lIDIANE KOBER
As negociações do PMDB com o DEM para definir se o vice-governador Murilo Zauith (DEM) vai disputar vaga de senador voltaram à estaca zero. Murilo chegou à conclusão de que ao governador André Puccinelli (PMDB) não interessa uma chapa competitiva de senador para não atrapalhar a eleição da "dobradinha" do deputado federal Waldemir Moka (PMDB) com o senador Delcídio do Amaral (PT). Portanto, o atual vice dificilmente vai concorrer ao Senado.
A última cartada do DEM para garantir a Murilo condições de igualdade para entrar na disputa foi a indicação da primeira-dama de Campo Grande, Maria Antonieta Trad (PMDB), como primeira-suplente. Porém, segundo Murilo e o deputado estadual Zé Teixeira (DEM), o PMDB "vetou a sugestão" por considerar que a medida "prejudicaria a eleição de Moka".
Lideranças do DEM até chegaram a procurar Antonieta. Conforme Zé Teixeira, ela os recebeu com simpatia e declarou ser "soldada do PMDB", mas deixou claro que a decisão final cabe ao partido. O assédio dos democratas deixou Moka alvoroçado. Segundo um peemedebista, o deputado federal convidou a primeira-dama para ser sua suplente, porém "a coisa ficou meio quieta". Mas, diante da proposta de Murilo, ontem, Moka se apressou em reforçar o convite.
"Pelo menos agora, tudo ficou às claras, pois o PMDB deu uma prova definitiva de que prefere a eleição do Moka", comentou o vereador Airton Saraiva (DEM), que anteontem à noite tentou, sem sucesso, articular a indicação de Antonieta Trad como suplente de Murilo.
Até o deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT), candidato a senador na chapa do ex-governador José Orcírio dos Santos (PT), reagiu à indicação da primeira-dama como suplente de Murilo ou Moka. Em conversa com o prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB), o deputado reconheceu que a presença de Antonieta Trad "puxa votos" para qualquer candidato ao Senado.
Frustração
O fato é que, além de praticamente tirar Murilo da disputa, o fracasso da negociação para indicar o suplente de Murilo abalou a relação entre os aliados. "O PMDB sempre teve tudo do DEM, mas a regra não se aplica para eles", opinou Saraiva. "E nós não vamos jogar nossa joia política (Murilo) para ir ao sacrifício", completou.
Além de frustrado com o PMDB, o vice-governador lamentou a possibilidade de a região da Grande Dourados ficar sem representatividade na chapa majoritária de Puccinelli. "A região de Dourados não pode ser usada apenas para tapar buraco", comentou.
Murilo passará o final de semana em Bonito e só depois da Páscoa vai anunciar sua decisão definitiva. "A negociação zerou outra vez", adiantou. "Mas, sem um projeto viável, não vou concorrer", acrescentou.
O vice-governador também praticamente descartou a possibilidade de disputar outro cargo, como deputado federal ou estadual. "Já firmei parceria com outros candidatos, agora, não vou atropelá-los", garantiu.
Os demais partidos do Bloco Democrático Reformista (BDR), que, além do DEM, é composto por PSDB e PPS, aguardam uma posição oficial de Murilo. "Enquanto ele não nos comunicar, não reconhecemos essa suposta decisão", disse a senadora Marisa Serrano (PSDB).
Oficialmente, o bloco afirma não ter um plano "B" na hipótese de Murilo confirmar sua desistência, mas nos bastidores são cogitados os nomes do presidente da Sanesul, José Carlos Barbosa (DEM), e de Carmelindo Rezende (PPS), que já concorreu ao Senado e à Prefeitura de Campo Grande.