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Ministério Público de Mato Grosso do Sul cobra retomada das cirurgias eletivas

Pacientes aguardam há anos por procedimentos e pandemia agravou ainda mais a situação

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) cobrou a retomada das cirurgias eletivas em Campo Grande, em razão do grande número de pessoas que estão na fila de espera desde antes da pandemia de Covid-19.  

Para o órgão, apesar de a pandemia ter prejudicado o agendamento desses procedimentos, por conta da lotação nos leitos e da destinação de equipamentos e medicamentos para o tratamento da Covid-19, há casos de pessoas que esperam há mais de sete anos por uma cirurgia.  

Agora, a 32ª Promotoria de Justiça quer saber os motivos da demora e por que o município não procedeu com o reagendamento dos pacientes após o decreto que restringia a realização desses tipos de operações ter sido revogado.  

A investigação começou a partir do pedido de ajuda de uma mãe cujo filho nasceu com cisto tireoglosso. O problema consiste em uma anormalidade congênita, que forma uma espécie de caroço visível na região da tireoide.

A doença não é considerada grave e o procedimento de extração não é urgente. Contudo, quem tem o cisto pode sofrer com inflamações bacterianas frequentes ou até mesmo fístulas, cuja secreção de pus afeta a qualidade de vida.

A 32ª Promotoria de Justiça encaminhou o caso isolado para atendimento na Defensoria Pública, já que não atua na defesa de cidadãos isoladamente.

Entretanto, suspeitando que o problema pudesse corresponder a uma fila por demanda reprimida, o órgão abriu um procedimento para apurar a situação.

Ao ser oficiada, a prefeitura encaminhou uma lista com os nomes dos pacientes que esperam pelo procedimento e a data da solicitação.

O documento contém 19 pessoas com cirurgia pendente. O pedido mais antigo data de 18 de fevereiro de 2016. Há, ainda, cinco casos marcados como devolvidos, datados de 2014, 2017 e 2018.

A maioria dos pacientes é do interior e apenas cinco são de Campo Grande. Três pessoas aguardam desde 2016, uma desde 2018 e dez desde 2019, período anterior à pandemia, totalizando 14 pessoas.

É o caso do filho da dona de casa Juliana Meza Rodrigues. Há três anos, ela levou o menino ao posto de saúde do bairro, ao notar o caroço na garganta dele. Após idas e vindas e diagnósticos inconclusivos, uma médica enfim solicitou o exame que detectou o problema.

O pedido pela cirurgia foi realizado em 2019, quando o garoto tinha 3 anos. Atualmente, ele tem 6, fará aniversário em novembro e continua com o problema. “De dois em dois meses o caroço inflama e surge uma espécie de bolha. Nesse período, meu filho reclama que dói ao comer. Por isso é magrinho”, conta a dona de casa.

Passado um tempo, essa bolha estoura e libera secreção com pus, se fecha alguns dias depois e o menino tem algum tempo de vida quase normal até o surgimento da próxima.

Na rede particular, de acordo com o último orçamento feito pela família, o procedimento custa cerca de R$ 5 mil.  

“Só o meu marido trabalha em casa. Eu me dedico a cuidar do meu filho. Não temos condições de pagar nem de levantar todo esse dinheiro. Certa vez, um médico me disse que seria mais rápido se fosse na rede privada, mas não tem jeito, temos que aguardar”, diz a mãe.

Com medo de que alguma criança toque no cisto do filho ou até caçoe dele, durante as crises, ela evita mandá-lo para a escola. Durante a pandemia, o ensino on-line até facilitou a estratégia.  

“Depois que entrou a pandemia, não me falaram mais nada, nem de agendamento nem de datas. Agora não sei como vai ser. Ele vai crescendo, o cisto também”, disse Juliana à equipe de reportagem.

Na época em que o garoto entrou na lista de espera em busca do direito de realizar o procedimento pelo SUS, um médico da rede chegou a dizer que o procedimento estava suspenso por falta de cirurgiões pediátricos, profissionais que geralmente realizam esse tipo de cirurgia.“Infelizmente, temos que continuar esperando. Vamos ver no que vai dar”, disse Juliana.  

Últimas notícias

70% dos procedimentos estão atrasados

Prefeitura de Campo Grande estima que 70% dos procedimentos não emergenciais previstos em 2020 seguem represados neste ano. 

MAIS ESPERA

Três pessoas entraram na lista em 2020 e duas em 2021. Ou seja, em tese, deveriam ser essas a terem de aguardar até a retomada do serviço de saúde, mas a maioria espera desde muito antes de a Covid-19 afetar o sistema.

A resposta da prefeitura é datada de 14 de julho. “Os pacientes que aguardam o referido procedimento não foram redirecionados, pois, por causa da atual situação pandêmica, esse procedimento não está sendo realizado”, informou o poder público. 

No dia seguinte, ofício circular da Secretaria Estadual de Saúde informou a viabilidade do retorno das cirurgias eletivas pelos hospitais da rede pública e da rede contratualizada.

Agora, a Promotoria pede que o município adote as providências necessárias para encaminhar os pacientes da demanda reprimida e pede que informe quais foram as atitudes tomadas. O órgão solicitou ainda o planejamento com cronograma para reativação dos procedimentos.

Assim como a remoção do cisto tireoglosso, a pandemia afetou todas as cirurgias consideradas eletivas, ou seja, cujos pacientes conseguem aguardar sem terem a vida colocada em risco de alguma forma.  

A dona de casa Avanice Pereira da Silva, 48 anos, por exemplo, aguarda há um ano para fazer uma operação para remover a vesícula. Por uma má formação, o órgão está localizado embaixo do intestino e por isso o procedimento não é tão simples.

“Vou precisar de UTI disponível e durante a pandemia cheguei a internar, mas não havia. Sinto dor todos os dias e não me deram previsão alguma para a realização da minha cirurgia”, afirmou.

Segundo ela, não lhe deram nenhum número em que possa ligar e acompanhar o agendamento. Pediram apenas que aguarde o contato do responsável pelo agendamento, chamada que até agora não aconteceu.

“Já fiz orçamento na rede particular. Somente o procedimento, ou seja, a cirurgia, fica R$ 35 mil, sem contar os demais encargos, como internação. O jeito é esperar que eles liguem”, completa.

O Correio do Estado entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande por meio da assessoria de imprensa.  

A equipe de reportagem questionou se existe prazo para desafogar a fila da cirurgia de remoção do cisto tireoglosso. Também perguntou quantos pacientes aguardam por outros procedimentos eletivos e quais os mais afetados pela pandemia. 

O Ministério Público também foi demandado para saber se existem outros inquéritos que apuram filas em outros procedimentos.

Em ambos os casos, não houve retorno até o fechamento desta edição.

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Rede Limpa

Nova etapa de operação retira 24 mil metros de fios irregulares no Centro

Foco foi no trecho considerado o mais crítico em relação à fiação irregular e força-tarefa também deve ser expandida para bairros

07/12/2025 17h00

Cerca de 24 quilômetros de fios irregulares foram retirados do Centro de Campo Grande

Cerca de 24 quilômetros de fios irregulares foram retirados do Centro de Campo Grande Foto: Divulgação / PMCG

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Em nova do Projeto Rede Limpa, cerca de 24 mil metros de cabos irregulares foram retirados de postes na região central de Campo Grande, neste domingo (7). Na primeira etapa da operação, realizada no dia 27 de novembro, foram retirados 15 mil metros de fios irregulares

Conforme a prefeitura, o foco foi no trecho considerado o mais crítico em relação à fiação irregular, sendo o quadrilátero central, formado pelas avenidas Mato Grosso e Afonso Pena e pelas ruas Calógeras e 13 de Maio.

A área foi escolhida após mapeamento técnico da concessionária de energia elétrica, a Energisa, que apontou que o local apresentou maior quantidade de instalações irregulares.

O ponto de partida da ação foi o cruzamento das ruas Treze de Maio e Barão do Rio Branco, às 7h. Os serviços se estenderam ao longo de todo o dia, com intervenções em 79 postes, sendo 28 na rua Treze de Maio, 35 na Calógeras e 16 na Afonso Pena.

A força-tarefa ainda terá outras etapas e deverá ser expandido para outros bairros de Campo Grande, embora ainda não haja cronograma definido.

Conforme a prefeitura, as ações ocorrerão de forma planejada, priorizando as áreas com maior concentração de irregularidades e risco à população.

Para o presidente do Conselho Regional do Centro, João Matos, a iniciativa atende a uma demanda histórica de comerciantes e moradores.

“O excesso de fios sempre foi uma preocupação no centro, tanto pela segurança quanto pelo impacto visual. Essa ação é muito bem-vinda e traz resultados concretos para quem vive e trabalha aqui”, afirmou.

A prefeita Adriane Lopes afirmou que o objetivo da retirada da fiação irregular não é apenas uma questão estética.

"O Rede Limpa é, sobretudo, uma ação de segurança e organização urbana. Estamos cuidando da cidade, prevenindo riscos e garantindo mais tranquilidade para quem circula pelo centro”, afirmou.

Adriana Ortiz, representante da Agência Estadual de Regulação (Agems), disse que a ação também tem caráter regulatório e de fiscalização.

“Essa operação é resultado de um trabalho técnico e integrado, que busca garantir que as normas sejam cumpridas e que os serviços prestados à população ocorram com segurança e qualidade”, declarou.

Já o gerente da Energisa, Moacir Costa, explicou que todas as operadoras foram previamente comunicadas com antecedência sobre a realização da ação deste domingo.

“As empresas credenciadas junto à Energisa foram notificadas antes da primeira etapa e novamente comunicadas nesta semana. O objetivo é corrigir irregularidades e organizar a ocupação dos postes de forma adequada e segura”, pontuou.

Primeira etapa

Na primeira etapa do projeto, foram vistoriados 43 postes, com a retirada de cerca de 15 mil metros de fios irregulares, um resultado considerado positivo.

A ação dessa fase teve início no quadrilátero formado pelas avenidas Mato Grosso, 13 de Maio, Afonso Pena e Calógeras. Também foram incluídas ruas internas como 14 de Julho, Antônio Maria Coelho, Maracaju, Marechal Rondon, Dom Aquino e Barão do Rio Branco.

Foram atendidos 21 postes na Rua 13 de Maio e 22 na Avenida Calógeras. Em média, foram removidos cabos de 12 pontos por poste. As equipes iniciaram os trabalhos às 22h, horário escolhido para minimizar impactos no trânsito e na circulação de pedestres.

Após a limpeza dos postes, haverá rondas preventivas pelas forças de segurança para evitar novas ligações clandestinas.

A operação contou com a participação da Agência Estadual de Regulação (Agems) e da Prefeitura de Campo Grande, por meio da Secretaria Especial de Articulação Regional (Sear), Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semades), Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) e Guarda Civil Metropolitana (GCM).

boletim

Mortes por aids caem 4% no período de um ano em MS

Boletim epidemiológico do Ministério da Saúde aponta que há 1.194 pessoas vivendo com HIV ou aids no Estado

07/12/2025 14h30

Em todo o Brasil, houve a expansão na oferta de testes

Em todo o Brasil, houve a expansão na oferta de testes Foto: Breno Esaki / Agência Saúde-DF

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O número de mortes por aids teve queda de 4,1% em Mato Grosso do Sul no comparativo entre 2023 e 2024. Boletim epidemiológico 2025, com ano-base 2024, foi divulgado na última semana pelo Ministério da Saúde e aponta que em 2023 foram 172 óbitos pela doença no Estado, passando para 165 em 2024.

Ainda conforme a Pasta, o resultado acompanha a tendência nacional. O País reduziu 13% os óbitos por aids no período, passando de mais de 10 mil para 9,1 mil, o menor número em três décadas.

Considerando o número de casos, foram registrados 788 em Mato Grosso do Sul no ano passado. O Estado contabiliza ainda 1.194 pessoas vivendo com HIV ou aids.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirma que o resultado reflete os avanços em prevenção e diagnóstico, com terapias de ponta que atualmente são capazes de tornar o vírus indetectável e intransmissível e que estão disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“Alcançamos o menor número de mortes por aids em 32 anos. Esse resultado só foi possível porque o SUS oferece gratuitamente as tecnologias mais modernas de prevenção, diagnóstico e tratamento. Os avanços também permitiram ao país alcançar as metas de eliminação da transmissão vertical como problema de saúde pública”, afirmou Padilha.

Os casos de aids no Brasil também apresentaram redução no período, com queda de 1,5%, passando de 37,5 mil em 2023 para 36,9 mil no último ano, conforme o boletim epidemiológico.

No componente materno-infantil, o País registrou queda de 7,9% nos casos de gestantes com HIV (7,5 mil) e de 4,2% no número de crianças expostas ao vírus (6,8 mil). O início tardio da profilaxia neonatal caiu 54%.

Em todo o Brasil, há 68,4 mil pessoas que vivem com o vírus HIV ou aids, mantendo a tendência de estabilidade observada nos últimos anos.

O País manteve a taxa de transmissão vertical abaixo de 2% e a incidência da infecção em crianças abaixo de 0,5 caso por mil nascidos vivos.

O país também atingiu mais de 95% de cobertura em pré-natal, testagem para HIV e oferta de tratamento às gestantes que vivem com o vírus. Isso significa que o país interrompeu a infecção de bebês durante a gestação, o parto ou a amamentação.

Os resultados estão em linha com os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Prevenção, diagnóstico e tratamento

O Brasil adota a estratégia de Prevenção Combinada, que reúne diferentes métodos para reduzir o risco de infecção pelo HIV.

Antes centrada principalmente na distribuição de preservativos, a política incorporou ferramentas como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que reduzem o risco de infecção antes e depois da exposição ao vírus.

Desde 2023, o número de usuários da PrEP cresceu mais de 150%, resultado que fortaleceu a testagem, aumentou a detecção de casos e contribuiu para a redução de novas infecções. Atualmente, 140 mil pessoas utilizam a PrEP diariamente.

Para dialogar com o público jovem, que vem reduzindo o uso de preservativos, o Ministério da Saúde lançou camisinhas texturizadas e sensitivas, com a aquisição de 190 milhões de unidades de cada modelo.

No diagnóstico, houve expansão na oferta de exames com a aquisição de 6,5 milhões de duo testes para HIV e sífilis, 65% a mais do que no ano anterior, além da distribuição de 780 mil autotestes, que facilitam a detecção precoce e o início oportuno do tratamento.

O SUS mantém oferta gratuita de terapia antirretroviral e acompanhamento a todas as pessoas diagnosticadas com HIV.

Mais de 225 mil utilizam o comprimido único de lamivudina mais dolutegravir, combinação de alta eficácia, melhor tolerabilidade e menor risco de efeitos adversos a longo prazo.

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