Cidades

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O pão maldito

O pão maldito

Redação

30/06/2010 - 07h33
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Em 1951, a pequena cidade francesa de Pont-Saint-Esprit – na época com 4,5 mil habitantes (hoje tem 10 mil) – viveu drama surrealista: um surto coletivo em que mais de 300 pessoas tiveram alucinações, 50 foram internadas em clínicas psiquiátricas e sete morreram ao comerem pão contaminado. Conforme depoimento de moradores mais antigos do vilarejo, era comum, na ocasião, ver pessoas saírem nuas à rua imitando cachorro, ou ficarem seis meses internadas num hospital psiquiátrico porque viam fogo por tudo, ou o pai que teve alucinações com uma orquestra, etc. Na ocasião, os moradores culparam pelo surto a farinha de trigo utilizada na produção do pão por uma padaria do lugar – a Briand – que, por sinal, teve que fechar suas portas alguns meses após o terrível incidente. Mas a verdadeira versão dos fatos pode ser outra. (Lúcia Müzell/Notícias Terra,01/04/2010).

Todo esse insólito episódio estaria fadado ao esquecimento se não fosse a publicação recente (2009) do livro do jornalista e escritor americano, Hank Albarelli Jr., intitulado,“Terrible Mistake”, ainda sem tradução para o português, e que breve se transformará em filme. Nele, ao investigar o misterioso assassinato do bioquímico da CIA, Frank Olson, em 1953, o autor descobriu que há uma forte ligação entre a morte do cientista americano e o lendário “caso do pão maldito” francês. Com base nisso, ele concluiu que o famoso episódio na pequena cidade francesa pode ter sido provocado deliberadamente pela agência de inteligência americana, que em plena “Guerra Fria” queria conhecer melhor os efeitos da recém-descoberta droga LSD sobre a mente humana.   
Em entrevista concedida ao site Terra (Lúcia Müzzel, 01/04/2010), Albarelli Jr. explica porque está tão certo da responsabilidade da CIA pelo surto de loucura em Point-Saint-Esprit: (...) “Havia duas bases americanas próximas àquela pequena cidade da França e a necessidade de se escolher uma cidade para a experimentação do LSD. E ela foi a escolhida”.(...) “Há relatórios que fazem menção ao fato de que a cidade era politicamente à esquerda, o que nos anos 50, plena Guerra Fria, não era bem visto pelos americanos, mas não sei se esse foi realmente o caso”. E como o LSD foi espalhado na cidade? (...) “Há uma série de documentos que falam em disseminar o produto na água ou em produtos alimentícios. Eu suponho que tenha sido através do pão, porque não há produto mais comum e que todo mundo consuma”. E por que uma padaria específica? (...) “Eu soube que a maior parte do pão contaminado saiu de uma padaria específica, e no início se acreditou numa contaminação por um fungo na farinha utilizada nesta padaria. Mas depois cientistas provaram que os efeitos não teriam sido os mesmos dos verificados nas pessoas atingidas. A CIA pode perfeitamente ter colocado o LSD na matéria-prima desta padaria”.

A mais contundente revelação feita pelo jornalista americano, porém, é quando ele diz que “não é coincidência o fato de que na semana seguinte ao incidente apareceram na pequena cidade francesa cientistas do laboratório suíço que tinha fornecido LSD para as experiências da CIA naquele ano, o Sandoz, responsável pela descoberta do LSD, em 1943”. “Eles não contaram nada disso para ninguém, eles mentiram sobre isso, porque sabiam o que estava acontecendo. Estavam suprindo a CIA e o Exército americano de LSD de 1949 até 1951, e depois retornaram com o fornecimento até 1953, quando os Estados Unidos decidiram contratar uma companhia farmacêutica americana (Eli Lilly) para produzir o LSD. O fato é que o Sandoz foi investigar o que aconteceu e eles foram uns dos que disseram que as pessoas tinham sido infectadas por veneno, mas eles sabiam que não era”. E conclui Albarelli Jr.: “As pessoas da cidade parecem acreditar que nunca vai se saber a real razão daquele surto. Eu acho que nós já sabemos”.

O desvendamento de casos como o do “pão maldito”, na pequena cidade francesa de Pont-Saint-Esprit, mesmo que tenha ocorrido ao acaso e tardiamente (59 anos depois!), é extremamente significativo por duas razões principais: primeiro, porque restabelece a verdade dos fatos e permite mesmo que simbolicamente (“in memorian”), a punição dos culpados pela morte e desequilíbrio mental de tantas pessoas inocentes. Depois, porque estimula a busca da verdade em outros acontecimentos históricos, que muitas vezes são apresentados à sociedade de forma não convincente ou até mesmo mentirosa! Qual seria, por exemplo, o desfecho do famoso caso da Escola de Base em São Paulo, se a verdade, mesmo que tardia, não viesse à tona? O que aconteceu de fato na morte de Ulisses Guimarães? E na de João Goulart na Argentina? Onde está a verdade no caso Motel? E no caso Semy Ferraz (“Operação Vintém”)?
E já que o momento é de Copa do Mundo de Futebol 2010, na África do Sul, que tal pesquisar as razões que levaram a delegação francesa, inclusive os jogadores, a surtarem na primeira fase do campeonato mundial em campos africanos? Será que o Zidane tem algo a ver com isso? Ou será que colocaram alguma substância estranha no pão deles? Que tal chamar o Sherlock Holmes para desvendar o mistério, hein?

 Hermano de Melo, Professor, Escritor e Acadêmico de Jornalismo

Networking

Evento reúne Pablo Marçal e João Doria em Campo Grande

A atividade, com enfoque em empreendedores e empresários, contará com a participação do ex-candidato à prefeitura e do ex-governador de São Paulo, no projeto que traz nomes conceituados no ramo dos negócios

29/10/2024 15h30

Reprodu

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Evento de empreendedorismo reunirá Pablo Marçal, João Doria e até um príncipe da Arábia Saudita entre os dias 6, 7 e 8 de dezembro em Campo Grande.

A reunião busca reunir empresários e empreendedores durante o Know How Experience, um projeto considerado um dos maiores do ramo na América Latina.

Marçal

Entre os nomes estão o ex-candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, natural de Goiás, que ficou conhecido como um dos principais influenciadores do país.

Durante as eleições de 2024, Pablo Marçal teve embates com os candidatos, sendo o mais conhecido o episódio em que afirmou que o também candidato tucano José Luiz Datena “não era homem” e acabou levando uma cadeirada.

 

Doria

Já João Doria ficou à frente do governo de São Paulo até o dia 31 de março de 2022, quando passou o bastão com a intenção de concorrer como candidato à Presidência da República, o que acabou não acontecendo.

No mandato como governador do estado de São Paulo, Doria comandou o movimento pró-vacina e durante o mandato dele o Butantan desenvolveu a vacina brasileira Coronavac contra a Covid-19.

Além disso, Doria é empresário, fundador do Grupo Doria e do LIDE, e chegou a apresentar o programa de televisão “O Aprendiz”.

Evento

Estão confirmados entre os palestrantes o príncipe Fahad bin Nasser Al Saud, que atua como promotor de Inovação e Empreendedorismo na Arábia Saudita.

Veja os outros palestrantes:

  • Peter Diamandis - Eleito pela Fortune como um dos "50 Maiores Líderes do Mundo";
  • Filipe Trindade - conhecido por ser jurado do reality show mundial "Meet the Drapers";
  • Carol Piffer - que possui expertise tanto em empreendedorismo quanto em educação;
  • Guilherme Lippert - cofundador e Gerente de Contas Chave da V4 Company;
  • Artur Horta - que possui graduação em jornalismo e em Ciências Econômicas pela UFMG e atua pela The Link;
  • William Tang - diretor de Operações do grupo Alibaba no Brasil;
  • Alexandre Baldy - fundador da Allbox Embalagens;
  • Filipe Sabará - fundador do Instituto ARCAH, Horta Social Urbana e Permavita Ambiental;
  • Kaio Poffo - fundador da inovadora pizzaria “Heróis da Pizza”;
  • Ronaldo Estima - que saiu de garçom para se alçar como empresário renomado;
  • Augusto Contijo - formando em contabilidade, comanda as empresas WA Contabilidade & Soluções Empresariais e Tudo Bem Contábil;
  • Mauro Nunes - CEO da MVPN Finance.

Serviço

Know How Experience
Data: 6, 7 e 8 de dezembro
Local: Bosque Expo em Campo Grande

Saiba mais do evento clicando aqui.

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ultima ratio

Juiz que denuncia colegas é visto como "câncer" por desembargador

Quem o classifica assim é o desembargador Marcos Brito, afastado pelo STJ.  "Quanto ao filho da puta de TL, ele não perde por esperar", ameaça outro magistrado

29/10/2024 14h17

Em conversa no watsapp, o desembargador Marcos Brito diz que

Em conversa no watsapp, o desembargador Marcos Brito diz que " O câncer de toda essa estória é aquele fdp do juiz de Três Lagoas"

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Autor de uma série de denúncias no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra supostos crimes cometidos por colegas magistrados de Mato Grosso do Sul, o juiz Rodrigo Pedrini Marcos, de Três Lagoas, é visto como um “câncer” pelo desembargador Marcos Brito, um dos cinco afastados por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no último dia 24. 

A revelação de que o juiz de Três Lagoas é mal visto pelos colegas aparece na transcrição de uma conversa pelo watsapp entre o desembargador Marcos Brito e o juiz Fernando Paes, no dia 5 de fevereiro de 2022. 

À época, o CNJ estava prestes a votar uma denúncia contra o juiz Fernando Paes Campos, que em novembro do ano passado foi promovido, por merecimento, a desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. 

“Bom dia. De qualquer forma, seja qual for o voto da ministra, verdade é que estão fazendo uma puta sacanagem com você Esquecí de perguntar: será que ela faz maioria pro voto dela? O câncer de toda essa estória é aquele fdp do juiz de Três Lagoas”, escreveu o desembargador Marcos Brito. 

O diálogo deixou claro que não era só o desembargador conhecido como Marcão que estava irritado com o colega que insiste em denunciar o mal feito. Além da ira, ele é alvo inclusive de uma espécie de ameaça. 

 “Quanto ao filho da puta de TL, ele não perde por esperar”, respondeu o agora desembargador Fernando Paes, conforme mostram as transcrições feitas pela Polícia Federal, que conseguiu a quebra do sigilo telemático de Marcão. 

Fernando Paes fora denunciado porque, segundo Rodrigo Pedrini, havia ajudado pessoalmente a desembargadora Tânia Borges a tirar da cadeia de Três Lagoas o filho que havia sido preso em flagrante com centenas de munições e 230 quilos de maconha.

Em abril de 2022 o CNJ abriu investigação contra Fernando Paes. Em novembro do mesmo ano, ele foi absolvido e exatamente um ano depois foi promovido a desembargador. A desembargadora Tania Borges, porém, foi demitida a bem do serviço público, em outubro de 2021. 

A prisão do filho da desembargadora foi em 2017 e a demissão, quatro anos depois, somente ocorreu porque o juiz Rodrigo Pedrini fez a denúncia e ficou insistindo na abertura de processo no CNJ. 

Fernando Paes, que à época atuava no TJ como assessor da presidência, acompanhou pessoalmente a desembargadora na viagem de Campo Grande a Três Lagoas, cidade na qual já havia trabalhado e por conta disso tinha “portas abertas” no sistema prisional.  A cúpula do TJ ajudou na defesa do magistrado durante as investigações no CNJ, onde foi absolvido por unanimidade. 

MEGATRAFICANTE

O mesmo “câncer” foi o autor das denúncias que resultaram na abertura de investigação contra o desembargador Divoncir Maran, que supostamente recebeu propina para colocar em liberdade o traficante Gerson Palermo, em abril de 2020. O traficante de cocaína estava condenado a 126 anos de prisão. A libertação foi revogada no dia seguinte, mas ele está foragido até hoje.

Divoncir chegou a ser afastado do cargo em fevereiro deste ano, mas logo depois, em abril, completou 75 anos e se aposentou. Com isso, o caso dele no CNJ acabou não sendo julgado. Em conversa transcrita na operação Ultima Ratio, uma juíza de Aquidauana revela que a Amamsul atua para travar as investigações no CNJ. Divoncir voltou a ser alvo de operação da PF na Ultima Ratio, na semana passada. 

PROPINA

Aqueles diálogos nada típicos entre dois magistrados apareceram na investigação de agora porque existe a suspeita da Polícia Federal de que o desembargador Marcos Brito tenha recebido propina. 

“Na sequência, apresentaremos as mensagens entre MARCOS BRITO e ANDRESON GONÇALVES (proprietário da empresa que transferiu mais de R$ 1 milhão para o Advogado FELIX JAYME, suspeito de compra de decisões de vários desembargadores do TJMS, incluindo MARCOS BRITO, tendo FELIX sacado em espécie grande parte de tal valor)”, diz trecho do documento oficial que traz detalhes das investigações. 

Embora não revele detalhes, a investigação informa que Marcos Brito teria recebido propina para garantir a vitória judicial de Andreson Gonçalves em “um conjunto de processos com valor da causa de mais de R$ 64 milhões” 

Este Andresson, dono de quatro empresas e sócio de uma quinta, por sua vez, é amigo também de um ministro do STJ que tem voto no Conselho Nacional de Justiça. A Polícia Federal acredita que o desembargador Marcos Brito estivesse tentando influenciar na votação no CNJ com a ajuda deste empresário lobista. 

“Aparentemente eles conversam sobre um processo que FERNANDO PAES estaria sofrendo no CNJ. Contudo não fornecem maiores detalhes. É possível que pretendessem que ANDRESON os ajudasse de alguma forma, pois, além de MARCOS BRITO passar o contato deste, FERNANDO PAES cita o “CONS BANDEIRA”, aparentemente o mesmo conselheiro com o qual ANDRESON afirmou ter contato direto (vide acima - ressaltando novamente que tal conselheiro não se encontra sob investigação, nem há elementos de atuação criminosa dele)”, diz trecho da investigação.  

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