Após ter sido liberada do cativeiro, a filha do narcotraficante, Gerson Palermo que está foragido da justiça, contou que nada pior ocorreu durante o sequestro, porque o pai não permitiria que os criminosos fizessem uma maldade maior.
Durante coletiva na Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros (Garras), o delegado à frente do caso, Roberto Guimarães, explicou que a vítima teria sido atraída até um veículo para receber dinheiro do pai.
Essa quantia seria utilizada para custear o tratamento de saúde da avó. A ação ocorreu após a vítima sair do trabalho na sexta-feira (24) e entrar em um veículo, de onde foi levada para o cativeiro no bairro Moreninhas.
Em conversa na delegacia, ela afirmou que acredita que a mãe também está envolvida no sequestro. Na casa usada pelos criminosos, ela permaneceu amarrada e, o tempo todo, eles pediam o pagamento de R$ 50 mil, quantia da qual ela disse não saber do que se tratava.
O delegado explicou que uma quantia de dinheiro de Palermo desapareceu, e a desconfiança caiu sobre a filha dele. No cativeiro, ela ficou na companhia de dois homens que falavam com um terceiro por telefone.
“Acreditamos que esse terceiro, que estava em contato com ele, é a pessoa que nós prendemos, porque não há informação de que o sujeito preso em flagrante no sábado estava dentro do cativeiro”, disse o delegado.
Ameaças
A todo momento, a filha de Palermo era ameaçada. Os criminosos afirmavam que iriam matá-la, cortar a orelha e a língua caso ela não pagasse a quantia em dinheiro, da qual, segundo ela, não tinha conhecimento.
O homem que a agredia com coronhadas e chutes estava o tempo todo em contato com o terceiro bandido que foi preso.
Envolvimento da família
Ela imagina que o pai esteja envolvido no sequestro, já que nada pior ocorreu, o que terminou fazendo com que os criminosos a deixassem sair ilesa após horas no cativeiro. E informou a polícia que o Palermo pode estar na Bolívia.
“Ela acredita que o padrasto, o pai dela, esteja envolvido, porque seria ele que não teria permitido que fizessem maldade com ela e, por isso, teria liberado-a”, contou o delegado.
O delegado pontuou que o envolvimento do narcotraficante e da mãe da jovem está sendo investigado e que, neste ponto, ainda não é possível afirmar se eles têm ligação com o crime.
Sequestro
Na sexta-feira (24), o marido da vítima procurou a polícia apresentando fotos dela amarrada em cativeiro. Imediatamente, iniciaram-se diligências em busca dela.
Por volta de 1h da manhã de sábado (25), o marido recebeu um telefonema informando que ela havia sido liberada, e a equipe se deslocou até as Moreninhas, próximo ao rodoanel. Com base no depoimento da vítima, conseguiram chegar à residência utilizada pelos criminosos.
A identificação de um deles ocorreu ao puxarem o nome do titular da unidade de consumo da residência, um homem de 34 anos, com diversas passagens. Com essa identificação, chegaram à casa onde foi feita a prisão.
Na residência, a polícia apreendeu uma caixa de arma de fogo contendo apenas o carregador. Além disso, o criminoso utilizou o próprio celular para ameaçar e cobrar o resgate do marido da vítima.
Para a polícia, o homem, que não teve o nome divulgado, afirmou não ter participado do sequestro, mas ter sido um dos responsáveis por contratar os outros criminosos.
Pivô de queda de desembargador
Condenado a 126 anos de prisão, Gerson Palermo, está foragido desde 22 de abril de 2020, quando teve a prisão domiciliar revogada, um dia após a concessão. Entretanto, no mesmo dia da liberdade, ele retirou a tornozeleira eletrônica e fugiu.
O caso foi denunciado ao Conselho Nacional de Justiça - (CNJ), que, em setembro de 2023, decidiu investigar o desembargador Divoncir Schreiner Maran, pela concessão de liberdade ao chefe do tráfico, condenado há mais de 100 anos de prisão.
Com a investigação, em fevereiro de 2024, o STJ decidiu afastar o magistrado de suas funções e proibiu que ele entrasse em qualquer prédio do Judiciário Estadual.
Além disso, o gabinete de Maran foi alvo de busca e apreensão. Filhos, esposa e advogados ligados a ele também foram alvos da operação da PF e da Receita Federal, que viu indícios de corrupção no caso.
Em abril do mesmo ano, o magistrado se aposentou, aos 75 anos, idade máxima para permanecer na magistratura.
** Colaborou Tamires Santana




