Cidades

SAÚDE

ONG recordista de verba presta serviço precário em Dourados

Em 2019 foram assinados convênios no valor de R$ 262 mi

ESTADÃO CONTEÚDO

30/06/2019 - 14h01
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As condições precárias nos postos de saúde das aldeias indígenas de Dourados, a 230 km de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, contrastam com o enorme volume de recursos públicos destinados ao atendimento médico dos cerca de 17 mil índios das etnias terena, kaiowá e guarani que vivem naquela região.

Responsável pelo serviço complementar de saúde indígena deste e de outros três Estados - Acre, Amazônia e Roraima -, a ONG Missão Evangélica Caiuá é a recordista em repasses federais por meio de convênios nos seis primeiros meses do governo Jair Bolsonaro, superando Estados e municípios nas chamadas transferências voluntárias de dinheiro. 

Dados do portal Transferências Abertas, alimentado pelo governo, mostram que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, assinou, em janeiro deste ano, nove convênios no valor total de R$ 262 milhões com a ONG controlada pela Igreja Presbiteriana do Brasil, quantia que representa quase metade dos R$ 603 milhões em convênios assinados por Bolsonaro neste primeiro semestre.

Os repasses foram endossados pelo governo a despeito das críticas feitas pelo próprio ministro ao serviço prestado no Mato Grosso do Sul, seu Estado de origem e pelo qual foi deputado federal por dois mandatos (2011-2018). Em uma reunião do Conselho Nacional de Saúde, em janeiro, duas semanas após ter assinado os convênios, Mandetta disse que a ONG recebia o maior volume de recursos e tinha os piores índices de atendimento da saúde indígena, que custa R$ 1,4 bilhão ao ano. 

Só para o Mato Grosso do Sul, onde a missão atende 83 mil índios de 99 aldeias, são R$ 49,6 milhões no ano, dos quais 90% são para pagar os salários de 762 funcionários, entre médicos, que ganham R$ 16,7 mil por mês; enfermeiros (R$ 7,9 mil); e agentes indígenas de saúde (R$ 1,2 mil). Todos selecionados pela entidade. Há ainda repasse de R$ 3 milhões para serviços de consultoria e R$ 1,8 milhão para despesas com alimentação, combustível, diárias, passagens e materiais didáticos.

A terra indígena de Dourados, onde fica a sede da ONG, é o principal polo de atendimento dos povos nativos do Estado. Na quinta-feira passada, a reportagem do Estado visitou a região e encontrou os dois maiores postos de saúde em situação considerada "deplorável" pelos próprios funcionários, com portas arrombadas e tapumes no lugar de janelas, uma única viatura sem combustível para atender as aldeias, falta de remédios e de equipamentos para exames.

"É preciso ir até a cidade fazer o exame e esperar. No meu caso, o resultado ainda veio errado, pois fiz exame da coluna e veio como gordura no fígado", disse a kaiowá Maurícia Fernandes, de 67 anos. A falta de medicamentos e de transporte público levou Vania Alzira da Silva, de 25 anos, a caminhar cinco quilômetros com o filho de três anos para comprar remédio em uma farmácia na zona urbana.

Já o guarani Isaías Bertolino, 48, aguarda desde 2006 uma tomografia no cérebro. "Também pedi um exame por estar com dor no intestino, mas foi marcado para um ano depois. Quando chegou o dia, eu já tinha me curado com remédio caseiro."

Como a maior parte do atendimento é domiciliar, muitos dos profissionais da ONG ficam ociosos devido à falta de viaturas e de combustível. Na manhã da última quinta, a reportagem se viu na contingência de oferecer carona para uma equipe que era esperada, em casa, por um paciente. 

Os repasses vultosos para a Missão Evangélica Caiuá não começaram agora na gestão Bolsonaro. Dados do Portal da Transparência, do governo federal, mostram que a entidade recebeu R$ 2,1 bilhões nos últimos cinco anos, durante os governos Dilma Rousseff e Michel Temer. Até o ano passado, a ONG fornecia profissionais a 19 dos 34 distritos sanitários indígenas espalhados pelo Brasil. Com o novo edital de 2018, o número caiu para nove. 

Criada em 1928, a entidade mantém também o Hospital Porta da Esperança, uma escola municipal e um instituto de estudos bíblicos em sua chácara contígua à reserva indígena. "A serviço do índio, para a glória de Deus" é o slogan da ONG. O reverendo Benjamin Benedito Bernardes, secretário executivo da entidade, disse que o hospital não recebe "um centavo" do convênio com o Ministério da Saúde e que funciona com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), da Prefeitura de Dourados, da igreja e de doações. "Se a gente tivesse todo esse recurso que dizem, seríamos um hospital de primeiro mundo, mas essa não é a nossa realidade", afirmou. 

Auditoria. O volume de dinheiro repassado à Missão Evangélica Caiuá e outras duas entidades, de São Paulo e Pernambuco, que também prestam esse serviço motivou a Controladoria-Geral da União (CGU) a fazer uma auditoria nos contratos. Em relatório publicado em 2016, o órgão apontou "ausência de procedimentos e rotinas para avaliação da prestação de serviços", "inexistência de procedimento de atualização das metas e indicadores do convênio" e funcionários da missão desempenhando outras atividades. De acordo com os técnicos da Controladoria, uma nova fiscalização está em andamento e deve ser concluída em março de 2020.

O coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Lindomar Ferreira da Silva, disse ter recebido denúncias de funcionários fantasmas na missão durante o período em que foi coordenador do distrito sanitário no Mato Grosso do Sul, em 2016 "A gente denunciou essa situação e eu soube que eles até afastaram algumas pessoas da missão. Pelo valor que recebem, eles tinham obrigação de atender melhor o povo indígena", afirmou o coordenador.

Governo diz que agiu para não interromper serviço

O Ministério da Saúde afirmou, por meio de nota, que assinou os convênios com a Missão Evangélica Caiuá neste ano por orientação do Ministério Público para evitar a interrupção dos serviços de saúde nas aldeias indígenas, mas que "avalia que a assistência indígena precisa ser reformulada para qualificar esse atendimento".

A pasta informou ainda fiscalizar todos os 34 distritos sanitários indígenas e que deve apresentar até o fim de agosto os resultados desse monitoramento e as propostas para solucionar os problemas detectados.

O ministério afirmou que não recebeu registro recente de falta de médicos, medicamentos e combustível para viaturas de emergência, mas que "acompanha todas as queixas dos povos indígenas relacionadas ao atendimento em saúde e sempre busca solucioná-las o mais rápido possível".

Já os dirigentes da Missão Evangélica Caiuá afirmaram que só assumiram a gestão de saúde nos distritos onde não havia outras entidades interessadas e que não são os responsáveis pela estrutura dos postos, veículos e medicamentos. "Nossa finalidade é médico, enfermeiro e outros profissionais. A falta de estrutura também nos prejudica, pois derruba o índice de atendimentos. A gente sabe que a gasolina, comprada por Brasília, dá para 20 dias. Nos outros dez, o atendimento fica prejudicado", disse o reverendo Ildemar Berbet. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

TRANSTORNO

Voo de Londres da British Airways chega ao Brasil sem bagagens

Companhia disse que várias malas de passageiros não puderam ser carregadas na aeronave devido a um problema técnico no Aeroporto de Heathrow

12/01/2025 20h00

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Um avião da British Airways vindo de Londres, na Inglaterra, chegou ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, no sábado, 11, com os passageiros, mas sem as suas respectivas malas. Nas redes sociais, muitos reclamaram da falta de organização da empresa.

"Vocês só tem dois trabalhos - embarcar os passageiros e as malas, e conseguiram falhar com todas as malas do voo", consta em uma das publicações.

De acordo com a British Airways, várias malas de passageiros não puderam ser carregadas na aeronave devido a um problema técnico no Aeroporto de Heathrow, em Londres.

"Pedimos desculpas aos nossos clientes", disse a empresa em comunicado enviado na manhã deste domingo, 12. "Suas bagagens chegaram no voo seguinte, esta manhã", informou a companhia.

Coxim

Em 48 horas, dois homens morrem em acidentes envolvendo trator

Os dois casos foram registrados em Coxim; vítimas tinham 54 e 62 anos

12/01/2025 18h05

Acidente mais recente aconteceu na manhã deste domingo (12)

Acidente mais recente aconteceu na manhã deste domingo (12) Reprodução: Coxim Agora

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Na última sexta-feira (10), Cicero Santana de Araújo, de 54 anos, morreu atropelado pelo trator que operava em uma fazenda. Na manhã deste domingo (12), Ari Gomes de Brito, de 62 anos, morreu "esmagado" pelo trator que ele conduzia

Os dois casos foram registrados no município de Coxim, na região norte de Mato Grosso do Sul, e com menos de 48 horas entre um e outro. Ambos os acidentes estão sendo investigados pela polícia.

Primeiro caso

O primeiro acidente, que vitimou Cicero Santana de Araújo, de 54 anos, aconteceu enquanto ele trabalhava em uma fazenda. Ele teria caído do trator, que passou por cima de seu corpo.

Conforme noticiou o portal "Coxim Agora", ao registrar o Boletim de Ocorrência, o filho da vítima relatou que o terreno íngreme do local pode ter causado o acidente, já que o homem já havia conversado com a família sobre a dificuldade encontrada nesse tipo de terreno durante o trabalho.

Ainda na delegacia, ele afirmou estar em contato com o proprietário da fazenda, que contratava os serviços de Cícero, para entender as circunstâncias do acidente.

Segundo caso

Ari Gomes de Brito, de 62 anos, morreu na manhã deste domingo (12) após o trator conduzido por ele cair de um barranco na Estrada Transpantaneira, em Coxim.

O idoso teria perdido o controle do equipamento, que tombou na lama e ficou com as rodas para cima, o esmagando. Para fazer o resgate do corpo, os bombeiros precisaram utilizar um outro trator para remover o que estava "atolado".

Acidente mais recente aconteceu na manhã deste domingo (12)Reprodução: Coxim Agora

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