Cidades

Campo grande

Pai de santo introduzia menores ao uso de cocaína e outras drogas

Novas vítimas procuraram a polícia para denunciar violências cometidas anteriormente, e apontaram abuso de substância e dependência química causada pelo homem

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O pai de santo Robson Faciroli, de 45 anos, preso em flagrante no dia 30 de setembro suspeito de praticar abuso sexual e maus tratos contra adolescentes, também era responsável por introduzir os menores de idade ao uso de drogas.

Tal fato chegou ao conhecimento da polícia após novas vítimas procurarem pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (DEPCA) para fazer denúncias de crimes cometidos anteriormente pelo pai de santo.

"Algumas das vítimas citaram que ele viciou outros adolescentes, os deixou dependentes químicos, porque fornecia cocaína e outras drogas", disse a delegada Nelly Macedo, responsável pelo caso, durante coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (3).

As investigações apontaram ainda que o homem aliciava as vítimas, que geralmente viviam em situação de vulnerabilidade social e apresentavam problemas de comportamento, a irem morar com ele, se utilizando da figura religiosa e garantindo oferecer acolhimento, melhoria de vida e cuidado para os adolescentes. A persuasão era tanta que as famílias acreditavam que os filhos estariam "em boas mãos".

"No início seria uma convivência harmoniosa, ele parecia ser a melhor pessoa, mas depois ele começava a subjulgar esses adolescentes física e psicologicamente (...) O que nós levantamos até agora é que os pais não tinham responsabilidade, não tinham conhecimento do que acontecia. Até pela posição de líder religioso, eles acreditavam que era um bom homem que estaria ajudando os filhos", comentou Macedo.

Ele ainda utilizava bebidas alcoólicas e entorpecentes como meios de "aproximar" os adolescentes, e ainda os dopava com medicamentos para "facilitar" os abusos sexuais.

Delegacia busca novas vítimas para que Robson tenha uma Robson Faciroli foi preso em flagrante na última segunda-feira (30).

Na noite do crime que trouxe o caso à tona, por exemplo, o suspeito havia conhecido uma das vítimas em um pagode, e a atraído para a residência oferecendo bebidas e cocaína. No local, permaneceram ele três adolescentes, fazendo o consumo de álcool durante grande parte da noite.

Em determinado momento, o pai de santo teria agredido um dos adolescentes - que foi socorrido desacordado pelo Samu no momento em que a polícia chegou ao local -, e dopado um segundo, de 16 anos, com Clonazepam. Depois, o arrastou até um quarto, onde cometeu os crimes sexuais.

O homem tinha personalidade "violenta", e diversas passagens pela polícia. Ele chegou a cumprir pena por um homicídio, crime que utilizava para ameaçar as vítimas, fazendo com que elas se calassem sobre as violências sofridas.

"Ele tem várias passagens por crimes violentos, inclusive já respondeu por um homicídio, e usava disso pra coagir as vítimas e dizer que elas não seriam creditadas caso nos procurassem, que ele era um homem violento e que faria alguma represália contra as vítimas ou suas famílias", revelou a delegada.

A descoberta do abuso de substâncias ilícitas aumenta a preocupação das autoridades policiais quanto à saúde desses adolescentes, que têm entre 13 e 17 anos. Por isso, a DEPCA busca identificar outras possíveis vítimas para que possa ser oferecido o acolhimento e suporte necessário.

"O nosso principal objetivo agora é que o maior número de pessoas sejam informadas, principalmente familiares que saibam que seus filhos chegaram a morar ou frequentar esse local, para que façam denúncias, para que a gente possa providenciar o acolhimento e a melhor maneira de conduzir a vida desses adolescentes a partir de agora, porque eles foram sujeitados a todo tipo de violência, física, sexual e moral", disse Macedo.

Além disso, as novas denúncias serão importantes para o processo de julgamento deste autor.

"A maior parte das vítimas são meninos, a gente entende que o menino acaba ficando mais constrangido de denunciar, então para que ele não se sinta sozinho, nós vamos ampará-lo, vamos fazer uma investigação comprometida, para que a gente possa conseguir uma condenação elevada desse autor", acrescentou a delegada titular da DEPCA, Anne Karine.

Acolhimento

A delegada Nelly Macedo explicou que a DEPCA cuida da parte criminal, mas possui uma rede de apoio para oferecer cuidados às vítimas, composta por assistência social, conselho tutelar e instituições de saúde.

Denúncia

As vítimas podem fazer denúncias através do Disque 100, mas, o recomendado pelas delegadas é que elas procurem diretamente pela DEPCA, para que passem pelo processo do depoimento especial e registrem o Boletim de Ocorrência.

"Quem já frequentou esse terreiro, que tem algum filho, conhecido, adolescente ou criança, menina ou menino, que procure a DEPCA para fazer a denúncia, para registrar o boletim de ocorrência, passar por depoimento especial. É muito importante que se encoragem a vir denunciar", destacou a delegada Anne Karine.

O delegado Roberto Morgado acrescenta que todo o processo é sigiloso, e não haverá exposição das vítimas.

"As vítimas que estiverem com vergonha ou com medo de qualquer exposição, podem procurar os pais e responsáveis, porque a forma com que a gente lida com as investigações não tem exposição das vítimas".

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Itaquiraí

Mãe e filha morrem em acidente triplo na BR-487

Colisão ocorreu em trecho conhecido como estrada boiadeira, próximo ao município de Itaquiraí

13/12/2025 16h30

Foto: Portal Conesul

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Gabrieli de Freitas Vieira e sua filha Julia Pereira de Freitas, de apenas 3 anos morreram na manhã deste sábado após um acidente triplo na manhã deste sábado (13), na BR-487, próximo a região do Assentamento Santo Antônio, situado em Itaquiraí, distante 405 quilômetros de Campo Grande.

Conforme a imprensa local, ambas estavam em um Jeep Compass com uma familiar de 40 anos, e seguiam de Maringá (PR) com destino a Dourados, cidade em que possuíam comércio. A família seguia na rodovia sentido BR-163 quando tentou uma ultrapassagem forçada e atingiu a traseira de um veículo Polo, que seguia na mesma direção.

Com o impacto da colisão, testemunhas afirmam que o veículo teria capotado e batido na traseira de uma carreta que seguia na pista contrária, impacto suficiente para arremeçar o carro da família para fora da pista, ao lado de uma borracharia. 

De acordo com a imprensa local, o acidente aconteceu por volta das 9h30. Gabrieli e a filha morreram no local. Socorrida, a outra pessoa da família foi levada ao hospital de Itaquiraí, consciente e orientada, apesar de cortes na cabeça.

Os demais motoristas envolvidos não sofreram ferimentos graves e testaram negativo para consumo de álcool.. Equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil, da Polícia Rodoviária Federal e da Perícia estiveram no local. As causas do acidente serão investigadas na Delegacia de Itaquiraí.

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Cidades

TCE suspende licitação para reforma de ponte sobre o rio Paraguai

Inconsistências e riscos de gastos excessivos na licitação levaram o Tribunal de Contas do Estado a suspender o certame

13/12/2025 13h30

Imagem divulgação

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Menos de um mês depois de assumir como conselheiro do Tribunal de Contas, o ex-integrante do governo do Estado, Sérgio de Paula, suspendeu a licitação de R$ 11,7 milhões para obras na ponte da BR-262, sobre o Rio Paraguai.

A decisão foi publicada nesta sexta-feira (12), em edição extra do Diário Oficial do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul.

No dia 26 de novembro, a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul) lançou a licitação prevendo investimento de até R$ 11.728.608,10 para a execução de obras de recuperação estrutural.

Os envelopes com as propostas feitas pelas empreiteiras seriam abertos na segunda-feira (15). No entanto, foi determinada a suspensão do certame após a equipe técnica do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) identificar “inconsistências e lacunas” em informações como:

  • Caderno de desenhos;
  • Relatório de critérios e especificações técnicas;
  • Verificação estrutural;
  • Projeto de recuperação estrutural;
  • Projeto de sinalização temporária;
  • Plano de execução.

A justificativa para suspender o processo licitatório da reforma da ponte foram inconsistências no Projeto Básico, que podem gerar gastos acima do necessário. Para isso, foi apontada a necessidade de atualização dos dados técnicos.

“Tais inconsistências podem acarretar riscos de sobrepreço, aditivos contratuais futuros e execução inadequada da obra, comprometendo a economicidade e a eficiência, em desacordo com a Lei nº 14.133/2021. Embora o projeto tenha avançado em sua conformidade com a nova Lei de Licitações, as lacunas técnicas e a necessidade de atualização são significativas. Para uma decisão embasada e para mitigar risos futuros, é crucial que as informações complementares e as atualizações necessárias sejam providenciadas e analisadas”, consta no ato.

Diante dos indícios de irregularidades no Estudo Técnico Preliminar (ETP) e no Projeto Básico, o relator, conselheiro Sérgio de Paula, determinou a aplicação de medida cautelar para suspender o processo licitatório até a regularização dos pontos apontados.

Previsão

Com previsão de início das obras somente no segundo trimestre de 2026, o valor estimado, como adiantou o Correio do Estado, indica que a reforma da ponte pode custar o dobro do apontado pelo ex-secretário de Obras, Hélio Peluffo.

Em 2023, ele previu gastos em torno de R$ 6 milhões na recuperação da estrutura da ponte, que tem sofrido diversas intervenções e situações que resultaram em tráfego em meia pista.

Essa situação ocorreu em 2023, quando a interdição durou mais de um ano, até que os reparos emergenciais fossem concluídos na pista de rolamento.

Além disso, há situação emergencial nos “amortecedores” instalados entre as pilastras e a parte superior da ponte (pista), que apresentam desgaste por falta de manutenção. Essa obra deverá ser bancada, agora, com recursos públicos.

Pedagiada "até ontem"
 

Investimento público em uma ponte seria algo normal não fosse a cobrança de pedágio, feita até setembro de 2022. Pequena fatia da receita era repassada ao Estado e a única obrigação da empresa era fazer a manutenção da estrutura, que tem dois quilômetros e foi inaugurada em 2001.

Porém, em 15 de maio de 2023 a empresa Porto Morrinho encerrou o contrato e devolveu a ponte Poeta Manoel de Barros sem condições plenas de uso, embora tivesse faturamento milionário.

Em 2022,  com tarifa de R$ 14,10 para carro de passeio ou eixo de veículo de carga, a cobrança rendeu R$ 2,6 milhões por mês, ou R$ 21 milhões nos oito primeiros meses daquele ano.

No ano anterior, o faturamento médio mensal ficou em R$ 2,3 milhões. Conforme os dados oficiais, 622 mil veículos pagaram pedágio naquele ano. Grande parte deste fluxo é de caminhões transportando minério. A maior parte destes veículos têm nove eixos e por isso deixavam R$ 126,9 na ida e o mesmo valor na volta.

Esse contrato durou longos 14 anos, com início em dezembro de 2008, e rendeu em torno de R$ 430 milhões, levando em consideração o faturamento do último ano de concessão. 

Em março de 2017, a Porto Morrinho conseguiu um abatimento de 61% no valor da outorga. Na assinatura, em 22 de dezembro de 2008, o acordo previa repasse de 35%  do faturamento bruto obtido com a arrecadação tarifária estabelecida em sua proposta comercial. A partir de março de 2017, porém, este valor caiu para 13,7%. 

Se tivesse de repassar 35% dos R$ 2,6 milhões arrecadados por mês em 2022, a Porto Morrinho teria de pagar R$ 910 mil por mês ao Estado. Com a repactuação do contrato, porém, este valor caiu para a casa dos R$ 355 mil. Em ambos os casos os valores teriam alguma variação porque ainda seria necessário descontar impostos.

Ou seja, a repactuação garantiu R$ 555 mil mensais a mais aos cobres da concessionária, que mesmo assim não cumpriu com sua única obrigação, que era manter a ponte em condições de uso. 

E, mesmo depois de parar de cobrar pedágio, ela continuou cuidando da ponte, entre setembro de 2022 até maio de 2023.  Neste período, recebeu indenização milionária, de pouco mais de R$ 6 milhões. 

O pedágio acabou por causa do fim do acordo do governo estadual, que construiu a ponte, com o DNIT, já que a rodovia é federal. Porém, o governo federal só aceita receber a ponte depois que estiver em boas condições de uso. 

** Colaborou Neri Kaspary

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