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Covid-19

Pacientes processam plano por remédio contra Covid-19 não pago na internação

Alguns dos remédios são usados fora da bula (off-label) na internação e, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar, não têm cobertura obrigatória

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Diante da negativa de planos de saúde em cobrir gastos hospitalares com medicamentos usados no tratamento da Covid-19, pacientes têm ingressado com ações judiciais para que as operadoras arquem com despesas que ultrapassam R$ 30 mil.

Alguns dos remédios são usados fora da bula (off-label) na internação e, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), não têm cobertura obrigatória. 

Mas há jurisprudência favorável aos pacientes. Outros estão aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e devem ser cobertos.

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Segundo a Folha apurou com gestores de hospitais privados de São Paulo, o imbróglio envolve principalmente dois medicamentos: o antiviral remdesivir, aprovado pela Anvisa desde março para uso na Covid-19, e o anticorpo monoclonal tocilizumabe, indicado para artrite reumatoide e ainda sem aprovação no Brasil para o coronavírus.

Não há um levantamento do número de ações contra os planos, mas quatro escritórios de advocacia de São Paulo contabilizam ao menos 120 casos desde o início do ano, entre ações ingressadas na Justiça e acordos extrajudiciais.

No caso do remdesivir, a Anvisa aprovou a indicação para pessoas com quadro de pneumonia e que precisam de suporte de oxigênio, mas não para aqueles que estejam em ventilação mecânica, por exemplo. São situações como essa, fora da indicação, que têm provocado mais embates judiciais.

Segundo a médica intensivista Suzana Lobo, presidente da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), o remdesivir tem demonstrado diminuição do tempo de ventilação mecânica do paciente internado com Covid-19. 

"Quanto mais precoce o uso, melhor. A impressão clínica é uma melhora mais rápida."

A aposentada Célia, 65 -o nome é fictício porque ela disse que não quer se indispor com o plano de saúde–, conta que viveu momentos de muita angústia quando viu o filho de 42 anos internado às pressas na UTI, com níveis de oxigenação abaixo de 50%, devido à Covid. A internação durou um mês, metade na UTI.

"Ele estava com os dois pulmões muito comprometidos, chegou a ser intubado. Começou a medicação [remdesivir] e foi melhorando dia após dia até sair da UTI."

Na alta hospitalar, porém, veio a surpresa: uma conta de R$ 33 mil, porque o plano de saúde não pagou o medicamento. 

"O plano faz a jogada dele. E a gente corre atrás dos nossos direitos", diz. Por meio de um escritório de advocacia, ela fez um acordo extrajudicial, e a dívida já foi quitada.

Já o medicamento tocilizumabe obteve autorização da FDA (agência reguladora de medicamentos e alimentos nos Estados Unidos) para uso de emergência em tratamentos de pacientes hospitalizados com quadros graves de Covid-19. 

A autorização foi baseada nos resultados de quatro estudos com mais de 5.500 pacientes hospitalizados.

Segundo Suzana Lobo, que participa de várias pesquisas sobre drogas para a Covid no uso hospitalar, o medicamento vem sendo utilizado em conjunto com o corticoide. 

"Usamos em casos moderados que estejam evoluindo com piora clínica. Há médicos que utilizam frequentemente e relatam uma boa experiência."

Mas o uso não é consenso. Estudo de janeiro deste ano feito pela Coalizão Covid-19, aliança que reúne vários hospitais e redes de pesquisa, revelou que o remédio não se mostrou melhor do que o tratamento padrão sozinho em pacientes internados com quadros graves da doença. Segundo pesquisadores, houve um aumento do número de mortes no período de 15 dias em pacientes recebendo tocilizumabe, resultando na interrupção precoce do estudo.

Muitos médicos, explica Lobo, temem eventuais infecções oportunistas que possam acometer o paciente com o uso do remédio. 

"Na minha impressão, o que ocorre é que já usamos a droga em pacientes com acometimento pulmonar muito grave e, é claro, quando eles complicam, têm mais infecções oportunistas."

O aposentando Antonio, 66, fez uso do tocilizumabe durante internação na UTI por Covid-19. Segundo ele, foi a última alternativa antes da intubação. Ele foi avisado de que o plano não cobriria a medicação.

"Mas você está lá na UTI deitado, sabe que o remédio pode dar certo, é claro que eu autorizei. De três a quatro horas depois, eu já comecei a me sentir melhor."

Já de alta hospitalar, recebeu o boleto do hospital no valor de R$ 10,5 mil. "Liguei para tentar negociar com o meu convênio, mas, nessas horas, ninguém te atende."

Depois de ingressar com uma ação judicial, conseguiu fazer acordo com o plano, que quitou a conta hospitalar.

De acordo com a advogada Renata Vilhena, especialista em direito da saúde, no caso do remdesivir, qualquer recusa do plano é abusiva porque o medicamento está aprovado pela Anvisa, e as operadoras devem oferecer a cobertura integral em ambiente hospitalar, como determina a Lei dos Planos de Saúde.

No caso do tocilizumabe, segundo ela, existe uma farta jurisprudência mostrando que, mesmo no uso off-label, se houver uma justificativa e estudo clínico demonstrando eficácia e segurança, o plano tem que cobrir.

Suzana Lobo pondera, no entanto, que os recursos são finitos e é preciso avaliar a relação de custo e efetividade no uso dessas medicações sem aprovação na Anvisa.

"Os estudos de fase 3 e 4 vão acabar respondendo quais drogas trarão o maior benefício ao paciente. Operadoras e médicos devem procurar juntos o melhor caminho."

Em nota, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) diz que são de cobertura obrigatória os medicamentos registrados pela Anvisa desde que a indicação de uso conste na bula do medicamento.

No caso do remdesivir, a agência explica que ele está indicado para o tratamento da Covid-19 em "adultos e adolescentes (com idade igual ou superior a 12 anos e com peso corporal de, pelo menos, 40 kg) com pneumonia que requerem administração suplementar de oxigênio (oxigênio de baixo ou alto)".

"Se prescrito pelo médico assistente durante a internação e atendidas as condições definidas na bula, será de cobertura obrigatória."

Já o tocilizumabe é indicado no tratamento de alguns tipos de artrites, como a reumatoide grave ativa, moderada a grave, e a idiopática juvenil. 

"O medicamento tocilizumabe não tem indicação de uso para o tratamento da Covid-19 em sua bula. A indicação para este fim é considerada uso off-label e não tem cobertura obrigatória pelas operadoras de planos de saúde", informa a ANS.

Também em nota, a Fenasaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) emitiu posicionamento parecido ao da ANS em relação ao remdesivir e ao tocilizumabe.

Nathália Pompeu, superintendente jurídico da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), diz que as orientações passadas aos associados são as mesmas da ANS.

Ela reforça que o uso de medicamentos off-label não é liberado pelas operadoras, pois elas se guiam pela medicina baseada em evidências.

Sobre o fato de gestores hospitalares afirmarem que há operadoras que bancam a medicação off-label, ela diz que é possível que a liberação ocorra em situações excepcionais.

Em relação às decisões judiciais obrigando os planos a bancarem a medicação off-label, Pompeu afirma que as operadoras sempre recorrem da decisão porque existe uma regulação a ser seguida. "É até uma questão de segurança do próprio paciente."

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INVESTIGAÇÃO

Conselho de Saúde aciona TCE-MS para investigar plantões fakes nas UPAs

Caso as irregularidades sejam confirmadas, o impacto financeiro pode alcançar o valor aproximado de R$ 2 milhões por mês.

15/12/2025 17h45

UPA Universitário

UPA Universitário Marcelo Victor / Correio do Estado

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O Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Campo Grande acionou o Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE/MS), por meio de uma representação, para apurar supostas irregularidades no pagamento de plantões médicos na Secretaria Municipal de Saúde (SESAU).

Através do documento, o qual a reportagem do Correio do Estado teve acesso, estima que, caso as irregularidades sejam confirmadas, o impacto financeiro possa alcançar o valor aproximado de R$ 2 milhões por mês. Uma denúncia anônima recebida pelo CMS, em meio às investigações das irregularidades, aponta que as fraudes ocorrem desde 2020.

A mesa diretora requer:

a) O recebimento da presente representação;
b) A instauração de procedimento de fiscalização e auditoria pelo TCE/MS;
c) A apuração da regularidade dos pagamentos de plantões realizados pela SESAU aos profissionais;
d) A análise retroativa dos pagamentos, inclusive a partir do exercício de 2020, conforme narrado na denúncia anônima;
e) A adoção das medidas corretivas e sancionatórias cabíveis, caso confirmadas irregularidades.

Denúncias

Em junho deste ano, veículos de notícias já abordavam sobre a possibilidade de haver uma "máfia dos plantões fake em Campo Grande", o que contribuiu para a ampliação da apuração conduzida pelo Conselho de Saúde.

A denúncia inicial aponta que médicos na função de diretor técnico em unidades de urgência e emergência estariam recebendo, mensalmente, o quantitativo de 14 plantões, sem a necessidade de cumprimento efetivo dessas escalas, limitando-se, em tese, à assinatura dos respectivos registros, como forma de complementação remuneratória e compensação financeira pelo exercício do cargo.

No documento também mostra que o Conselho recebeu uma segunda denúncia, posteriormente, no e-mail do órgão, onde citava nomes de outros profissionais, médicos e enfermeiros, com atuação em funções de gestão, lotados na Sesau.  Além disso, relata que as práticas irregulares estariam ocorrendo de forma continuada desde o ano de 2020.

Ofícios ignorados

A mesa diretora do Conselho passou a adotar providências formais, expedindo sucessivos ofícios à Sesau, solicitando esclarecimentos objetivos e documentação comprobatória acerca dos critérios de controle de frequência, fiscalização do efetivo cumprimento dos plantões e regularidade dos pagamentos realizados.

"Em resposta às solicitações deste Conselho, a Sesau encaminhou manifestações de caráter genérico, limitando-se a informar que os esclarecimentos constariam em manifestação da área técnica, sem apresentar documentos individualizados, registros de frequência, relatórios de auditoria interna ou comprovação objetiva do efetivo exercício dos plantões pagos, não sendo suficientes, até o momento, para afastar os indícios de irregularidades apontados", diz a representação do Conselho.

Após as respostas iniciais encaminhadas pela Sesau, esta deixou de apresentar novas manifestações aos reiterados ofícios expedidos pelo Conselho Municipal de Saúde.

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Cidades

Rachid Neder é interditada para obra no cruzamento com a rua Arthur Jorge

Rotatória ganhará semáforos para maior segurança no trânsito

15/12/2025 17h30

Divulgação

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A partir desta terça-feira (16), a rotatória do cruzamento da Av. Rachid Neder com a Rua Arthur Jorge, ficará temporariamente interditada para uma obra de adequação e reorganização do fluxo viário. 

A intervenção tem como principal objetivo reforçar a segurança viária e melhorar a fluidez do tráfego em um dos pontos mais importantes de interligação entre a região Central e a região do Segredo.

Segundo a Agência Municipal de Trânsito (Agetran), o cruzamento registra grande volume de veículos ao longo do dia, sendo utilizado diariamente por moradores, trabalhadores e condutores que se deslocam entre diferentes regiões da cidade.

Para melhorar o trânsito da região, estudos técnicos apontaram a necessidade de adequações na rotatória, visando organizar melhor os fluxos, reduzir conflitos de tráfego e proporcionar deslocamentos mais seguros e eficientes.

O projeto também prevê a instalação de semáforos no local, como medida complementar para reforçar a segurança viária e melhorar ainda mais a mobilidade e a fluidez do tráfego.

Equipes da Agetran atuarão com sinalização viária adequada e orientação aos condutores durante todo o período de interdição, para minimizar transtornos e garantir a segurança de todos os usuários da via.

A Agência pede que os motoristas redobrem a atenção ao trafegar pela região, respeitem a sinalização provisória e, se possível, utilizem rotas alternativas.

Não foi informado prazo para término das obras e fim da interdição.

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