Campo Grande amanheceu avaliando os estragos causados pelas fortes chuvas de quarta-feira. Na manhã de ontem, Rudi Fiorese, titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), esteve no Lago do Amor, onde uma barragem foi derrubada em função da força da água, e comentou que a prefeitura avalia decretar estado de emergência.
“A equipe jurídica do gabinete da prefeita está fazendo a avaliação [da situação] depois do temporal”, disse o secretário. As limpezas em diversos pontos da Capital já começaram, e Rudi afirma que as equipes estarão nas ruas até todas as vias estarem desobstruídas.
Além disso, Fiorese também comentou que um projeto já foi contratado para evitar que novos alagamentos ocorram na rotatória da Avenida Rachid Neder.
“A solução é a construção de barragens acima da rotatória. Está sendo feito o projeto, e depois vem a fase de captação de recursos dessas barragens. Ali, a solução encontrada é essa, porque essas barragens fazem uma regulação e, no pico da chuva, retêm a água e vão soltando aos poucos”, explicou Fiorese.
A respeito da situação no Lago do Amor, o secretário comentou que o local é o que mais demandará intervenção do município, mas ainda sem prazo para a execução. Estudos ainda estão sendo feitos, e a questão ambiental será discutida com os responsáveis.
“Ainda é cedo, a gente está fazendo o levantamento. Precisamos analisar se é só essa parte do muro que caiu, se a outra parte existente está íntegra e se será possível reaproveitar a estrutura já feita ou não”, comentou.
PROBLEMAS
Os bairros Noroeste e Nova Lima tiveram problemas estruturais com a abertura de crateras. Segundo Fiorese, como são regiões que não contam com pavimentação, o solo arenoso do local é propício para as rachaduras no chão.
O Parque das Nações também foi um dos locais que chamou a atenção das autoridades de segurança e infraestrutura após a ocorrência das chuvas. A Prefeitura de Campo Grande está construindo uma bacia de contenção no Córrego Réveillon, que, quando finalizada, auxiliará na drenagem da região.
“Lembrando que nessa questão de drenagem a gente sempre tem de tomar cuidado de falar de solução do problema, porque pode vir uma chuva totalmente atípica, como foi a de ontem [quarta-feira], de chover mais de 60% do volume do mês em 12 horas, e aí não tem sistema que suporte tanta água em tão pouco tempo”, disse Fiorese.
Jaime Verruck, titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), esteve no Parque das Nações nesta quinta-feira, para avaliar a situação.
“Tivemos problemas na rede de energia elétrica e rompimento da cerca em dois pontos. Vamos fazer uma contratação emergencial para proceder esses reparos”, disse o secretário.
Além disso, uma limpeza em esquema emergencial deverá ser feita no lago de contenção, que fica acima do lago principal do parque. De acordo com Verruck, a medida é para evitar novos assoreamentos.
O governo do Estado também informou que pediu celeridade à prefeitura para a conclusão das obras da bacia no Córrego Réveillon, que se une ao Prosa dentro do Parque das Nações Indígenas.
“É por ali que está chegando uma grande quantidade de resíduos ao lado principal do parque”, disse Verruck.
PREJUÍZO
O rompimento da bacia de contenção da Vila Nasser foi um dos principais motivos da enxurrada que derrubou o muro da casa da advogada Ana Paula Oliveira, que estava em viagem com a irmã.
Na residência em que vivem as irmãs, estavam os pais, que conseguiram escapar da força da água ao perceberem que o muro cederia.
“Eles estão bem, graças a Deus, foi um milagre, era para ter sido uma tragédia maior”, comentou Ana Paula.
A casa teve o muro lateral derrubado e móveis e eletrodomésticos arrastados para a rua pela enxurrada.
Entretanto, a advogada informou que o presidente do bairro já havia solicitado à prefeitura limpezas na bacia de contenção, que transbordou.
“Os bueiros estavam tampados, sem limpeza, com mato. O presidente do bairro já deve ter três chamados abertos na prefeitura com pedidos”, disse a moradora.
Além do transbordamento da bacia de contenção, a obra em uma casa vizinha ao terreno foi outro fator determinante para o ocorrido.
A advogada acredita que os responsáveis pela construção deveriam ter feito uma estrutura para proteger o muro de sua residência, mas não fizeram, e uma espécie de “piscina” foi criada durante a chuva e acabou transbordando sobre o muro de Ana Paula.
Ontem a dona do imóvel informou que recebeu a Sisep e a Defesa Civil, que realizaram uma vistoria no local. As irmãs aguardam o parecer para decidir quais são os próximos passos da família.
"Nós queremos da prefeitura que ela faça a obra nesse muro de contenção e que os vizinhos também façam o que tem de ser feito para que a gente possa fechar a nossa casa”, afirmou Ana Paula.
A advogada e seus familiares estão usando as redes sociais para solicitar ajuda para a reconstrução da casa.
“A gente pretende, por enquanto, pelo menos fechar ali, refazer, porque a Defesa Civil não embargou tudo”, relatou. Os interessados podem realizar doações por meio de Pix (67996341893 – telefone celular), que está em nome de Donald Inácio Pires.