a transferência do paciente para o sistema prisional do estado do Rio para cumprimento da custódia cautelar”, diz a decisão.
O relator, no entanto, ressalta que a prisão preventiva de Rogério de Andrade está devidamente fundamentada.
“O decreto de prisão não descaracteriza a continuidade das investigações, ficando evidenciada a subsistência de riscos concretos à ordem pública e à instrução criminal”, acrescenta.
Jogo do bicho
Rogério é sobrinho de Castor de Andrade, um dos maiores chefes do jogo do bicho no Rio e patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel. Castor morreu em 1997, vítima de doença cardíaca, e a morte iniciou uma disputa familiar pela herança.
Na disputa, estavam Paulinho de Andrade, filho de Castor, assassinado na Barra da Tijuca, em 1998, crime atribuído a Rogério, e Fernando Iggnácio, que era casado com a filha de Castor e que também assassinado, em 2020.
O assassinato ocorreu no estacionamento de um heliporto no Recreio dos Bandeirantes, logo após Iggnácio desembarcar de helicóptero, retornando de sua casa de praia em Angra dos Reis. Ele foi atingido por três tiros de fuzil, um deles na cabeça
Rogério Castor Andrade foi apontado como mandante do assassinato de Fernando Iggnácio e foi preso em outubro de 2024.
O contraventor foi transferido da Penitenciária de Segurança Máxima Laércio Pellegrino (Bangu 1), no Complexo de Bangu, na Zona Oeste do Rio, para o presídio federal de Campo Grande no dia 12 de novembro de 2024.
Segundo a decisão que determinou a transferência, ele deveria permanecer em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), tipo de regime mais rígido do sistema penal, com limites ao direito de visita, entre outros.
Na decisão, a justiça considerou que a permanência de Rogério no presídio federal era necessária para impedir que ele interfira na obtenção de provas ou demais investigações de outros envolvidos. Também foi considerado que o bicheiro representava "ameaça concreta e relevante à segurança do Estado e da sociedade", por manter vínculos com outros integrantes ativos do crime organizado, além de exercer influência sobre eles.
* Com Agência Brasil




Segundo o documento, há R$ 6,5 milhões de tributos em atraso - Foto: Gerson Oliveira


