A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patriota), afirmou ao Correio do Estado que a existência dos contracheques ocultos do alto escalão da prefeitura é uma herança da gestão passada.
Ela assumiu a prefeitura em abril deste ano, quando Marquinhos Trad (PSD) deixou o comando da cidade para se candidatar ao governo do Estado.
De acordo com Adriane, ela recebeu a prefeitura já com esses pagamentos “por fora” para secretários do município, mas afirmou que essa situação deve ser corrigida por reforma administrativa que já está em andamento.
“Eu assumi a gestão [em abril] e como ela vinha sendo conduzida, nós assumimos e ela continuou. Agora tem uma reforma administrativa proposta este mês ainda, nós estamos executando essa reforma e, se você observar, fizemos algumas exonerações. Tem muitas mudanças para acontecer até o dia 31 de dezembro, e isso tudo está no contexto da reforma administrativa que nós estamos fazendo”, declarou Adriane durante agenda na manhã de ontem.
A denúncia sobre os contracheques ocultos foi feita pelo Correio do Estado na segunda-feira (19).
De acordo com documentos, os quais a reportagem teve acesso, secretários municipais tinham ganhos de até R$ 51,7 mil (R$ 54,7 mil no valor bruto) mensais com o acréscimo de jetons e de outras verbas em contracheques que não constavam no Portal da Transparência da Prefeitura de Campo Grande.
No primeiro contracheque, em que o servidor ou a servidora faz jus à sua função de secretário municipal, foram pagos R$ 17.285,85 líquidos no mês de novembro, já o segundo contracheque, que não aparece no portal da transparência, garante ao ocupante do cargo do primeiro escalão, em rubricas especiais, mais R$ 34.454,00.
Para o crescimento do salário mensal, são aplicadas entre as verbas extras os jetons, que são quantias que o poder público paga para pessoas que participam de conselhos deliberativos (normalmente elas participam de reuniões).
CPI
Por conta da denúncia feita pelo Correio do Estado, os vereadores de Campo Grande chegaram a discutir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a situação.
A medida foi apontada durante a última sessão do ano, realizada nessa terça-feira.
A investigação, no entanto, só seria proposta a partir de fevereiro de 2023, quando acaba o recesso parlamentar.
Segundo o presidente da Câmara Municipal, Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão, a prefeita se comprometeu a encerrar o pagamento dessas verbas adicionais aos secretários ainda neste ano, o que pode evitar que a investigação tenha andamento no próximo ano.




