O policial penal, Jonathas Wilson Moraes Cândido, de 37 anos, teve a prisão preventiva decretada após investigações apontarem o envolvimento dele com quadrilhas especializadas em tráfico de drogas.
O pedido de prisão ocorreu após a investigação ter levantado elementos fortes de que o investigado ajudava, de maneira contínua, líderes de uma facção criminosa. Os indícios indicaram que ele vazava informações secretas e consultava sistemas restritos sem autorização.
Pelo serviço, Jonathas recebia vantagens ilícitas e ainda atuava monitorando bens apreendidos em operações policiais
A decisão judicial aponta que a prisão é necessária para garantir a ordem pública e impedir que o investigado atrapalhe o andamento da investigação. O processo tramita em segredo de justiça.
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Alvo de duas operações
Em julho deste ano, durante a Operação Blindspot, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), o servidor público foi um dos 37 alvos de busca e apreensão cumpridos em municípios de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
Segundo informações obtidas pelo Correio do Estado, Jonathas seria um dos integrantes de uma quadrilha investigada pelo Gaeco, braço do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) , que seria “altamente estruturada, com extensa rede de distribuição de drogas, com vários integrantes”.
Chamado de “clínica geral”, Jonathas foi preso em março de 2022, quando o Gaeco apontou que ele fazia parte de um esquema descoberto em Mato Grosso do Sul, no qual houve a formação do núcleo chamado Sintonia dos Gravatas, uma célula da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
De acordo com o Gaeco, as investigações revelaram a atuação de uma organização criminosa voltada principalmente ao tráfico de cocaína e de pasta-base.
“No início desta investigação, ainda em setembro de 2024, foi possível apreender grande quantidade de drogas que pertenciam a essa organização criminosa e circulavam transportadas em cilindros de oxigênio”, diz nota do MPMS.
Ainda conforme as investigações, a apreensão foi de uma carga com 146,860 quilos de cocaína, 267,990 kg de pasta-base de cocaína, 7,550 kg de haxixe marroquino e 2,250 kg de skunk, totalizando 424,310 kg de entorpecentes.
“O transporte dos entorpecentes é feito, majoritariamente, por meio de caminhões utilizados no transporte rodoviário de cargas, sendo que a logística criminosa se apoia no aliciamento dos motoristas atuantes no setor, que recebem valores para realizar o transporte clandestino de drogas escondidas entre cargas lícitas”, explica em nota.
A organização criminosa, que é altamente estruturada, como afirmou o Gaeco, utiliza “diversas estratégias de ocultação, como o acondicionamento dos entorpecentes em estepes e, conforme constatou na referida apreensão, até mesmo no interior de cilindros de oxigênio adulterados”.
Courrier
A Operação Courrier, deflagrada em março de 2022, prendeu sete pessoas, entre elas estavam os advogados Paula Tatiane Monezzi, Thais de Oliveira Caciano, Bruno Ghizzi e Inaiza Herradon Ferreira, que segundo a investigação formariam o grupo Sintonia dos Gravatas.
Além deles, foram presos: Rodrigo Pereira da Silva, que era chefe de Cartório da 1ª Vara de Execuções Penais de Campo Grande; a traficante Kamila Mendes de Souza; além do policial penal.
Matéria do Correio do Estado da época mostrou que os investigadores do Gaeco citaram a ligação do advogado Bruno Ghizzi (um dos advogados suspeitos de envolvimento com o PCC) com Rodrigo Pereira da Silva Corrêa.
Na peça, é dito que o chefe do Cartório proporcionou a “Bruno Ghizzi acesso à plataforma Sigo e a documentos sigilosos relacionados ao PCC, estes últimos também identificados pela criação de uma pasta, no próprio sistema do Poder Judiciário, com documentos sigilosos referentes a presos que tiveram inclusão nos documentos sigilosos relacionados ao PCC, estes últimos também identificados no Sistema Penitenciários Federal”.
No caso de Jonathas, a investigação apontava que ele recebia dos investigados com o intuito de realizar transferências de determinados presos, entre outras ações dentro do sistema penal.


Mato Grosso do Sul está em alerta para tempestades (Reprodução / Inmet)


