O espantoso aumento no número de mortes na Avenida Gury Marques, na saída de Campo Grande para São Paulo, precisa com urgência ser estudado, compreendido e assim, talvez, estancado. Desde o começo de fevereiro foram pelo menos cinco mortes no local do acidente, todas noticiadas pela imprensa. Outras, sem registro ou que aconteceram nos hospitais, podem estar piorando este trágico número. No mesmo período do ano passado, simplesmente nenhuma pessoa morreu naquela pista. E não se trata de alguma infeliz coincidência ou de um caso isolado. As cinco mortes aconteceram em separadamente, sendo que três envolveram motociclistas, um ciclista e um pedestre.
Então, algo diferente só pode estar acontecendo no trânsito daquela região da cidade. Para reforçar esta tese, basta lembrar que o número total de acidentes também disparou, 141%, passando de 41 para 99 casos na soma dos meses de fevereiro, março, abril, maio e junho, conforme dados fornecidos pelo Detran. Quer dizer, as ocorrências menos graves também dispararam.
Uma das mudanças mais visíveis e que ajudou a aumentar o fluxo de veículos foi a transferência da rodoviária, que foi ativada no começo de fevereiro. Além disso, mudanças na via foram implantadas. Uma das mortes aconteceu exatamente em frente a este novo empreendimento. Três delas, porém, a quilômetros de distância dali. Para o diretor da Agetran, mortes e acidentes acontecem nos quatro cantos da cidade. Ou seja, para a principal autoridade do trânsito de Campo Grande, nada de anormal está acontecendo nesta via, na qual, inclusive, está localizada a própria agência. Ou seja, em tese, ele passa por ela algumas vezes todos os dias e nada de anormal percebeu até agora, conforme deixou claro. Ele pode até ter razão quando fala que o trânsito é um problema generalizado. Porém, números são números. Na Capital como um todo, a quantidade de acidentes registrados pelo Detran aumentou menos de 10% no primeiro semestre na comparação com igual período de 2009. Na Gury Marques, a alta foi de 141%. A quantidade de mortes caiu em torno de 25% nos primeiros seis meses. Na nova avenida da morte não é possível fazer estatística, pois passou-se de zero para cinco. Simplesmente não existe cálculo percentual para este tipo de situação.
Ou seja, tão preocupante quanto o número de mortes é o fato de os responsáveis pelo setor não estarem vendo nada de anormal naquela via. Redutores de velocidade, radar, olho-vivo e ciclovia até já foram anunciados para a região. Porém, é urgente que se faça estudos sérios para saber o que exatamente aconteceu, sem isto pouco adiantarão medidas pontuais e paliativas, já que não existe qualquer estudo sobre o aumento no fluxo de veículos, que tende a crescer muito, uma vez que 15 mil residências estão projetadas para aquela região da cidade, sendo que a construção de algumas já está em curso.