Com investigações da Polícia Civil, suspeito que aplica “golpe do nudes”, com vítimas em Campo Grande é identificado e Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul decreta prisão preventiva, na última terça-feira.
O crime acontecia online desde 2023, e baseava-se na cobrança de fotos com nudez enviadas de um perfil fake criado pela própria organização. Após isso, um ciclo de cobranças se iniciava por outros personagens, também fakes criados por eles. As vítimas acumulam o prejuízo de mais de R$ 5 milhões.
Após investigação, foi concluído que trata-se de uma organização criminosa gaúcha que aplica o golpe em diversas vítimas, que nesse caso residem na capital sul-mato-grossense.
A operação foi conduzida pela Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos (DERF), que também atribui em crimes de extorsão, junto ao Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Informáticos (DERCC), e da Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos (DPRCPE), ambos do Rio Grande do Sul, local de origem do crime.
Identificado como Eric Basso da Silva, o homem tem o “vulgo” de CHAPOLIN, e é comandante do grupo. Ele já possui antecedentes pelo crime de porte ilegal de arma de fogo e tráfico de entorpecentes.
Sua última moradia foi localizada em Bento Gonçalves, cidade a 120 quilômetros da capital gaúcha, Porto Alegre. Apesar da casa ter sido localizada, Eric Basso está foragido após operação realizada pelos agentes para efetuar sua prisão e não ser encontrado.
De acordo com a investigação, outras 14 pessoas estão envolvidas no crime de extorsão e por estarem integrados à organização criminosa. Todos foram identificados como naturais ou moradores do estado do Rio Grande do Sul. Há também indícios que eles estariam ligados a facção gaúcha, intitulada “Bala na Cara”, ou “BNC”, principal facção do estado sulista.
Conforme verificou a operação, os criminosos obtiveram contato por residirem em áreas de domínio, ou por terem passagens pelo sistema prisional em alas destinadas à membros da BNC.
ENTENDA O GOLPE
1ª etapa
Inicialmente, os criminosos criam e cadastram um perfil fake em uma rede social. A aparência e imagens do personagem criado é de uma mulher jovem com idade aproximadamente entre 16 e 25 anos.
Logo após, o perfil fake passa a adicionar as vítimas e iniciar os diálogos. Depois de um tempo de conversa, a “jovem” inicia o flerte com a vítima alvo. Em sua maioria são homens de meia-idade ou idosos.
Apesar da interação começar sem nenhum vínculo de proximidade, os perfis já são consolidados nas redes sociais e bem elaborados. Os criminosos possuem perfis com número de amigos virtuais que não dá espaço para pensamentos de ser fake e mantêm até postagens contínuas.
Alguns até adicionaram amigos das vítimas, para que pudessem “crer que o perfil é real”.
Para encerrar a primeira etapa do golpe, os criminosos enfim enviam fotos sensuais e íntimas dessa personagem fake e cobram as vítimas pelo envio, que ao receberem as fotos acreditam fielmente que o perfil é verdadeiro.
2ª etapa
Na etapa seguinte do golpe, outro personagem entra em jogo, agora os criminosos criam um perfil para se apresentar como familiar do perfil da jovem criada.
A intenção é entrar em contato com a vítima para dizer a ela que a “jovem” é adolescente, e exige valores financeiros para reparar os danos emocionais causados à “jovem” pelas trocas das fotos de nudez.
3ª etapa
Um novo personagem fake, depois de um tempo, entra na narrativa e contata a vítima. Agora, dizendo ser “Delegado de Polícia”, esse terceiro perfil fake incrimina a vítima por trocar fotos com a “jovem”, dizendo que ela é menor de idade – personagem fake 1.
Com a troca de fotos íntimas, cnstitui-se o crime de pedofilia e o delegado informa que acabará em prisão, ação penal e exposição.
A vítima que agora acredita no familiar e no falso delegado, com as acusações do crime de pedofilia que responderia, passa a ceder as condições exigidas por ambos os personagens fakes. A exigência é de intermináveis quantias de dinheiro para contas bancárias indicadas pelos perfis fakes.
O chefe da organização, Eric Basso, ainda teria contratado um detetive particular em Campo Grande, para localizar as vítimas e monitorá-las, enviando fotos da rotina dos homens vítimas do golpe e de seus familiares para mantê-los sob ameaça e continuar a extorsão.
PERFIL
Depois de diversas ocorrências registradas com a mesma narrativa, a polícia instaurou inquéritos decorrentes dos depoimentos das vítimas.
Além de estarem sob a mesma circunstância de extorsão uma das outras, a sequência da história era a mesma e também as contas correntes indicadas pelos criminosos eram todas do Rio Grande do Sul
O perfil alvo procurado pelos criminosos era que fosse do sexo masculino, bem-sucedidos, com alto poder aquisitivo e essas informações eram identificadas por meio das postagens das redes sociais. Além desses, outros perfis de outras classes socioeconômicas também foram vítimas.


