Mesmo com dez empreiteiras inscritas na licitação para asfaltamento de 31 quilômetros da MS-245, no município de Bandeirantes, na região central de Mato Grosso do Sul, o deságio sobre o preço máximo foi de apenas 1%, conforme propostas apresentadas nesta segunda-feira (25) à Agesul, que deve ratificar o resultado nesta quarta-feira (27).
O edital estipulava valor máximo de R$ 91.470.493,63. Mas, depois da “disputa”, a Ética Construtora ficou em primeiro lugar ao oferecer um desconto pouco superior a R$ 915 mil e deve ser anunciada vencedora com a proposta de R$ 90.555.778,00.
Das dez empreiteiras inicialmente inscritas, três foram inabilitadas antes da etapa da apresentação de lances financeiros. Sete delas, porém, seguiam na disputa, que por conta disso parecia ser acirrada. Destas sete, três mantiveram o preço máximo no momento de fazer a proposta financeira, evidenciando que não tinham interesse real em vencer o certame.
Os 31 quilômetros que serão afaltados pela Ética referem-se ao trecho inicial da via que sai da BR-163, próximo da cidade de Bandeirantes, e vai até MS-338, já no município de Ribas do Rio Pardo, em uma região tomada por plantações de eucaliptos.
Depois da conclusão deste trecho de 31 quilômetros, restarão ainda em torno de 35 quilômetros para que a MS-245 fique toda pavimentada. A MS-338, que também está em obras de pavimentação e que deve ser concluída até o fim deste ano, liga as cidades de Camapuã a Ribas do Rio Pardo.
O projeto faz parte do pacote de obras bancado com os R$ 2,3 bilhões liberados no ano passado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ao Governo de Mato Grosso do Sul. Com os recursos, o Estado promete implantar em torno de 570 quilômetros de asfalto novo e restaurar outros 250 quilômetros.
INICIANTE
A Ética Construtora é antiga conhecida do Governo do Estado, pois há pelo menos cinco anos é contratada para fazer a manutenção de cerca de 580 quilômetros de estradas na regional de Costa Rica. Porém, é a primeira licitação que vence para obra deste porte.
Ela também participou de outras licitações do pacote de obras bancadas com recursos do BNDES e que foram lançadas nos últimos meses, assim como as outras nove que se inscreveram. Porém, nos outros certames não chegou entrar na disputa financeira.
Embora “modesta”, desbancou uma das gigantes da construção, a construtora Caiapó, que também tem participado de uma série de licitações, mas que não chega a entrar nas disputas de lances. Esta Caiapó é uma das responsáveis pela implantação via de acesso da ponte sobre o Rio Paraguai, em Porto Murtinho, uma obra federal de R$ 472 milhões.
Além disso, é responsável pelo pavimentação da BR-419, também com recursos federais, na região pantaneira, que também já obteve mais de meio bilhão de reais em investimentos. Além disso, ela é uma das integrantes do consórcio que está na disputa pela concessão dos 870 quilômetros de concessão de rodovias da chamada Rota da Celulose.
COINCIDÊNCIAS
O deságio mínimo na licitação para asfaltar o trecho da MS-245 não chega a ser novidade. Nesta segunda-feira (25) a Agesul publicou no diário oficial a homologação da licitação em que a empreiteira S.A.Paulista de Construções e Comércio venceu por WO a licitação para asfaltar 63 quilômetros da MS-320, entre Inocência e Três Lagoas, e vai faturar R$ 276.169.461,16.
Sem concorrência, ela venceu a licitação da maior obra lançada até agora dentro do pacote de recursos do BNDES. No início da disputa havia sete interessados. Cinco desistiram no meio do caminho e a única empreiteira que seguiu, a Agrimat, foi inabilitada pela Agesul.
E, apesar do valor multimilionário, ela nem mesmo recorreu. Em compensação, venceu uma licitação de quase R$ 78 milhões próximo a Ponta Porã. Lá, a Agrimat ofeceu deságio de apenas 0,1% (100 mil) e saiu vencedora da “disputa”.
Por coincidência, a empreiteira que venceu por WO a licitação de R$ 276 milhões é a mesma que asfaltou o primeiro trecho da MS-320. A obra foi recentemente concluída e a empresa seguiu com toda a estrutura na região.


