Um funcionário do parque Glória Center morreu num acidente envolvendo o brinquedo "Surf" em junho passado. Diogo Melo de Paiva, de 23 anos, foi atingido na cabeça por uma parte da atração durante a Festa do Tomate, em Paty do Alferes. A descoberta foi feita pela delegada Adriana Belém, da 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes), que solicitou cópia do inquérito instaurado na delegacia da cidade. Com isso, sobe para três o número de mortes ocorridas em brinquedos do parque de diversão. Na segunda-feira, a delegada já havia confirmado a descoberta de que em 2006 outro adolescente de 14 anos já havia morrido num acidente no parque Glória Center.
Na madrugada do último domingo, a adolescente Alessandra Aguilar, de 17 anos, morreu e oito pessoas ficaram feridas depois que um brinquedo do parque se soltou. Nesta terça-feira, Adriana Barreto, mãe da adolescente, e o pai da menina, Carlos Augusto Aguilar, conversaram durante 40 minutos com a delegada Adriana Belém. Ao sairem, muitos emocionados, eles pediram Justiça.
- Estou satisfeita com o trabalho da polícia e ficarei ainda mais satisfeita quando os responsáveis estiveram atrás das grades - disse Adriana Aguilar, chorando muito.
A dona do parque, Maria da Glória Pinto, esteve na 42ª DP (Recreio) para prestar depoimento, juntamente com seu filho. Os dois serão indiciado por homicídio doloso, quando há intenção de matar, e a pena dos acusados poderá variar de 12 a até 30 anos de prisão.
Também na tarde desta tarde-feira, integrantes da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes (CAPA) do Crea-RJ realizaram vistoria em três parques que receberam laudos técnicos favoráveis de funcionamento feitos pelo o engenheiro mecânico Luis Soares Santiago, que será chamado ao Crea para depor. O objetivo era verificar se as instalações desses parques estão em péssimo estado de conservação, a exemplo do parque Glória Center. A primeira vistoria foi realizada realizada num parque em São João de Meriti.
Em depoimento, na tarde desta segunda-feira, o engenheiro Luiz Soares Santiago, de 77 anos, disse que foi ao Glória Center com o laudo já pronto. Após testar os brinquedos, segundo ele, o laudo foi fornecido aos responsáveis do parque. Ao ser questionado se andaria em algum dos brinquedos do Glória Center, Luiz disse, em depoimento, que não. O engenheiro disse ainda que o acidente deve ter ocorrido por causa do desrespeito à capacidade do brinquedo. Segundo a delegada Adriana Belém, ele deve responder, pelo menos, por falsidade ideológica. Ao site G1 , a delegada disse, ainda, que o profissional afirmou que não permitiria que seus parentes andassem nos brinquedos:
- Ele disse que não viu nada de irregular. Aí eu perguntei 'o senhor andaria em um brinquedo desse?', ele disse que não. Eu perguntei 'o senhor permitiria que alguém da sua família andasse?' e ele disse que não.
Ainda de acordo com o G1, o engenheiro teria dito em depoimento que nunca respondeu a procedimento policial. A autorização concedida pelos bombeiros era para 200 pessoas, mas a polícia afirma que havia cerca de mil pessoas no local.
Na segunda-feira, a polícia finalizou a perícia complementar no parque de diversões. Segundo a delegada, essa nova perícia confirmou o que já havia sido observado logo após o acidente: o parque não tinha condições de funcionar. A nova perícia no Glória Center foi acompanhada pelo engenheiro Jacques Sherique. De acordo com ele, foi aberta investigação para verificar se o engenheiro mecânico Luis Soares Santiago, responsável técnico pelos equipamentos parque, estava habilitado a liberar o local para funcionamento.
O parque estava funcionando no local, ilegalmente, há duas semanas. O local havia sido vistoriado pelo Corpo de Bombeiros, que analisou as saídas de incêndio, capacidade de lotação de localização dos extintores de incêndios. "A vistoria foi feita pelo CBMERJ no parque no dia 3 de agosto. O Corpo de Bombeiros não vistoria brinquedos", informou o órgão, em nota. No entanto, o Glória Center não tinha recebido alvará de funcionamento da prefeitura, segundo informou a Secretaria Especial de Ordem Pública. Por isso, foi multado em R$ 535,50. O órgão esclareceu que o alvará é concedido somente após os proprietários entrarem com pedido na prefeitura, mediante autorização dos bombeiros.
O acidente ocorreu por volta das 2h30m de domingo e houve pânico no parque. A estimativa é que havia entre 1.500 e duas mil pessoas no local, onde era realizada uma festa junina fora de época, com shows de artistas como a funkeira Verônica Costa. Segundo testemunhas contaram à família de Alessandra, o carrinho que se soltou estaria com seis pessoas, quando a lotação é quatro. Os promotores da festa, no entanto, afirmaram na polícia que havia apenas três pessoas.


