Cidades

Fronteira

Polícia Federal abre ofensiva contra traficantes do PCC

Nos últimos três meses, criminosos que atuavam a serviço da organização foram alvo de operações em Ponta Porã

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A Polícia Federal abriu, nos últimos três meses, grande ofensiva contra os traficantes de cocaína que atuavam em Ponta Porã a serviço da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). 

Do mês de maio para cá, o crime organizado sofreu três grandes baixas na região: o traficante Caio Bernasconi Braga, o Fantasma da Fronteira, foi preso no dia 5 de maio; no dia 30 de junho, Antônio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, o Motinha, que gosta mesmo é de ser chamado de Don Corleone (em referência ao filme “O Poderoso Chefão”), quase foi preso, mas escapou de helicóptero de uma operação; e, mais recentemente, no dia 1º, Lucas Barbosa de Almeida, que viveu por 15 anos com a identidade falsa de Lucas de Almeida Alencastro, mas que no meio criminal era conhecido como Bonitinho, foi finalmente preso pela Polícia Federal depois de viver mais de uma década na clandestinidade. 

O que os três têm em comum? A ligação, direta ou indireta, com a organização criminosa PCC, que surgiu dentro dos presídios de São Paulo na década de 1990 e transformou-se em um dos maiores cartéis do crime da América do Sul, com atuação que vai de pequenos roubos a assaltos a banco e que, desde a década passada, entrou firme no tráfico de drogas. 

Caio Bernasconi Braga, o Fantasma da Fronteira, que foi preso em maio, é apontado como o sucessor de outro chefão do tráfico do PCC que está preso há mais tempo: Sergio de Arruda Quintiliano, o Minotauro.

Preso em Ponta Porã pela Polícia Federal, Bernasconi estava foragido da Justiça desde 2015 e estaria envolvido em um esquema milionário de tráfico, tendo assumido a “rota do pó”, utilizada para transportar a droga que passa para o Paraguai e chega aos mercados consumidores do Brasil e da Europa, entrando no País por Mato Grosso do Sul e sendo traficada via portos, como o de Santos (SP), por exemplo. 

Mudança de perfil

O delegado da Polícia Federal em Ponta Porã, Anésio Rosa de Andrade, que supervisiona, entre outras coisas, investigações sensíveis contra facções criminosas, disse ao Correio do Estado que, ao contrário do que ocorria em um passado não muito distante, em que as organizações tinham o desejo de se afirmar perante a sociedade, agora os chefões do tráfico procuram a discrição. 

Foi o que a Polícia Federal notou nas operações recentes, que resultaram na prisão de Bernasconi e Bonitinho e que quase prenderam Motinha. 

“Eles atuam de forma descentralizada, formando várias parcerias com criminosos, mas também não querem mais ficar com essa coisa de ser marcados como alguém de facção”, explica o delegado. “Hoje eles evitam ao máximo esse tipo de exposição, para não chamar a atenção da Polícia Federal, das instituições de segurança”, complementa o delegado. 

É o caso do traficante que ficou conhecido entre 2003 e 2006, pelo apelido de Bonitinho, quando esteve preso no sistema penal do estado de São Paulo. Naquela época, Bonitinho, que já havia morado em Ponta Porã e sabia os caminhos do tráfico, chegou a operar esquema para levar drogas para o estado vizinho de dentro da cadeia e acabou tendo ligações com o PCC. 

“Depois, ele [Bonitinho] aproveitou uma saidinha de fim de ano, fugiu da prisão e não foi mais encontrado. Estava vivendo aqui, com documentos falsos, até exerceu cargos públicos”, conta o delegado. 

Motinha

No caso de Motinha, o Correio do Estado apurou que ele também não levava uma vida “carimbada” como a de um chefão ou parceiro do PCC, mas como um filho de um produtor rural e dono de frigorífico muito bem-sucedido. Motinha escapou no dia da operação que tinha ele como alvo. A suspeita é de que a polícia paraguaia tenha vazado as informações. A instituição do país vizinho nega. 

Motinha fugiu de helicóptero, e seu grupo era conhecido por ter o perfil de traficar drogas por via aérea, inclusive fazendo o uso de helicópteros. A região Cone-Sul do Estado se tornou rota frequente de voos de helicópteros nos últimos anos. Há suspeitas de que alguns possam estar a serviço do tráfico. 

Sobre a ligação com o PCC, investigação da Polícia Federal também indica que o clã Mota, do qual Motinha faz parte, se associou ao grupo de traficantes comandado por Minotauro na década passada, que vinha sendo liderado pelo Fantasma da Fronteira até maio deste ano. 

Ascensão do PCC

O PCC assumiu de vez o posto de uma das maiores forças do tráfico na fronteira depois do assassinato do traficante Jorge Rafaat, em junho de 2016, em Pedro Juan Caballero.

O crime ganhou notoriedade por sua execução espetacular: mesmo estando em um SUV Hummer blindado (carro similar aos utilizados pelas tropas norte-americanas, só que muito confortável), Rafaat foi executado porque os rivais tinham metralhadora ponto 50 montada na caçamba de uma caminhonete, arma que é utilizada em guerras e que tem o poder de furar blindagens até de tanques. 

A organização criminosa não fez questão de esconder estava envolvida no assassinato do então chefão do tráfico na fronteira. Rafaat vendia a droga de uma forma diferente: atendia várias organizações e atuava como um atacadista da fronteira, afirmam investigadores. Depois de sua execução, o comércio ilegal de drogas na região mudou. 

Cidades

Veículos batem de frente e três pessoas da mesma família morrem na BR-267

Motorista de um Virtus tentou fazer uma ultrapassagem, quando colidiu de frente com um Corolla; todas as vítimas estavam no veículo atingido

16/12/2025 18h36

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram Foto: Divulgação / PRF

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Três pessoas morreram em um acidente envolvendo dois carros de passeio, na manhã desta terça-feira (16), na BR-267, em Nova Alvorada do Sul. O acidente aconteceu durante uma tentativa de ultrapassagem.

De acordo com informações da PRF, um veículo Toyota Corolla, com placas de São Miguel de Guaporé (RO), seguia no sentido Nova Alvorada do Sul a Distrito de Casa Verde, enquanto um Virtus, com placas de Três Lagoas, seguida no sentido contrário.

Na altura do km 177, os veículos bateram de frente. Segundo testemunhas, o Virtus teria tentado fazer uma ultrapassagem e acabou colidindo com o Corolla.

Com o impacto da batida, duas passageiras no Corolla, de 55 e 73 anos, morreram na hora. Um outro passageiro, de 74 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu posteriormente no hospital. O motorista, de 53 anos, não teve ferimentos graves.

Conforme informações, as vítimas eram a esposa, pai e mãe do motorista.

No Virtus estavam o condutor e um passageiro, de 42 e 37 anos, respectivamente. Ambos tiveram lesões consideradas leves e foram encaminhados ao hospital em Nova Andradina, mas não correm risco de morte.

Ainda segundo a PRF, foi realizado o teste do bafômetro nos motoristas, com resultado negativo para alcoolemia em ambos.

Informações preliminares são de que a família que estava no Corolla saiu de Rondônia para visitar familiares no interior de São Paulo.

Durante os trabalhos de resgate e perícia, parte da pista ficou interditada. As causas do acidente serão investigadas pela Polícia Civil.

Outro acidente com duas mortes

Na madrugada desta terça-feira (16), outro acidente deixou duas pessoas mortas e três feridas, na BR-158, em Três Lagoas.

Conforme reportagem do Correio do Estado, Fernanda Taina Costa da Silva, de 28 anos, conduzia um Fiat Palio, e Fernando Marconi Ramos, de 27 anos, trabalhava como moto-entregador. Ambos colidiram em ua região conhecida como anel viário Samir Tomé.

No Palio conduzido, além da motorista estavam três crianças, de 9 anos, 5 anos e nove meses, que tiveram de ser levadas ao Hospital Regional, mas o estado de saúde de todas era considerado estável. As três estavam no banco traseiro e as duas maiores estavam conscientes e orientadas.

Imagens divulgadas pelo site 24hnewsms mostram que a motocicleta atingiu a parte frontal do veículo e o piloto acabou sendo jogado sobre o para-brisa, do lado da condutora.

Embora não haja testemunhas, os policiais que atenderam à ocorrência constataram sinais de frenagem da moto, que a moto seguia pelo anel viário no sentido ao shopping Três Lagoas, quando foi atingida frontalmente pelo carro, que teria invadido a pista contrária por motivos ainda ignorados. 

 

Cabe recurso

Jogo do bicho: deputado Neno Razuk é condenado a 15 anos de prisão

Condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

16/12/2025 17h45

Deputado estadual Neno Razuk (PL)

Deputado estadual Neno Razuk (PL) Foto: Wagner Guimarães / Alems

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, conhecido como Neno Razuk (PL), foi condenado a 15 anos e 7 meses de prisão, apontado como o "cabeça" de um grupo criminoso para tomar o controle do jogo do bicho em Campo Grande. A condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) nesta segunda-feira (15) e sentencia outras 11 pessoas. 

Conforme os autos do processo que corre em segredo de Justiça, os réus tentaram anular a condenação sob pedindo a nulidade das investigações. Em resposta ao Correio do Estado, André Borges, advogado de defesa do deputado, disse que irá recorrer da sentença. "Defesa certamente recorrerá; processo está longe de encerrar; Neno confia na decisão final da justiça", declarou. 

Condenações 

  • Carlito Gonçalves Miranda 10 anos, 9 meses e 24 dias de reclusão, em regime fechado; Não tem o direito de recorrer em liberar e segue sendo procurado;
  • Diogo Francisco 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;   
  • Edilson Rodrigues Ferreira 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 
  • Gilberto Luis dos Santos 16 anos, 4 meses e 29 dias de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • José Eduardo Abduladah 4 anos e 1 mês de reclusão, em regime fechado; permanecerá em prisão domiciliar;
  • Júlio Cezar Ferreira dos Santos 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Manoel José Ribeiro 13 anos, 7 meses e 1 dia de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • Mateus Aquino Júnior 11 anos e 7 meses de reclusão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado;
  • Roberto Razuk Filho 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Taygor Ivan Moretto Pelissari 4 anos, 11 meses e 15 dias de reclisão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado; 
  • Valnir Queiroz Martinelli 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Wilson Souza Goulart 4 anos, 2 meses e 22 dias de reclusão, no semiaberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 

Buscas

Em novembro deste ano, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), apreendeu mais de R$ 300 mil durante a operação deflagrada contra alvos ligados à família Razuk. A ação, realizada em conjunto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, também resultou na prisão de três familiares do deputado estadual Neno Razuk. 

Foram detidos o pai do parlamentar, Roberto Razuk, e os irmãos Rafael Razuk e Jorge Razuk. Segundo informações, além do montante em dinheiro, equipes recolheram armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho.

Os materiais foram apreendidos durante o cumprimento dos 20 mandados de prisão preventiva e 27 de busca e apreensão executados  em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Em Dourados, viaturas foram vistas logo cedo em bairros como Jardim Água Boa e Vila Planalto. A residência de Roberto Razuk foi um dos principais pontos de ação, onde agentes recolheram malotes.

Outro alvo da operação é Sérgio Donizete Balthazar, empresário e aliado político, proprietário da Criativa Technology Ltda., que no início deste ano ingressou no Tribunal de Justiça com mandado de segurança para tentar suspender a licitação da Lotesul, estimada em mais de R$ 50 milhões.

Também aparecem entre os alvos o escritório de Rhiad Abdulahad e Marco Aurélio Horta, conhecido como "Marquinho", chefe de gabinete de Neno Razuk e funcionário da família há cerca de 20 anos.

A família Razuk, já foi alvo de apurações relacionadas ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. A ação é tratada pelo Ministério Público como uma nova fase dessas investigações.

FASES

Em outubro de 2023, antes das fases da Successione, a Polícia Civil fez uma apreensão de 700 máquinas da contravenção, semelhantes a máquinas de cartão utilizadas diariamente em qualquer comércio, sendo facilmente confundidas.

As prisões foram desencadeadas a partir da deflagração das fases da Operação Successione, que começou no dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Foi nesta fase que os ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram pegos.

Duas semanas depois, no dia 20 de dezembro, foi deflagrada a segunda fase da operação, com o cumprimento de 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão. Ela foi realizada após investigações do Gaeco apontarem que a organização criminosa continuou na prática do jogo do bicho, além de concluírem que policiais militares também atuavam nesta atividade.

No dia 3 de janeiro do ano passado, chegou a vez da terceira fase da operação, com mais dois envolvidos presos pela contravenção na Capital.

A disputa pelo controle do jogo ilegal em Campo Grande se intensificou após a prisão de Jamil Name e Jamilzinho, durante a Operação Omertá, em 2019, que eram apontados pelas autoridades como os donos do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. 

Quatro anos depois, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos de reclusão, após um julgamento de três dias.

O termo italiano "Successione"  que dá nome a operação, é uma referência a disputa pela sucessão do jogo bicho em Campo Grande após a operação Omertá. A decisão desta terça-feira cabe recurso. 

**Colaborou Felipe Machado

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