O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou nesta quarta-feira (9) a Operação Blindspot. A ação teve como alvo uma organização criminosa voltada ao tráfico interestadual de drogas e resultou no cumprimento de 37 mandados de prisão preventiva e 30 mandados de busca e apreensão.
As ordens judiciais foram cumpridas nos municípios de Campo Grande, Corumbá, Dourados e Ladário (MS), além de cidades nos estados de São Paulo e Minas Gerais: Caiuá, Campinas, Mairinque, Mirandópolis, São José do Rio Preto, São Paulo (SP) e Uberaba (MG).
As investigações tiveram início em setembro de 2024, quando um caminhoneiro de 44 anos foi preso ao transportar entorpecentes escondidos em cilindros de oxigênio. A abordagem ocorreu após o setor de inteligência do Gaeco identificar o veículo trafegando pela BR-262. O motorista foi parado por volta das 17h e demonstrou nervosismo ao ser questionado sobre a mercadoria.
Segundo as informações na época, ele afirmou ter feito um "bate e volta" até Corumbá para buscar a carga. Durante a inspeção, os policiais constataram que os cilindros, supostamente vazios, faziam barulhos incomuns.
Um dos equipamentos foi aberto e tabletes de drogas foram localizados. O caminhão foi levado ao 6° Grupamentos do Corpo de Bombeiros, onde onze cilindros foram abertos. Dentro deles estavam 146,8 quilos de cocaína, 267,9 quilos de pasta-base, 7,5 quilos de haxixe marroquino e 2,2 quilos de skunk.
O motorista foi preso em flagrante e encaminhado para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Cepol em Campo Grande. Já o veículo foi levado à Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar). A apreensão foi o ponto de partida para as investigações que revelaram a estrutura do grupo criminoso.
De acordo com o Gaeco, a quadrilha atuava com logística própria, baseada no aliciamento de motoristas do transporte rodoviário de cargas, que recebiam dinheiro para realizar o transporte clandestino de drogas escondidas entre cargas ilícitas. Além dos caminhoneiros, um policial penal foi identificado entre os integrantes do grupo.
A organização se aproveitava de "pontos cegos" da fiscalização para ocultar os entorpecentes. A droga era camuflada em mochilas, estepes, caixas e até mesmo dentro de cilindros adulterados para transportar o material ilegal entre cargas lícitas.
O nome da operação, “Blindspot” (em tradução livre, ponto cego), faz referência justamente à forma estratégica com que os entorpecentes eram escondidos para escapar da fiscalização nas estradas.
Durante o cumprimento dos mandados, o Gaeco contou com apoio do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), ambos da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul.
As investigações continuam sob sigilo para apuração dos demais envolvidos e possíveis ramificações do esquema.


