Cidades

SOLUÇÃO PARA CALVOS

No combate à calvície, minoxidil vira comprimido e ganha nova força

Loção ainda é receitada por muitos dermatologistas com sucesso, mas é um tratamento considerado difícil

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Um medicamento antigo contra a calvície, o minoxidil, ganhou nova formulação, em comprimidos manipulados, e recentemente passou a ser receitado como forma mais eficiente de garantir o sucesso do tratamento contra queda de cabelo. 

Criada originalmente na década de 70 como remédio contra hipertensão e vendida em dosagens altas, a droga virou arma ganhou novo uso depois que pacientes notaram que estimulava o crescimento de pelos em várias partes do corpo. O fabricante, rapidamente, desenvolveu uma loção contra a calvície a ser usada diretamente no couro cabeludo.

A loção ainda é receitada por muitos dermatologistas com sucesso, mas é um tratamento considerado difícil. Primeiro porque não adianta apenas borrifá-la na cabeça. Ela precisa penetrar no couro cabeludo. 

É preciso aplicá-la e fazer massagem Outra reclamação frequente é que o produto deixa o cabelo oleoso. Além disso, é um tratamento para a vida toda. Tem de ser seguido à risca todos os dias. Muita gente desiste.

"A calvície é genética, não tem cura. Por isso, o tratamento tem de ser contínuo", explica a dermatologista Fernanda Nomoto Fujii, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Sociedade Brasileira de Dermatologia. "Quando o paciente usa por um tempo e para, o problema evolui. Já há algumas loções novas que não deixam tanto resíduo, mas tem de ter rotina, aplicar todos os dias, e muitos pacientes já estão querendo trocar para o comprimido."

Alguns pacientes acham que a loção simplesmente não funciona para eles. Segundo especialistas, a substância precisa se converter em uma forma ativa por determinadas enzimas. Elas podem ou não estar presentes em quantidade suficiente na raiz do cabelo. 

Quando o medicamento é tomado via oral, no entanto, o princípio ativo é automaticamente convertido, o que torna o tratamento mais eficaz. Além de ser de engajamento mais fácil: basta engolir um comprimido uma vez ao dia.

"Nunca tive muito cabelo, mas, há uns dez anos, começou a rarear muito no alto da cabeça e na frente", conta a aposentada Norma Portugal, de 79 anos. "Comecei usando medicamentos tópicos; fazia o tratamento por uns três meses e depois parava. Melhorava um pouco e depois piorava de novo. Eu não gostava muito do minoxidil porque deixava o cabelo muito gorduroso."

Problemas no caminho

Norma teve de suspender o tratamento tópico depois que foi diagnosticada com câncer de pele no couro cabeludo. O problema foi tratado com sucesso, mas a aposentada continuava infeliz com a queda de cabelo, que piorava a cada dia.

"Durante o primeiro ano da pandemia meu cabelo caiu violentamente, não sei se por estresse ou se porque já ia cair mesmo", conta ela. No fim de 2021, voltou a buscar tratamento para a alopecia. "Ai comecei a tomar o comprimido de minoxidil. De fato, houve uma melhora. Meu cabelo caía muito durante o banho e parou de cair."

A descoberta do uso dos comprimidos contra pressão alta para a calvície também aconteceu por acaso. Foi há cerca de vinte anos, feita pelo médico Rodney Sinclair, professor de Dermatologia da Universidade de Melbourne, na Austrália. 

Em entrevista ao jornal americano The New York Times, Sinclair contou que tinha uma paciente com calvície para a qual prescrevia o minoxidil tópico

Diferentemente do que acontece com alguns pacientes, o remédio funcionava para ela. No entanto, ela acabou desenvolvendo uma erupção alérgica no couro cabeludo por conta do produto. Suspender o uso não era uma opção. O cabelo da paciente se tornava muito ralo na parte de cima da cabeça e ela odiava a própria aparência.

"Eu estava sem saída", contou Sinclair ao jornal americano. "A paciente estava muito motivada e a única coisa que sabíamos era que se um paciente tem alergia a um medicamento de uso tópico, uma maneira de dessensibilizar é administrar doses muito baixas por via oral".

Para fazer isso, Sinclair decidiu testar as pílulas de minoxidil existentes no mercado para o tratamento da pressão alta cortadas em quartos. Para sua surpresa, a dose baixa fez o cabelo da paciente crescer sem sinais de alergia nem alterações na pressão. 

Em seguida, ele baixou a dose cada vez mais. Chegou a doses efetivas de um quadragésimo de pílula e começou a prescrever rotineiramente a droga. Essa primeira paciente ainda a toma.

Em um simpósio em Miami em 2015, Sinclair relatou que baixas doses de minoxidil estimularam o crescimento do cabelo em cerca de cem mulheres. Os resultados foram publicados, finalmente, em 2017. Hoje, o médico diz que já tratou mais de dez mil pacientes

No Brasil, o uso do comprimido de baixa dosagem é recente, mas vem aumentando. O remédio é feito sob encomenda, em farmácias de manipulação. O advogado Felipe Barreto Marçal, de 31 anos, começou a perder cabelo quando tinha apenas 25 anos e se desesperou.

"Eu não queria ficar careca tão jovem", conta ele, que, durante alguns anos, usou o minoxidil tópico. "O minoxidil oral é muito mais prático e eficiente que o tópico. Interrompi o tratamento por uns meses, quando estava morando fora do País, e a diferença foi significativa. Estou retomando o tratamento agora com o minoxidil oral." Em geral, os médicos ainda recomendam, como primeira opção de tratamento, o uso tópico.

"Mas quando o paciente apresenta algum tipo de alergia no couro cabeludo, a gente tenta o novo tratamento. A dosagem deve ser ajustada para homens e mulheres. Como não existe no mercado, tem de ser manipulado. Para fazer o cabelo crescer, usamos de 0,25 mg até 5 mg, que é a metade da dose usada para baixar a pressão", explica a coordenadora do departamento de cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a médica Fabiane Brenner. 

Outros aliados

Outro medicamento cientificamente comprovado contra a calvície é a finasterida, originalmente usado em homens para o tratamento de problemas na próstata. 

Enquanto o minoxidil impede a queda precoce dos cabelos, permitindo que eles cresçam por mais tempo, a finasterida induz o crescimento de novos fios. Por isso mesmo, muitos médicos gostam de usar os dois medicamentos conjugados.

"No meu caso, o médico decidiu aumentar a dosagem do minoxidil e prescreveu também a finasterida", contou Norma Portugal. "Ai veio uma grande melhora, meu cabelo cresceu e encheu bastante. Ainda tem falhas, mas o meu visual melhorou muito e também a minha autoestima, que estava no pé. Estou bem satisfeita."

O tratamento pode ter efeitos colaterais, como o crescimento de pelos em outras partes do corpo. No caso da finasterida, muitos homens temem a perda da libido, embora isso não esteja cientificamente comprovado. 

Apesar de o minoxidil via oral ser prescrito para calvície em dosagens muito baixas, os médicos devem estar atentos também a problemas cardíacos, renais e hepáticos.

"Como é um remédio para baixar a pressão, ele pode causar algumas alterações cardíacas, sobretudo para quem tem histórico de problemas", afirmou a médica Fabiane Brenner. "Nesses casos, é melhor optar pela forma tópica." A alopecia, ou calvície, atinge cerca de 80% dos homens depois dos 60 anos e até 60% das mulheres na mesma faixa etária.

 

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Novela da saúde

Estado e Município têm 90 dias para apresentar Plano Emergencial para caos na Santa Casa

O hospital enfrenta problemas constantes de superlotação, falta de insumos e falta de dinheiro para pagar profissionais de várias áreas, com risco de paralisação de serviços essenciais

17/12/2025 17h15

Santa Casa vem enfrentando problemas de falta de insumos, de repasse e de espaço

Santa Casa vem enfrentando problemas de falta de insumos, de repasse e de espaço FOTO: Paulo Ribas/Correio do Estado

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul determinou que o Estado de Mato Grosso do Sul e o Município de Campo Grande têm 90 dias para apresentarem um Plano de Ação que se mostre eficaz à plena retomada do atendimento integral no Hospital Santa Casa. 

A decisão foi dada após o MPMS entrar com uma Ação Civil com o objetivo de impedir o agravamento da crise assistencial enfrentada pela Santa Casa de Campo Grande. 

O hospital, maior do Estado que atende o Sistema Único de Saúde (SUS), enfrenta problemas constantes de superlotação extrema, falta de insumos, dívidas acumuladas com médicos e fornecedores, comprometendo a continuidade dos serviços prestados. 

Na ação, o MPMS descreve o cenário como um “colapso institucional”, com setores essenciais funcionando muito acima da capacidade, superlotação do pronto-socorro agravada por uma reforma iniciada sem planejamento financeiro e sem conclusão após mais de dois anos de obras. 

Segundo o órgão, a unidade funciona em condições precárias há anos, com pacientes aguardando atendimento em ambiente inadequado, como os corredores, além do desabastecimento de medicamentos e insumos, falta de materiais cirúrgicos, dívidas com médicos e prestadores e o risco real de paralisação de atendimentos de alta complexibilidade. 

Diante desse quadro, o Estado e o Município, com a participação da Santa Casa, têm 90 dias para apresentarem um plano emergencial concreto voltado para a regularização integral dos atendimentos, regularização dos estoques, reorganização do fluxo do Pronto-Socorro, além de garantir um cronograma físico-financeiro para a retomada plena dos serviços. 

Em caso de descumprimento, deve ser aplicada multa no valor de R$ 12 milhões mensais, valor correspondente ao déficit apontado pelo hospital. O valor deve ser pago de forma dividida igualmente entre o Estado e o Município, mediante o sequestro de R$ 6 milhões das contas de cada um. 

A decisão da 76ª Promotoria de Justiça enfatiza que a situação ultrapassou o limite da gestão interna do hospital e ameaça diretamente o direito fundamental à saúde. 

“A ação civil pública destaca que o que está em risco não é apenas a administração de um hospital, mas a vida de milhares de pacientes que dependem diariamente da Santa Casa. A crise instalada ultrapassa qualquer margem de tolerância administrativa, e o MPMS atua para impedir que a situação se transforme em tragédia assistencial, garantindo respostas imediatas e soluções estruturais para que o SUS continue a prestar atendimento em saúde com segurança e respeito ao cidadão”, ressaltou o Ministério Público. 

DÍVIDAS E GASTOS

Como noticiado anteriormente pelo Correio do Estado, a Santa Casa de Campo Grande afirma ter gasto, mensalmente, quase R$ 1 milhão a mais do que recebeu considerando as internações de alta e média complexidade durante o ano passado, o que contribui com o deficit alegado em um balanço que foi divulgado este ano – de R$ 98,4 milhões durante o exercício de 2024.

Segundo documento que o Correio do Estado obteve com exclusividade, o hospital tinha um teto de R$ 46.907.889,12 para ser gasto em 2024 com internações de alta complexidade – serviços e procedimentos que exigem alta tecnologia, alto custo e infraestrutura especializada.

Santa Casa vem enfrentando problemas de falta de insumos, de repasse e de espaçoFeito por Denis Felipe com IA

Porém, a entidade ultrapassou em cerca de R$ 2,5 milhões deste montante, o que resultou em um gasto operacional de R$ 49.484.607,38.

De acordo com o orçamento anual de 2024 do governo do Estado, foram destinados R$ 1 bilhão de recursos somente para internação em unidades hospitalares, o que corresponde a 42,52% dos R$ 2,3 bilhões investidos na saúde ano passado.

Somente para a Santa Casa foram R$ 108,9 milhões no decorrer do ano, o que significou dizer que só ela recebeu 40% do total que foi aplicado para internações em Mato Grosso do Sul.

Para este ano, houve uma redução de cerca de R$ 90 milhões do recurso para internações em unidades hospitalares no Estado, ou seja, diminuiu para R$ 919 milhões. Entretanto, o destinado para a Santa Casa se manteve no mesmo patamar, mas, mesmo assim, a unidade tem reclamado por mais recursos.

Mesmo que o montante extrateto seja considerado alto, equivale a apenas 10,78% do deficit apresentado durante o exercício do ano passado.

De acordo com relatório anual divulgado pelo hospital em março deste ano, 2024 fechou com prejuízo de R$ 98,3 milhões, bem distinto do apresentado em 2023, quando fechou com superavit de R$ 27,5 milhões.

Ao longo dos anos, o deficit acumulado da Santa Casa soma R$ 514,8 milhões. Outro fator que ajuda a explicar a conta fechando no vermelho são os constantes empréstimos que a instituição faz.

Nos últimos anos, o maior empréstimo realizado foi feito em janeiro de 2024, quando a entidade pegou R$ 248 milhões na Caixa Econômica Federal (com taxa de juros mensal de 1,36%), quantia que foi utilizada para amortizar outros dois empréstimos que foram feitos anteriormente, uma estratégia utilizada para diminuir os juros.

A mais recente foi reportada pelo Correio do Estado no início do mês de novembro, quando foi adquirido R$ 5 milhões para auxiliar no pagamento de uma das cinco folhas salariais atrasadas com os 400 médicos, débito que acumula cerca de R$ 30 milhões.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre governo federal, Prefeitura de Campo Grande e governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Porém, o hospital alega que o valor não seria suficiente para suportar a demanda atual da unidade de saúde, além de não sofrer reajuste desde 2023.

 

*Colaborou Felipe Machado

Campo Grande

Sob multa de R$ 50 mil, dentistas recuam sobre greve na Capital

Decisão favorável à prefeitura postergou possibilidade de paralisação em duas semanas

17/12/2025 16h45

Assembleia da categoria realizada nesta quarta-feira (17)

Assembleia da categoria realizada nesta quarta-feira (17) Foto: Divulgação / Sioms

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Sob pena de multa diária de R$ 50 mil, a greve dos dentistas de Campo Grande, com início previsto para esta quarta-feira (17), foi temporariamente suspensa pela Justiça.  A suspensão do movimento grevista foi deliberada em assembleia realizada pela categoria nesta manhã. 

A paralisação dos cirurgiões-dentistas da rede pública municipal, que suspenderia por 30 dias os atendimentos em 44 postos de saúde da Capital, foi barrada judicialmente após um parecer favorável à prefeitura na noite desta terça-feira, decisão que sustenta a multa contra os sindicalistas. 

Apesar da interupção temporária do movimento paredista, o desembargador Luiz Tadeu Barbosa Silva confirmou que a Prefeitura de Campo Grande não está cumprindo as decisões judiciais, e a Justiça pode considerar o movimento grevista legítimo, caso a administração municipal não "entre na linha" dentro de 15 dias. Ou seja, na prática, o parecer apenas postergou a paralisação desta semana.

O desembargador confirmou que as decisões judiciais em favor dos sindicalistas não vêm sendo cumpridas de forma célere pela Prefeitura de Campo Grande, com registros de "dilação, advertências judiciais e imposições de medidas coercitivas no juízo de origem". 

“Nossa categoria respeita a Justiça, por isso decidimos suspender a paralisação, isso não significa que abrimos mão dos nossos direitos, nem que vamos recuar. Continuamos em estado de greve, cobrando que a Prefeita cumpra a ordem judicial para fazer o reposicionamento do plano de cargos e carreiras”, informou o presidente do Sioms, David Chadid.

Na ocasião, Chadid reforçou a legalidade do movimento. “Nós temos a convicção de que nosso movimento é legítimo e legal, pois seguimos todos os trâmites que a lei de greve determina, então nosso advogado pediu reconsideração da Justiça, demonstrando por meio de documentos que estamos fazendo o correto”, pontuou.

Imbróglio

No dia 15 de dezembro, o juiz da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Ariovaldo Nantes Corrêa, negou mais prazo para a implementação do reposicionamento do plano de cargos e carreira, determinando que em 15 dias a gestão municipal cumprisse os pagamentos sobre o plano de cargos e carreira da categoria, sob pena de triplicar a multa ao Executivo Municipal em caso de descumprimento, advertindo a prefeita, em caso de desobediência. 

“Ficando desde já advertidos de que o descumprimento injustificado da ordem judicial implicará na incidência das penas de litigância de má-fé sem prejuízo da responsabilização do gestor por crime de desobediência nos termos do que dispõe o artigo 26 da Lei nº 12.016/2009”, advertiu o juiz.

Cabe destacar que, conforme previsto em Diário Oficial, a administração municipal  deve entrar de recesso entre 22 a 26 de dezembro e  29 de dezembro a 2 de janeiro de 2026, em virtude das festividades de fim de ano. As partes tentam um acordo há mais de um mês. 

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