Cidades

12 mil anos atrás

Povos nômades foram os primeiros a pisar nas terras onde hoje é Mato Grosso do Sul

Povos nômades foram os primeiros a pisar nas terras onde hoje é Mato Grosso do Sul

JONES MÁRIO

11/10/2018 - 13h00
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A diversidade da população hoje vista nas ruas dos 79 municípios do Estado reflete a história da ocupação destas terras. A coordenadora do Museu de Arqueologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Emília Kashimoto, classifica a trajetória do povoamento da região como “dinâmica”.

“O povoamento aqui se iniciou há, pelo menos, 12 mil anos, com os povos nômades caçadores-coletores. Vieram do sentido norte-sul, dessa região de Goiás, Mato Grosso, e ocuparam essa porção nordeste de Mato Grosso do Sul, Chapadão do Sul, Água Clara, Alcinópolis, Paranaíba”.

A mistura de culturas no território começa no período pré-colonial. “Teve outra leva migratória, que são os povos que vieram do sul. Essa leva chegou ao sul do Estado, na região de Bela Vista, Maracaju, vindo em direção ao Rio Paraná”, continua Emília.

Indícios da ocupação destas populações estão no Museu de Arqueologia da UFMS. O objeto indicador dos povos oriundos do norte é um raspador, feito de rocha e em formato de lesma, utilizado para raspar madeira, ossos e peles. O “fóssil-guia” da leva migratória do sul é a ponta de flecha, usada para caça e pesca.

Há 1.500 anos, os caçadores-coletores começaram a desaparecer e a dar lugar aos agricultores-ceramistas. Novamente, houve levas que desceram do norte e outras que subiram do sul em direção ao território sul-mato-grossense. Vasilhas cerâmicas de diferentes tamanhos, formatos e acabamentos encontradas em escavações e fundos de cavernas explicam a chegada dos índios guaranis.

O período das grandes navegações, no fim do século 15, impõe novos donos à região, os espanhóis, responsáveis pela primeira frente de conquista e colonização. Os europeus fundam povoados e cidades como Assunção, capital do Paraguai, país ao qual parte das terras sul-mato-grossenses pertenceu até a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870).

Para a professora e doutora em História Alisolete Antônia Weingartner, a presença destas populações na identidade sul-mato-grossense está refletida na mesa das famílias. “A forte influência indígena, Acompanhada da herança hispano-guarani, estão representadas por hábitos alimentares, como o tereré, a mandioca, a sopa paraguaia, a guariroba, o pequi, o urucum”.

Típica combinação nos finais de semana do sul-mato-grossense, a mandioca encontra o churrasco no fim do século 19. É quando, de acordo com Alisolete, gaúchos fogem da Revolução Federalista de 1893 e se instalam no sul de Mato Grosso. Em outras regiões do País, a raiz cozida não é diretamente associada à carne assada.

“Você comer um espetinho com a mandioca. Isso é muito sul-mato-grossense. Na Feira Central, você tem o sobá. Esse nosso sobá não é exatamente  o mesmo sobá que se consome lá no Japão”, reforça a historiadora.

Pecuária, a base 

A matéria-prima para o sagrado churrasco é a grande riqueza e a base da economia no início do povoamento definitivo do sul de Mato Grosso, conforme escreveu Terezinha Lima Tolentino, no livro “Ocupação do Sul de Mato Grosso: Antes e Depois da Guerra da Tríplice Aliança”. Entre 1628 e 1648, todas as missões jesuíticas espanholas foram destruídas por bandeirantes, que descobriram ouro próximo ao que hoje é a cidade de Cuiabá (MT).

A perseguição e o aprisionamento dos indígenas retardaram o povoamento do território sul-mato-grossense. Os nativos eram levados como escravos para lavouras do Sudeste e do Nordeste. A região passou a servir de entreposto para os portugueses que exploravam o minério no norte de Mato Grosso.

A ocupação do sul foi restabelecida com a introdução do gado bovino, no início do século 18. Famílias adentraram o território pela curva do Triângulo Mineiro e encontraram aqui condições propícias à reprodução dos rebanhos. A população fixou-se em torno das grandes fazendas de criação.

Hoje, o rebanho bovino do Estado é o quarto maior do País, com 21,4 milhões de cabeças, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A identidade de Mato Grosso do Sul talvez seja um mosaico. A partir do seu processo histórico, constituiu-se um mosaico de diferentes contribuições de áreas distintas”, resume Emília Kashimoto, aproveitando-se da expressão do também arqueólogo, Gilson Rodolfo Martins.

Já para Alisolete, “essa miscigenação é a cultura sul-mato-grossense”. “Nosso Estado tem a beleza dessa culturalidade, dessa interação que a gente vive. A nossa identidade cultural está na heterogeneidade da população, do modo de viver na sua coletividade”, conclui. 

 

Educação

Enade: inscritos devem responder questionários até 23h59 de hoje

Exame teórico será aplicado neste domingo

23/11/2024 20h00

Estudante com prova do Enade

Estudante com prova do Enade Foto: UFT/Divulgação

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Os estudantes que farão o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2024 das Licenciaturas neste domingo (24) devem responder ao Questionário do Estudante até as 23h59 (horário de Brasília) deste sábado (23).

A prova teórica será aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para 283.550 inscritos.

O questionário do Estudante coleta informações que permitam caracterizar o perfil dos estudantes e o contexto de sua formação acadêmica, consideradas pelo Inep como relevantes para a compreensão dos resultados teóricos e práticos dos estudantes no Enade e para subsidiar os processos de avaliação dos cursos de graduação.

O preenchimento completo do Questionário do Estudante é um dos itens que caracteriza a efetiva participação do estudante no exame.

Anualmente, a inscrição no Enade é obrigatória para todos os estudantes de cursos de licenciatura habilitados à avaliação teórica ou à avaliação prática, vinculados às áreas avaliadas, conforme o edital.

A partir desta edição, o exame passa a ter dois tipos de avaliação: a teórica, tradicionalmente realizada, e a nova prova prática dos estudantes de graduações direcionadas à docência.

Cada uma das avaliações terá um cronograma específico.

Áreas de conhecimento avaliadas

O exame das licenciaturas será aplicado em cursos de 17 áreas de conhecimento diferentes. A edição de 2024 avaliará licenciaturas das áreas de artes visuais; ciências biológicas; ciências sociais; computação; educação física; filosofia; física; geografia; história; letras (inglês); letras (português); letras (português e espanhol); letras (português e inglês); matemática; música; pedagogia e química.

O exame terá foco na avaliação dos cursos que formam professores para a educação básica. O Inep informa que o objetivo é aprimorar as avaliações e a formação de docentes no Brasil.

Aplicação da prova
Para saber o local de aplicação da prova, bem como obter informação sobre atendimento especializado e tratamento pelo nome social, quando for o caso, o participante deve acessar o Cartão de Confirmação de Inscrição, disponível no Sistema Enade, com CPF . O acesso ao documento só é liberado após o preenchimento do Questionário do Estudante.

Neste domingo, os portões de acesso aos locais de provas serão abertos às 12h (horário de Brasília) e fechados às 13h. O início da aplicação será às 13h30, com encerramento às 18h para os participantes regulares. Os estudantes que solicitaram tempo adicional e tiveram o pedido aprovado pelo Inep terão mais uma hora para finalizar a prova.

Orientações para o Enade 2024

Neste domingo, o participante deverá comparecer ao local das provas com caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente, Cartão de Confirmação de Inscrição e documento de identidade original com foto válido.

Antes da participação na prova, é importante que o inscrito guarde, no envelope porta-objetos, o telefone celular e quaisquer outros aparelhos eletrônicos desligados, além de óculos escuros e artigos de chapelaria (boné, chapéu, gorro ou similares), e material de papelaria (caneta de material não transparente, lápis, réguas e borracha, entre outros).

Também não é permitido ficar com celulares e quaisquer outros aparelhos eletrônicos descritos no edital ou fone de ouvido.

O envelope porta-objetos deve ser mantido, durante todo o período de prova, debaixo da carteira, lacrado e identificado.

Enade

Realizado anualmente pelo Inep, o Enade é um dos componentes do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes).

O exame avalia o rendimento dos concluintes dos cursos de graduação em relação aos conteúdos previstos nas diretrizes curriculares, o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para formação geral e profissional, bem como o nível de atualização dos estudantes com relação à realidade brasileira e mundial.

Decisão

Caixa demite ex-vice-presidente por assédio sexual e moral

Decisão foi publicada no Diário Oficial da União

23/11/2024 18h00

Agência bancária da Caixa Econômica Federal

Agência bancária da Caixa Econômica Federal Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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Por determinação da Controladoria-Geral da União (CGU), a Caixa Econômica Federal demitiu, por justa causa, o ex-vice-presidente Antônio Carlos Ferreira de Sousa. Funcionário de carreira do banco, ele estava afastado do cargo desde julho de 2022, quando sugiram denúncias de assédio sexual e moral durante a presidência de Pedro Guimarães, que comandou o banco entre 2019 e 2022.

A CGU publicou na sexta-feira (22) a portaria do desligamento no Diário Oficial da União. Durante a gestão de Guimarães, Sousa foi vice-presidente de Estratégia de Pessoas e de Logística e Operações.

Além da demissão, o ex-vice-presidente está impedido de ocupar cargos comissionados ou funções de confiança no Poder Executivo Federal por 8 anos. Desde a divulgação das denúncias, Sousa estava afastado do cargo, mas continuava a trabalhar na Caixa.

Na época da divulgação das acusações de assédio moral e sexual por Pedro Guimarães, que pediu demissão em junho de 2022, a Caixa criou um canal interno de denúncias. Com base nos relatos recebidos no Contato Seguro da Caixa, o banco investigou os casos e constatou várias ocorrências de assédio por parte de Sousa.

Em nota, a Caixa afirma que não tolera nenhum tipo de assédio por parte de dirigentes ou empregados. O banco também informou ter começado a investigar os casos por meio da corregedoria interna e que o processo seguiu as regras de administração pública.

“Com a finalização das investigações feitas dentro dos ritos da governança, o banco enviou o relatório conclusivo à Controladoria-Geral da União (CGU) em outubro de 2023. O ex-dirigente já estava afastado do cargo desde julho de 2022. Com a ciência da decisão da CGU, a Caixa iniciará as providências devidas para o cumprimento”, informou a assessoria de imprensa do banco.

Histórico
Em junho de 2022, surgiram denúncias em série de casos de assédio sexual e moral durante a gestão de Pedro Guimarães na Caixa. Imediatamente após a divulgação dos relatos, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho passaram a investigar os casos. Além do então presidente, vice-presidentes e diretores foram acusados.

Guimarães pediu demissão no dia seguinte à publicação das denúncias, e outros vice-presidentes do banco renunciaram em seguida.

Desdobramentos

Em março de 2023, Guimarães virou réu por denúncias de assédio sexual e moral feitas por funcionárias da Caixa. A ação tramita sob sigilo, e a defesa do executivo nega as acusações.

Em uma outra ação, movida pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a Caixa foi condenada a pagar R$ 3,5 milhões de indenização por um evento no interior de São Paulo em que Guimarães obrigou funcionários a fazer flexões em estilo militar.

Acordos

Em abril do ano passado, a Caixa fechou um acordo com o Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal para pagar uma indenização de R$ 10 milhões para encerrar a denúncia das funcionárias. Em janeiro deste ano, o banco assinou um termo de ajuste de conduta (TAC), que concedeu vantagens em processos internos de seleção a funcionários que sofreram perseguição na gestão de Guimarães.

O banco foi condenado em outros processos em São Paulo, no Amazonas e no Distrito Federal. Somadas as condenações e os TAC, o banco até agora desembolsou cerca de R$ 14 milhões em indenizações, que poderiam ser mais altas se não houvesse acordo. Sem eles, a instituição financeira teria de pagar multa de até R$ 300 milhões. No ano passado, a Caixa informou que cobraria de Pedro Guimarães, na Justiça, o dinheiro das indenizações.

Em março deste ano, a Comissão de Ética da Presidência da República aplicou uma “censura ética” a Guimarães. Aplicada a autoridades que deixaram o cargo, a penalidade prevê apenas advertência. A ação contra Guimarães na Justiça Federal ainda está na fase de audiências.

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