Conhecida como pesca esportiva, a modalidade pesque e solte será liberada nas calhas dos rios Paraguai e Paraná a partir de amanhã em Mato Grosso do Sul.
De acordo com a Associação Corumbaense das Empresas de Turismo (Acert), a lotação dos 23 barcos-hotéis que atuam a partir de Corumbá está em torno de 80% a 90%.
Antes mesmo da liberação para a pesca esportiva, que ocorre no dia 1º de fevereiro, Corumbá já registra um grande movimento de turistas. Ontem, um barco-hotel com capacidade máxima de pescadores amadores deixou a Cidade Branca, às 12h30min, em direção à Serra do Amolar.
Hoje, no mesmo horário, outra embarcação deve deixar o Porto de Corumbá com o mesmo destino. Em média, o custo de uma viagem em um barco-hotel gira em torno de R$ 5 mil a R$ 7 mil. A capacidade das embarcações varia de 12 a 80 pessoas.
Distante 420 km de Campo Grande, Corumbá tem a maior estrutura de barcos-hotéis e hotéis para a prática desse tipo de modalidade de pesca. A cidade recebe, em média, mais de 30 mil pescadores esportivos por ano, atraídos pelas belezas da região, o bioma e o rio Paraguai.
Após dois anos de recuperação no setor, em decorrência da pandemia de Covid-19, a expectativa é de que, neste ano, a modalidade pesque e solte atraia ainda mais turistas para o Pantanal.
Somente na região de Corumbá, a estimativa da Acert é de que, entre fevereiro e 5 de novembro, vão passar ao menos 30% mais turistas pelo Rio Paraguai do que o registrado no ano passado. Ao longo dos próximos meses, estão previstas de 40 a 42 viagens nos barcos-hotéis.
REGRAS
Conforme o Decreto Estadual nº 15.166, de 21 de fevereiro de 2019, na modalidade pesque e solte, o pescador pode fisgar o peixe usando anzóis lisos (sem farpas) e deve devolvê-lo imediatamente à água para garantir sua sobrevivência.
No entanto, é importante destacar que o período de piracema permanece vigente em todo o Estado até o dia 28 de fevereiro. Nesse período, nenhum peixe pode ser retirado dos rios, a não ser nas condições previstas na lei.
Outro alerta importante é em relação à área permitida para a modalidade de pesca esportiva. Conforme as normas estaduais, o pesque e solte será liberado apenas nas calhas dos rios Paraná e Paraguai.
É proibida a entrada do pescador nas baías, lagos e lagoas marginais, banhados e outros cursos d’água que tenham conexão com esses rios.
Ao Correio do Estado, o presidente do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), coronel Ângelo Rabelo, explicou que o termo de convênio com a Acert permitirá que o setor obtenha mais dados sobre a população de pescado na região da Serra do Amolar e como o turismo afetará os peixes.
“Nós seguimos com a parceria com a Acert, controlando e valorizando a iniciativa dos empresários da modalidade pesque e solte. A ideia é que possamos ampliar para todos os barcos-hotéis. Os peixes que estão sendo soltos passam por um acompanhamento”, disse o coronel.
Segundo o presidente do IHP, há uma evolução sob o ponto de vista do uso de recursos naturais e da mudança de postura dos pescadores esportivos.
“Eles deixam de ter uma relação extrativista com os recursos naturais e passam para uma relação de contemplação”, destacou Rabelo.
PINTADO
Após as solicitações feitas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) e pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), o Governo Federal reconheceu o pintado como passível de exploração, estudo e pesquisa.
A medida, que foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, na Portaria MMA nº 355, de 27 de janeiro de 2023, tranquiliza cerca de nove mil pescadores, pois permite a continuidade da pesca da espécie nos rios sul-mato-grossenses e de outros estados.
De acordo com o titular da Semadesc, Jaime Verruck, desde o ano passado, a secretaria estava se articulando para definir o futuro da pesca do pintado em MS, por conta de sua inclusão na lista nacional de espécies ameaçadas de extinção.
Verruck salientou que, por meio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), o governo estadual viabilizou uma pesquisa da Embrapa na qual foi demonstrado que não havia risco de extinção para o pintado na Bacia do Paraguai.
“Nós encaminhamos essas informações ao Ministério do Meio Ambiente para que houvesse uma reavaliação, mostrando que em MS essa espécie não estava em extinção. Além da publicação no Diário Oficial da União da portaria que institui o plano de recuperação das populações do pintado no Brasil, haverá um monitoramento da espécie nos próximos 24 meses”, afirmou o secretário.
Verruck destacou que a pesca do pintado segue todos as normativas já estabelecidos no Estado. Ele explicou, ainda, que a espécie poderá ser capturada normalmente pelos pescadores amadores e profissionais, desde que atendam às cotas e medidas máxima e mínima previstas na legislação estadual.
“Retornamos à regularidade, pois nossa preocupação era que até a abertura da pesca, no dia 28 de fevereiro, nós tivéssemos isso regulamentado”, finalizou Jaime Verruck.
É importante destacar que a pesca do pintado só será liberada em Mato Grosso do Sul após o dia 28 de fevereiro, data do fim do período de piracema.
Sobre a liberação da pesca do pintado, o presidente do IHP aponta que é necessário um acompanhamento de médio a longo prazo para que a espécie não entre na lista de extinção.
“É necessário que as decisões políticas sejam acompanhadas de um planejamento para que o pintado não caia nas mesmas condições que foram detectadas em outros ambientes, como a erosão dos rios e a perda de qualidade da água”, reiterou.
PUNIÇÃO
Nos casos de descumprimento das normas para a modalidade pesque e solte, os pescadores podem ser detidos e encaminhados à Delegacia de Polícia Civil para lavratura do auto de prisão em flagrante. Se condenados, podem pegar pena de um a três anos de detenção.
Além da detenção, os pescadores infratores terão todo o material de pesca, motor de popa, barcos e veículos utilizados na pescaria apreendidos, além de serem multados administrativamente.
Importante frisar que, para realizar a pesca, mesmo a esportiva, todos os pescadores devem portar a Autorização Ambiental para Pesca Amadora, na modalidade pesque e solte, que pode ser emitida pelo site pescaamadora.imasul.ms.gov.br.
FESTIVAL
Considerado um dos maiores eventos da pesca esportiva em água doce do Brasil, o Festival Internacional de Pesca Esportiva de Corumbá (Fipecq), que será realizado entre os dias 3 e 5 de fevereiro, contará com 350 equipes na prova principal (adulta).
O evento, que começou na década de 1990, vai disponibilizar ainda 1.500 inscrições para competidores infantojuvenis, com mais de R$ 100 mil em prêmios, sendo um carro zero km, moto, barco de alumínio e motor de popa.
“O festival sempre foi um sucesso e tem esse propósito de motivar a prática do pesque e solte e criar uma consciência de preservação dos nossos rios”, realçou o presidente da Acert, Luiz Antônio Martins.
Martins disse que a ideia sempre foi realizar o festival no início da temporada de pesca esportiva.
“Este ano estamos alcançando esse objetivo, incentivando uma modalidade que introduzimos e que teve a adesão dos turistas, que é o pesque e não leve”, complementou o presidente da Acert.
Saiba: A pesca do dourado (Alminus maxillosus) permanece proibida em Mato Grosso do Sul. O pescador amador pode capturar apenas um exemplar de peixe de espécie nativa do Estado, além de cinco exemplares de piranha.




