Os pais das três crianças, sendo um menino de 3 anos, uma menina de 7 e a bebê de 4 meses, também podem ser responsabilizados pela queda da bebê do terceiro andar de um prédio no Aero Rancho, em Campo Grande.
O incidente aconteceu na noite de terça-feira (12). A bebe estava sendo segurada pela irmã quando caiu de uma altura de aproximadamente 15 metros de um dos prédios do condomínio residencial CH8, no Aero Rancho, na noite de terça-feira (12). A mãe havia saído para pagar uma conta.
A delegada Nelly Macedo, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), informou que os pais já irão responder por abandono material, tendo em vista que nenhum dos três pagavam pensão ou davam auxílio financeiro e emocional para que a mãe arcasse com qualquer custo na criação dos filhos.
Além disso, será investigado se a ausência pode ter relação com a queda da criança. Eles serão chamados para prestar depoimento.
"No primeiro momento está caracterizado o abandono material porque não pagam a pensão que ela precisa para cuidar dos filhos e nós vamos ver o nexo da ausência deles, da omissão deles com tudo o que aconteceu e a responsabilização também por serem omissos da vida dos filhos", explicou a delegada.
O advogado que representa a mãe, Alfio Leão, também ressaltou que os genitores são ausentes da vida das crianças e não prestam nenhum tipo de auxílio.
Segundo ele, todo o cuidado pessoal, social, financeiro e emocional é de responsabilidade da mãe, que sustenta as três crianças com um salário mínimo, de R$ 1.320, que recebe de seu emprego na Feira Central.
"Eu como advogado dela vou tomar todas as medidas legais para que possamos, ou de comum acordo, ou de homologação de acordo de alimentos, ou vou ajuizar ação de alimentos contra os pais em favor dos menores, é um direito garantindo em lei, toda criança tem esse direito, e ela não está sendo resguardada nem socialmente, nem familiarmente", disse.
Tragédia
A mãe das crianças não estava em casa no momento da queda. Segundo o advogado, ela havia saído por cerca de 20 minutos para pagar uma conta de um empréstimo.
A mulher foi presa no dia do incidente, mas teve a liberdade provisória concedida em audiência de custódia, na manhã desta quinta-feira (14). No entanto, ela terá que cumprir medidas cautelares, como não se ausentar da comarca, não se mudar de endereço sem comunicar à Justiça, comparecer em juízo sempre que chamada, entre outros.
Ainda segundo o advogado, a juíza considerou o caso como uma tragédia.
"Isso é uma tragédia familiar, não houve dolo, não houve intenção de causa, não tem nenhum registro de que ela abandona ou deixa as crianças sozinhas, ela sempre proveu o necessário para eles e, como a própria juíza disse, foi uma tragédia familiar", acrescentou.
Após a soltura, a mulher prestou depoimento na Depca e a delegada Nelly Macedo também considerou o caso como tragédia, pois a mulher não tinha rede de apoio e os genitores eram completamente ausentes.
"Ficou caracterizada a sobrecarga dessa mulher, como várias outras mães. Não há dúvida de que há o erro de ter deixado essas crianças sozinhas, mas principalmente a sobrecarga que muitas mulheres passam", disse a delegada.
Ainda segundo Nelly Macedo, antes do nascimento da bebê de quatro meses, uma babá cuidava das crianças na ausência da mãe, mas essa pessoa foi dispensada após o parto devido à mãe estar em casa de licença maternidade. Outra pessoa já havia sido contratada para ficar com as crianças assim que mãe retornasse ao trabalho.
"Me pareceu mesmo um momento de distração, em que ela precisou se ausentar e a tragédia aconteceu", afirmou.
A mãe foi indiciada por abandono de incapaz com a qualificadora de lesão corporal grave.
A Polícia Civil ainda irá ouvir vizinhos da mulher e o pai das crianças, além de aguardar laudo da perícia realizada no condomínio para dar prosseguimento ao inquérito.
* Colaborou Marcelo Victor



