Através das redes sociais, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lamentou a morte de Vitor Fernandes, indigena vítima de "uma violenta e ilegal ação de despejo praticada pela Polícia Militar (PM)", segundo o órgão.
Ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Cimi estendeu solidariedade à comunidade Kaiowá e Guarani do tekoha Guapo’y, além dos familiares da vítima.
Ainda, eles apontam que convocaram as autoridades, para que ações urgentes e efetivas sejam tomadas para resguardar as comunidades Guarani e Kaiowá.
Conforme nota, ainda ontem (25) três indígenas foram liberados de internação do Hospital Regional de Amambai.
Ainda assim, pelo menos quatro ainda se encontram em estado de maior atenção, inclusive com ferimentos por arma de fogo na cabeça e em outras regiões vitais do corpo.
Também, a nota ressalta que um dos indígenas feridos foi transferido e se encontra na Unidade de Terapia Intensiva de Ponta Porã.
"Devido à desproporcionalidade e à truculência da ação policial, denominada pela Aty Guasu – Grande Assembleia Guarani e Kaiowá como “massacre de Guapo’y”, as lideranças ainda buscavam até este sábado por mais possíveis mortos e feridos, o que não se confirmou", destaca o texto.
Frisando que a operação aconteceu sem autorização judicial, a nota afrima que a ação expõe a preferência do Estado em defender o agente invasor, no caso o agronegócio, o capital , a morte e a barbárie.
Conforme apurado pelo mídia local, indígenas relataram que o "cenário de guerra" se estendeu por cerca de três horas.
Conhecida como Guapo'y, criada em 1915, a Terra Indígenas Amambai é considerada uma das mais antigas do Estado, homologada como pertencente aos povos originários em 1991.
Segundo o relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil (CIMI 2017), só em 2016 ocorreram 118 mortes entre a população indígena. Destes, 47% estavam em Mato Grosso do Sul.
Para o povo Guarani-Kiowa, não há vida fora de suas terras, como afirma artigo publicado no portal da Universidade de Cambridge.
Sua existência, cosmologia e bem-estar estão diretamente relacionados à terra e, sendo que o Estado organiza ataques constantes em terras indígenas, está assim, efetivamente, promovendo uma agenda anti-indígena e genocida.
Resultado da ação de sexta-feira, três menores de idade, de 12, 14 e 17 anos (internados em Ponta Porã), estão entre os indígenas feridos, sendo que a mais nova teve lesões por arma de fogo no fígado e está intubada.
"É um absurdo que a questão indígena não seja tratada como prioridade no Estado que tem a segunda maior população indígena do país. Enquanto o Estado não tomar para si a responsabilidade pela questão agrária, só teremos dor e sofrimento", apontou a vereadora Camila Jara, através de suas redes.




