Gratidão pela mãe, Nossa Senhora Aparecida. É assim que Francisca Ires Bezerra Alves, de 72 anos, devota da Padroeira, estende o testemunho de mais uma graça alcançada em uma caminhada de anos lutando contra o câncer.
Desde criança participando da congregação, cerca de 25 anos nas pastorais e na Renovação Carismática Católica (RCC), Ires, como é conhecida entre amigos e familiares, nunca mais se afastou da comunidade e mergulhou profundamente nos preceitos da Igreja Católica Apostólica Romana.
"A Ires entrou na Renovação Carismática Católica e teve um encontro pessoal com Jesus. Recebeu o batismo no Espírito Santo e aquela força que Jesus sempre prometeu aos apóstolos e a todos os que creem. Depois desse momento, a vida dela não foi mais a mesma. Ela mudou, ficou uma pessoa totalmente transformada, totalmente entregue", contou a irmã Francisca Irlane Nunes.
A mulher de sorriso fácil e comportamento acolhedor viu a vida ser transformada ao ter um encontro com Cristo e conhecer o amor de Nossa Senhora Aparecida, participando de vários ministérios e pastorais, sem nunca abandonar a devoção ao santo terço e às missas, que passaram a ser diárias até que começou a auxiliar no Ministério da Eucaristia.
"Ela foi firme na fé e continuou. Por toda essa firmeza em sua vida, a família foi sendo restaurada, porque, ao iniciar esse processo de conversão, ela os levou junto. Mais adiante, recebeu os frutos de todo esse momento. Eu acompanhei toda a trajetória desde o início, desde quando ela entrou para a Renovação. Posso dizer que ela fez uma entrega total da sua vida a Deus. Estava sempre de prontidão ao chamado e deu o seu ‘sim’. O que posso dizer é que ela deu o ‘sim’ de Maria, o sim verdadeiro para Deus", relatou Irlane.
Mesmo na adversidade de um câncer que retornou, uma luta que perdura por aproximadamente 13 anos, sendo esse o quarto. A fé nunca arrefeceu; o sorriso se manteve firme, e ela, que sempre orou pelos enfermos, servia na igreja como ministra da Eucaristia, entre outras tantas atividades, enfrentou tudo com coragem, como Maria: “Eis aqui a serva do Senhor”.
Ires, Ministra da Eucaristia na Paróquia Nossa Senhora Aparecida / Reprodução Redes SociaisTratamento
Durante uma sessão de quimioterapia, começou a sentir falta de ar e apagou ao sofrer uma insuficiência cardíaca, em junho deste ano, sendo levada ao Centro de Terapia Intensiva (CTI) da Santa Casa de Campo Grande, onde ficou intubada em estado grave.
"Ela chegou a receber a cura de um câncer, mas, infelizmente, depois de oito anos, a doença voltou, e ela continuou a luta. Nunca a vi desanimada. Lógico que existiram momentos em que a carne fala, porque você sente. Enfim, às vezes temos altos e baixos", contou Irlane e completou:
"Na última vez, durante a quarta sessão de quimioterapia que ela fazia, devido a todos esses anos de tratamento, o corpo já estava fragilizado. Ela também tinha um probleminha no coração e, nessa última sessão, não aguentou, não resistiu. Precisou ser intubada e ficou oito dias sedada. E eu posso te falar que ela é um milagre. É um milagre".
Da esquerda para a direita: Bruno segurando a cachorrinha Belinha, Ires, Adalberto, a netinha Louise, e Renato / Reprodução Redes SociaisFamília Unida em Deus
Casada com Luis Adalberto Alves (o Pacu), de 76, com quem teve dois filhos, Renato Bezerra Alves, de 45 anos e Bruno Bezerra Alves, de 43 anos, a família que está inserida na comunidade seguindo os passos da matriarca passou pela provação.
Trabalhando em Itapema (SC), o gerente de projetos e filho caçula, Bruno, recebe um telefonema, é uma ligação do irmão mais velho Renato, que contou que a situação de saúde da mãe era grave.
Cerca de 1.207 quilômetros de distância de Campo Grande, comunicou o superior na empresa da situação da mãe e todos foram solícitos, entendendo como expressou nas palavras dele “mãe a gente só tem uma”.
A empresa agenciou a passagem para Campo Grande, e na janela de distância, mantendo os pensamentos e orações, ele chegou na Capital no dia 12 de junho.
"No hospital, na hora em que eu a vi inchada daquele jeito, intubada, eu falei: 'Agora já era, né? Agora não tem volta, não'. Orei e falei com Deus que, se fosse da vontade dele, que tudo corresse bem e que ela não sofresse", contou Bruno.
A família iniciou uma maratona de visitas, em que todos que passavam pelo hospital faziam uma oração, além de se revezarem nos cuidados com o pai, que não podia ser deixado sozinho em casa diante daquela situação.
"Meu pai começou a me pedir para ir à missa, e eu o levava. Falei pra ele: 'Pai, o que tiver que ser, será. Mas Deus é muito bom, se ela ficar na Terra, é porque ainda tem algo a completar'. E eu sempre em oração, pedindo a Nossa Senhora que continuasse abençoando nossa família", lembrou Bruno.
Em busca do milagre
O quadro de saúde se agravou quando os médicos constataram que ela estava com uma broncopneumonia. Nesse momento, os intensivistas faziam seu trabalho sem desistir, mas precisaram informar à família que a situação era delicada.
"Visitei ela no hospital. Estava irreconhecível, entre a vida e a morte. O médico não veio me atender; um técnico de enfermagem disse que ali só um milagre, só a fé. E como, desde criança, aprendi a ter fé com ela, que sempre foi meu maior exemplo, pensei comigo: se é para ter fé, eu tenho. E ali comecei a orar por ela, dentro da UTI. Senti uma paz muito grande", contou Renato.
Ao deixar o hospital, iniciou uma peregrinação para contatar as comunidades, padres e todos que conhecia dos grupos de oração, para que houvesse uma corrente de fé. "Porque, se era pela fé, então busquei pessoas que tinham fé para orar por ela".
De repente, a serva que doou a vida fazendo orações pelos enfermos em hospitais, pregando em grupos de oração e retiros, e espalhando as graças alcançadas por meio de Jesus Cristo se viu do outro lado.
Em uma cama de hospital, entubada, enquanto “ave-marias” e “santa-marias” eram puxadas por todos os amigos que fez dentro da igreja ao longo desses anos de caminhada, arrastando inclusive familiares que não tinham o costume de rezar e amigos que haviam se distanciado da fé.
Ministros da Eucaristia / Reprodução Redes SociaisIres, que participou por muitos anos do grupo de oração da igreja Perpétuo Socorro, frequenta a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Planalto, tanto na igreja matriz quanto em outras comunidades deixando um rastro de amor por onde passou, teve formada em torno dela uma verdadeira corrente de oração.
"E as coisas foram acontecendo, dia após dia, até que houve um momento em que, orando por ela, tive uma visualização de Nossa Senhora no lugar de todas aquelas aparelhagens. Ali, senti uma grande calmaria, porque tive certeza de que, pela intercessão de Maria, de quem minha mãe é devota, e nós também, pela fé que temos na intercessão dela, ela esteve ali o tempo todo", testemunhou Renato.
"Tua fé te salvou"
Com o auxílio dos médicos e das vozes de fé que elevaram suas palavras ao Senhor, aquela que deixaria o hospital somente pela graça de Deus, teve o clamor das orações ouvido.
"Deus resgatou ela, né? Pela nossa fé, perseverança e oração, por não termos desistido. Então, Deus não só resgatou ela, mas fortaleceu a vida de cada um de nós, que pudemos presenciar essa graça na vida dela e na nossa também. A luta continua, mas o milagre aconteceu, porque ela era tida ali praticamente como morta. Como o técnico de enfermagem me disse no primeiro momento, seria só pela fé. Quando os médicos e a equipe médica dizem isso, a gente sabe que, pela ciência, não há mais o que se fazer, só depender da ação divina. E ali, Deus realizou a ação dele na vida dela", concluiu Renato.
Trecho da palavra retirado do Facebook de Ires / Reprodução Redes Sociais"Nas mãos do Senhor"
Pela resiliência daqueles que têm fé e nunca deixam de colocar a esperança no colo de Nossa Senhora Aparecida, contrariando o prognóstico do que a medicina podia fazer, Ires recebeu alta e voltou para casa.
Próximo ao Dia dos Pais, passou por outra provação: sofreu um infarto. Da UPA Vila Almeida, seguiu para a Santa Casa, onde passou por um procedimento para colocar stents no coração.
De pé, com a vontade de Cristo, agora está em casa, recuperando-se aos poucos.
O impossível aqui. Ele já realizou
Irmãs em Cristo, como costumam se chamar, Maria Aparecida Pires Gonçalves Ferreira, de 72 anos, que iniciou a caminhada junto com Ires, contou que a vida dela é um verdadeiro testemunho da fé e da misericórdia de Deus na vida dos seus filhos.
"Testemunhei tudo o que ela passou e continua passando, com o mesmo sorriso nos lábios, a mesma paz no olhar e o mesmo amor caridoso por todas as pessoas. Há uma passagem bíblica que tem muito a ver com tudo o que ela vive. A passagem de Gálatas, que diz assim:
‘Fui crucificado com Cristo; assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.’" relatou Maria Aparecida e completou:Esta é a realidade da Ires: ela está vivendo pela fé em Jesus Cristo, em meio a todas as batalhas das enfermidades, e chegou a esse ponto em que pode dizer e proclamar, porque eu proclamo, que a vida dela, a vida que ela vive agora, é pela fé no Filho de Deus, que a amou e se entregou por ela. Hoje, em resposta, ela se entregou e abraçou a cruz do sofrimento junto com Jesus. Então, como ninguém, ela pode dizer: ‘Já não sou eu quem vivo, é Cristo que vive em mim’".
Imagem de Jesus Cristo Misericordioso e Ires que nunca deixou de crer / Reprodução Redes Sociais"Eis que faço nova todas as coisas"
"Agradeço a Deus, aos meus familiares e a todas as pessoas que oraram por mim, de todas as paróquias, e a todos os amigos que estiveram unidos pela fé em grande oração. Agradeço porque Deus ouviu todas as preces que foram feitas e, mais uma vez, me colocou de pé. Estou aqui, lutando. Quero agradecer também, em especial, à intercessão de Nossa Senhora Aparecida, que sempre tem socorrido a mim, à minha família, aos meus familiares e aos meus amigos quando necessitam. Obrigada, mãezinha, por tanta graça recebida", disse Ires, que segue em tratamento e sempre em comunhão com Deus.




