Na manhã desta quarta-feira (11), a Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (Amhasf) esteve na comunidade Lagoa, localizada próximo à Rua Sebastião Ferreira, no Jardim Colorado, em Campo Grande, segundo a agência, para levantamentos técnicos. Entretanto, moradores dizem outra coisa: que a agência vai destinar moradias regularizadas a uma parte das famílias, deixando outras desassistidas.
A equipe do Correio do Estado recebeu denúncia realizada por moradores que queriam realizar queixas sobre apenas algumas famílias da favela estarem tendo a chance de realizar o cadastro para adquirir moradias, junto à Amhasf.
Logo, moradores e Amhasf discordam sobre o que realmente estava sendo realizado no local, existindo um impasse e desacordo entre os lados.
Segundo as lideranças do assentamento, existem, hoje, 98 famílias que fazem parte desse grupo desassistido.
Uma das líderes dos moradores, Iracema da Silva Costa, residindo no local há 14 anos, explicou que nem toda a população assentada faz parte de um mesmo grupo em acordo – havendo o pessoal do “fundo” e o pessoal do "corredor" e restante.
“O que não estou entendendo é esse ofício que ela veio responder é só para o pessoal lá do fundo”, reclamou.
O ofício a que a moradora se refere é sobre a documentação e coleta de dados que a Amhasf estava fazendo, mas apenas com um grupo à parte, que está na Lagoa a menos tempo que os demais – o pessoal do “fundo”.
Posicionamento da Amhasf
No local, a diretora-presidente da Amhasf, Maria Helena Bughi, disse que pelo fato da favela ser uma ocupação irregular, a equipe estava apenas fazendo os levantamentos técnicos para ver qual a solução para problemas como a questão da insalubridade da água.
Segundo ela, no momento nenhuma família estava fazendo cadastro, não existindo, ainda, destino certo para qualquer pessoa.
“Existem famílias que estão muito próximas ao Córrego, que tem contaminação de água. Tem outras que precisam de regularização fundiária. São levantamentos para ver a solução viável de cada caso aqui”, explicou.
Ela explica, ainda, que pela região ser uma Área de Preservação Permanente (APP), é necessário fazer tanto o levantamento socioeconômico das famílias, quanto a situação da área.
“É o início dos estudos de viabilidade de regularização ou reassentamento. A partir dessa ação que está começando hoje, e vai se estender até o final do mês, ainda não temos condições de concluir pela complexidade”, disse Maria Helena.
De acordo com a diretora-presidente, o levantamento é para terem um balanço da condição socioeconômica de cada família.
Fazemos o registro fotográfico da ocupação e depois vem um levantamento georreferenciado para ver o que cada um ocupa”, explicou.
Com relação à realocação das famílias, a Ahmasf diz que qualquer decisão vai depender dos resultados do levantamento e que ainda não há nenhuma família selecionada para realocação.
Posicionamento dos moradores
Diferentemente do que a Ahmasf diz, os moradores reclamam que foi realizado um cadastro com o pessoal do fundo, coletando, inclusive, assinaturas.
As lideranças alegam que após o Correio do Estado se dirigir ao local, a equipe da Ahmasf mudou o discurso, dizendo ser apenas um levantamento e não um cadastro.
“Só estão fazendo o cadastro do pessoal 'da frente' por fazer. Mas o realocamento é só para o pessoal do fundo”, disse uma das lideranças, Débora da Silva Costa, que mora na favela há 14 anos.
Ela ainda acrescentou: “da gente ela falou que não ia fazer. Por isso eu liguei para a imprensa, porque falou que não ia fazer o cadastro e não tinha nem previsão da gente aqui da frente”.
A líder Iracema disse que todos ficaram sem entender direito o que estava acontecendo
“Eles já até assinaram um papel com ela, e a gente não, só pegou o nome e pronto. Vamos ficar espertos desde hoje, se a patrola vier, vai derrubar meio mundo aqui”, disse.
Os moradores explicam que querem apenas um lugar fixo e seguro para residir. “Se falarem que a gente vai para outro lado, ou ficar aqui tudo regularizado, a gente aceita também”, disse o grupo.




