Após o registro da aparição de uma onça-pintada, que chegou a atacar cachorros da comunidade, a ação “Entre Pegadas” irá instruir a convivência com o maior felino da América Latina, em Corumbá, município localizado a 426 quilômetros de Campo Grande.
A atividade será realizada na véspera do Dia Internacional da Onça-Pintada, nesta sexta-feira (28), promovida pela Prefeitura de Corumbá por meio da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal.
A instrução será direcionada a residentes do bairro Cervejaria, que habitam a região conhecida como Cacimba da Saúde, onde, nos dias 24 e 27 de março deste ano, cães foram feridos pelo felino.
Embora esteja dentro do perímetro urbano, essa área é próxima da zona rural e mais selvagem do Pantanal sul-mato-grossense.
No local em que a ação será promovida, o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), junto a outros parceiros, realizou monitoramento com armadilhas fotográficas para identificar o animal.
A partir disso, foi possível elaborar um planejamento de educação ambiental, promovido em conjunto com a Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Ibama/Prevfogo, Polícia Militar Ambiental e Defesa Civil Municipal.
Ataque fatal no Pantanal
Neste ano, foram registrados episódios envolvendo onças em cidades como Aquidauana (MS), Corumbá (MS) e Campinaçu (GO), que pautaram o noticiário e tiveram ampla repercussão pública.
Como o caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, que foi encontrado morto no dia 21 de abril deste ano, após ter sido atacado por uma onça-pintada. O caso ganhou destaque na imprensa nacional.
“Seu Jorge”, como era popularmente conhecido na região, trabalhava em um pesqueiro, em uma área de difícil acesso, no rio Miranda, conhecido como Touro Morto, em Aquidauana, município localizado a 140 quilômetros de Campo Grande.
A Polícia Militar Ambiental (PMA) esteve no local após receber denúncias de que a causa da morte teria sido um ataque do maior felino da América Latina.
Essa suspeita de ataque de onça-pintada surgiu porque turistas e caseiros que passaram pelo local viram várias pegadas que sugeriam a presença do animal. Essa região tem ocorrência comum de onças; inclusive, já houve averiguação de autoridades sobre o crime de "ceva", que é o oferecimento de alimento para animais selvagens.
Partes do corpo de “Seu Jorge” foram encontradas em área de mata fechada, após os familiares do caseiro indicarem o possível local para onde o corpo teria sido arrastado.
Conhecedores da região, o irmão e o cunhado de Jorge auxiliaram os agentes da Polícia Civil (PC) e da Militar Ambiental (PMA). O grupo de busca, composto por moradores e pescadores, chegou a ser atacado pela onça ao alcançar o ponto em que o corpo estava.
Como o corpo de Jorge foi encontrado em mata fechada e, diante do ataque do animal ao grupo de resgate, os envolvidos precisaram retirar os restos mortais da área antes mesmo de acionarem os agentes da perícia.
Captura
Em resposta rápida, as autoridades de Mato Grosso do Sul capturaram a onça-pintada, dias depois do ataque que tirou a vida do caseiro em uma fazenda no Pantanal.
O felino, um macho que pesava 94 kg, foi levado ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), em Campo Grande, onde passou por exames, recebeu suporte nutricional e hidratação.
A Polícia Científica de Mato Grosso do Sul, por meio de exames de DNA, confirmou que se tratava do animal que atacou o caseiro. Após passar pelo processo de reabilitação, o animal, que recebeu o nome de Irapuã, seguiu para um instituto em São Paulo.
Segundo ataque
Cerca de quatro meses depois, um segundo ataque ocorreu em Corumbá, conhecida como Capital do Pantanal, município localizado a 296 quilômetros do local onde ocorreu o ataque que tirou a vida de Seu Jorge.
A vítima, de 57 anos, tentou defender o cachorro que estava sendo atacado e acabou se tornando alvo da onça-pintada em uma área conhecida como Mirante da Capivara.
O homem conseguiu escapar do ataque com vários ferimentos, mas o cachorro não resistiu. Depois desses episódios, vários debates foram conduzidos pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul e por órgãos responsáveis, além de a PMA ter redobrado as rondas em regiões onde a população reside próxima a áreas de mata.
Com isso, o Estado promoveu o I Workshop Internacional Conflitos com Grandes Felinos, que reuniu especialistas com experiência em diferentes países e cenários para debater o tema, fundamental para estabelecer políticas públicas eficientes, capazes de mitigar situações como essas.
Atividade
Durante a programação do “Entre Pegadas”, alunos da Tilma Fernandes e do CAIC, além de moradores do entorno, participarão de uma feira educativa com atividades interativas e orientações técnicas.
O evento também contará com uma intervenção artística realizada por mulheres da COMAP, que pintarão uma parede preparada especialmente para que crianças e comunidade participem da construção coletiva da obra.
Haverá ainda uma intervenção teatral temática da Fundação de Cultura, trazendo uma abordagem lúdica para reforçar a mensagem de proteção e respeito aos animais silvestres.
A PMA realizará ação de educação ambiental e exposição de animais taxidermizados.
“Ao promover conhecimento, participação comunitária e integração entre instituições, a ação ‘Entre Pegadas’ reafirma o compromisso da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal e parceiros com a preservação da fauna, a valorização do Pantanal e a construção de uma cidade preparada para conviver de forma harmoniosa com sua rica biodiversidade”, destacou a Prefeitura de Corumbá, em nota.
Participam do “Entre Pegadas”, que ocorrerá no Ecoparque Cacimba da Saúde, o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), o Ibama/Prevfogo, a Polícia Militar Ambiental (PMA), o Comando do 6º Distrito Naval e a COMAP, além da EMEI Tilma Fernandes e da Escola Municipal CAIC.




