Mais de 4.200 pessoas visitaram o velório do ex-vice-presidente José Alencar no Palácio do Planalto até as 18h desta quarta-feira.
A visitação começou às 12h30. A estimativa é da Presidência da República.
Por volta das 21h, haverá uma missa, com a presença da presidente Dilma Rousseff e de seu antecessor, Lula, que retornam de Coimbra.
O acesso do público será fechado durante a cerimônia.
Pela manhã, uma missa com autoridades e familiares foi celebrada pelo núncio apostólico no Brasil, Lorenzo Baldisseri.
O acesso ao público é limitado por cordas. Cada um pode apenas passar em frente ao corpo, sem permanecer no local. Os visitantes também passam por detectores de metais.
Amanhã, o corpo será transportado para Minas Gerais.
O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), acompanhado do senador tucano Aécio Neves (MG), confirmou que o velório de Alencar será aberto ao público também no Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro, a partir das 9h até as 13h.
Após o velório, o corpo do ex-vice-presidente será cremado às 14h no Cemitério Parque Renascer, em Contagem (MG).
Segundo a assessoria do ex-vice-presidente, a cerimônia será restrita aos familiares.
BLOQUEIO
Apesar da segurança, a ex-servidora do Planalto Marlene Celestino de Araújo furou o bloqueio que separa o público do caixão e colocou um terço nas mãos de Alencar.
Marlene entrou como as pessoas que visitam o velório. Ao chegar em frente ao caixão, ela atravessou a faixa, depositou o terço e depois abraçou a viúva, Mariza Gomes da Silva.
"Eu disse a ela [Mariza] que ele será sempre amado", afirmou Marlene, ao deixar o local.
Ela disse que conviveu com o ex-vice no período em que trabalhou na Secretaria das Mulheres, em um dos anexos do Planalto.
"Eu fiz muita novena para ele não morrer", destacou.
DE EMPRESÁRIO A POLÍTICO
O ex-vice entrou na política graças a sua atuação empresarial bem sucedida. O sucesso frente à Coteminas, uma das maiores indústrias de tecido do Brasil, o levou para instituições que o colocaram em contato direto com a sociedade civil.
A visibilidade em Minas impeliu Alencar a entrar para a política, e em 1993 ele se filiou ao PMDB. No ano seguinte, ele se lançou candidato ao Governo de Minas, quando ficou em terceiro lugar. Em 1998, ele tentou uma vaga no Senado Federal por seu Estado: acabou eleito com quase 3 milhões de votos.
No Senado, foi presidente da Comissão Permanente de Serviço de Infraestrutura, membro da Comissão Permanente de Assuntos Econômicos e membro da Comissão Permanente de Assuntos Sociais.
O passo mais importante na política, no entanto, aconteceu na eleição presidencial de 2002, quando, já pelo PL, ele foi o vice na chapa vencedora encabeçada pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva.
No início, Alencar foi um vice polêmico. Ele se notabilizou como um dos principais críticos da política econômica do governo. Suas farpas miravam principalmente a política de juros altos do governo, que tentava, com isso, conter a inflação.
As críticas renderam reclamações da equipe econômica e conversas reservadas com o presidente.
Mas foi a pedido de Lula que a partir de 2004 ele passou a acumular os cargos de vice-presidente e de ministro da Defesa. Ele comandou o ministério até março de 2006.
Foi também naquele ano que a dupla Lula-Alencar disputou e venceu a reeleição presidencial, o que permitiu sua permanência no poder até o final do mandato.
Alencar, casado com Mariza Campos Gomes da Silva, deixa três filhos (Maria da Graça, Patrícia e Josué) e cinco netos: Ricardo, Geovana, Barbará, Josué e Davi.