Acampados há 70 dias em frente ao Comando Militar do Oeste - na avenida Duque de Caxias, em Campo Grande -, o grupo que é contrário ao resultado das eleições de 2022 começou esta segunda-feira (9) com o objetivo de manter o movimento pelo tempo que for necessário.
O posicionamento se manteve até receberem, da Polícia Civil, antes mesmo do meio dia, a notificação para retirada de todos os objetos do local.
A notificação é em cumprimento a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que determinou o desmonte de todos os acampamentos em frente à unidades militares.
Assinada pela Delegada Claudia Angélica Gerei, da Delegacia Especializada de Ordem Política e Social/MS (Deops), a notificação foi lida para os manifestante e fixada, primeiro, em um dos banheiros químicos, ordenando a retirada de "todos os objetos".
Específica e abrangente, o texto ordena a retirada dos seguintes objetos: barracas; tendas; banheiros químicos; geradores; móveis e utensílios domésticos; palanques; equipamentos e caminhos de som, assim como todos os objetos que criem obstáculos, seja na via ou na calçada, canteiros e demais proximidades do CMO.
Importante frisar que, fixada por volta de 11h40 da manhã de hoje (09), o grupo tem o prazo total de 24 horas para a retirada dos objetos, podendo ser enquadrados no crime de desobediência (artigo 330 do Código Penal Brasileiro).
O prazo é maior do que o estipulado pelo Supremo, cujas 24 horas vencem na noite de hoje.
A vida antes da nota
No período da manhã, poucas pessoas integravam o grupo que acampa em frente ao Comando Militar do Oeste em Campo Grande.
Depois de uma primeira confusão envolvendo os "inconformados com a eleição" e a imprensa local, sendo noticiado por diversos veículos que um dos presentes chegou a mostrar uma arma de fogo para a equipe de reportagem, o cenário de incerteza foi aumentando.
Vale destacar que, ainda ontem (08), o Supremo Tribunal Federal, na pessoa do presidente Alexandre de Moraes, decidiu pela "dissolução dos acampamentos realizados nas imediações dos quartéis generais e unidadades militares", em todo território nacional.
Entretanto, como o próprio grupo usa o STF e a figura de Alexandre de Moraes como fontes incertas, a intenção no primeiro momento era manter o acampamento e convocar cada vez mais "patriotas" para reforçarem o grupo.
Uma das presentes, trajada em azul e carregando uma bandeira, chegou ao local antes das 10h se dizendo disposta a ajudar e "dar a vida se for preciso".
Durante todo o momento no local, qualquer manifestação contrária ao acampamento e diversos comentários pedindo para que o grupo desocupasse o CMO, eram duramente respondidos debaixo de gritos de "vai para Cuba".
Certo momento, sabendo que o Batalhão de Choque se dirigia ao local para a tomada de providências, os presentes começaram a acionar grupos de whatsapp, convocando "patriotas" para comparecerem ao Comando Militar e "engrossarem" o grito de que ficariam ali.
Ainda, antes mesmo de a notificação chegar, os ânimos entre os poucos presentes começaram a se movimentar, uma vez que a empresa responsável pelas tendas brancas já desmontava as estruturas no local, reduzindo consideravalmente o espaço ocupado pelo grupo.
Abordados pelos policiais civis que foram notificar o acampamentos, as cerca de 10 pessoas presentes recusaram a apontar um responsável pelo acampamento, argumentando que "o povo, os patriotas são responsáveis".
Caso não cumpram a desocupação, além de estarem sujeitos à apreensão dos objetos, o Código Penal prevê pena de detenção, que vai de 15 dias a 6 meses, e multa.




