A lista de mandados de prisão cumpridos pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) na 4ª fase da Operação Successione teve como alvo, familiares e empresários próximos ao deputado Neno Razuk (PL).
A investigação aponta que o grupo estaria envolvido em uma lista de crimes variados, como roubos, corrupção, lavagem de dinheiro e, principalmente, uma tentativa de monopolizar a exploração ilegal de jogos de azar, o dito “jogo do bicho”, em Mato Grosso do Sul.
Ao todo, foram cumpridos, nesta terça-feira (25), 20 mandados de prisão preventiva e 27 mandados de busca e apreensão nas cidades de Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços nos estados do Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.
Segundo apurações do Gaeco, a organização criminosa, liderada pelo deputado estadual Roberto Razuk Filho (Neno), o plano da quadrilha era expandir a jogatina para Goiáse a reorganização do clã após a Operação Successione, que teve início em 2023.
Mesmo com o desdobramento da Operação, o grupo não cessou as atividades, intensificando a sua atuação de forma “violenta e estruturada”.
Confira abaixo a lista dos investigados e presos na quarta fase da Successione:
- Roberto Razuk,
- Rafael Godoy Razuk,
- Jorge Razuk Neto,
- Sérgio Donizete Baltazar,
- Flávio Henrique Espíndola Figueiredo,
- Jonathan Gimenez Grande (Cabeça),
- Samuel Ozório Júnior,
- Odair da Silva Machado (Gaúcho),
- Gerson Chahuan Tobji,
- Marco Aurélio Horta,
- Anderson Lima Gonçalves,
- Paulo Roberto Franco Ferreira,
- Anderson Alberto Gauna,
- Willian Ribeiro de Oliveira,
- Marcelo Tadeu Cabral,
- Franklin Gandra Belga,
- Jean Cardoso Cavalini,
- Paulo do Carmo Sgrinholi,
- Willian Augusto Lopes Sgrinholi,
- Rhiad Abdulaha.
Defesa de Razuk pede domiciliar
A Justiça de Mato Grosso do Sul atendeu o pedido da defesa do ex-deputado Roberto Razuk, de 84 anos, pela prisão domiciliar do investigado. Ele foi detido juntamente com os outros alvos por suspeita de envolvimento em organização criminosa, corrupção, violação de sigilo profissional e exploração de jogo do bicho.
A decisão proferida pela juíza responsável pelo caso, May Melke Amaral Penteado Siravegna, levou em conta o estado de saúde “extremamente debilitado” do idoso que, além da idade, passou por uma cirurgia para retirada de um tumor de câncer recentemente.
No pedido pela prisão domiciliar, a defesa alegou que ele é portador de diversas comorbidades graves, necessita de uso constante de aparelho de oxigênio e está em “risco iminente de óbito” após a cirurgia, e que o ambiente carcerário não seria compatível com os cuidados médicos indispensáveis à sua sobrevivência.
Assim, a juíza determinou a substituição da prisão preventiva por domiciliar pelo prazo de 180 dias, com o uso de tornozeleira eletrônica.
A decisão adverte que o descumprimento de qualquer uma das medidas poderá resultar em um "novo encarceramento".
Além de conceder a prisão domiciliar, a juíza deferiu o pedido da defesa para a realização de uma perícia médica oficial para atestar o estado de saúde de Razuk. Também foi determinado que se oficie a AGEPEN (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) para que informe se existe algum estabelecimento penal adequado em Mato Grosso do Sul capaz de fornecer o tratamento médico necessário ao réu, com base no laudo a ser apresentado.
FASES
Em outubro de 2023, antes das fases da Successione, a Polícia Civil fez uma apreensão de 700 máquinas da contravenção, semelhantes a máquinas de cartão utilizadas diariamente em qualquer comércio, sendo facilmente confundidas.
As prisões foram desencadeadas a partir da deflagração das fases da Operação Successione, que começou no dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Foi nesta fase que os ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram pegos.
Duas semanas depois, no dia 20 de dezembro, foi deflagrada a segunda fase da operação, com o cumprimento de 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão. Ela foi realizada após investigações do Gaeco apontarem que a organização criminosa continuou na prática do jogo do bicho, além de concluírem que policiais militares também atuavam nesta atividade.
No dia 3 de janeiro do ano passado, chegou a vez da terceira fase da operação, com mais dois envolvidos presos pela contravenção na Capital.
A disputa pelo controle do jogo ilegal em Campo Grande se intensificou após a prisão de Jamil Name e Jamilzinho, durante a Operação Omertá, em 2019, que eram apontados pelas autoridades como os donos do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul.
Quatro anos depois, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos de reclusão, após um julgamento de três dias.
O termo italiano “Successione” – que dá nome a operação, é uma referência a disputa pela sucessão do jogo bicho em Campo Grande após a operação Omertá.
*Colaborou Alicia Miyashiro


