Cidades

INVESTIGAÇÃO

Prefeitura tem 15 dias para montar plano e reduzir escassez de leitos na Capital

Em setembro, o MPMS definiu um prazo de 45 dias para o Executivo apresentar propostas para sanar a falta de vagas

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Com o caos na Saúde há meses, a Prefeitura de Campo Grande tem mais 15 dias para apresentar um levantamento sobre a escassez de leitos hospitalares e uma solução para o problema que afeta a Capital, conforme ficou acordado em audiência judicial no início de setembro.

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) se reuniu, nesta quinta-feira, com os Executivos municipal e estadual para tratar da questão dos leitos na Capital.

Essa audiência foi proposta pelo órgão fiscalizador diante de ação civil pública movida desde 2014, que tem como objeto a “ampliação do número de leitos gerais (clínicos e cirúrgicos) e de UTI adulto e infantil na Capital, diante do deficit histórico de vagas hospitalares na rede pública e da consequente sobrecarga das unidades de urgência e emergência”.

Na audiência judicial foi decidido a suspensão do processo por 90 dias, justamente para as partes chegarem a um acordo. Com isso, o Município se comprometeu a apresentar, dentro de 45 dias, um levantamento atualizado da necessidade de leitos hospitalares e propostas de ações estruturantes para a diminuição da crise. 

Como se passou um mês desde a tratativa, restam duas semanas – até o dia 24 – para a prefeitura apresentar o plano.

Também ficou marcado um novo encontro entre as partes no dia 16 de dezembro, a fim de avaliar se as medidas prometidas pelo Executivo estão sendo implementadas e efetivas e dar continuidade às tratativas.

À reportagem, o MPMS informou que há 128 procedimentos em andamento na Promotoria de Justiça de Saúde Pública de Campo Grande voltados à fiscalização, defesa e aprimoramento da política pública de Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Sobre os assuntos mais recorrentes, destacam-se procedimentos relacionados aos hospitais públicos e conveniados, à demanda reprimida de consultas, exames e procedimentos cirúrgicos, bem como irregularidades em Unidades de Saúde da Família (USFs), Centros de Especialidades Médicas e demais serviços que integram a rede de saúde”, afirmou o órgão.

O Correio do Estado publicou matérias nos últimos dias escancarando a deficiência que permeia a Saúde campo-grandense, principalmente neste momento, sem secretário definitivo há mais de um mês.

A reportagem entrou em contato com a prefeitura para saber como está o desenvolvimento deste plano e a previsão de apresentação ao MPMS. Porém, até o fechamento desta edição, não houve retorno. 

Na prática, esta será a primeira “contribuição” do Comitê Gestor da Saúde para Campo Grande, visto que, até o momento, não apresentou nenhuma proposta para dirimir o colapso nos leitos ou a crise no setor.

JUDICIALIZAÇÃO

Além de diversas ações do MPMS, a Saúde de Campo Grande tem gerado mais trabalho ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). No ano passado, foram 1.090 notas técnicas elaboradas pelo Núcleo de Apoio Técnico ao Judiciário (NatJus) envolvendo demandas por leitos hospitalares.

Já de janeiro a julho deste ano – cinco meses a menos do que o período analisado do ano passado – foram 1.114 notas técnicas. Porém, o que chama a atenção são os dados de pedidos de judicialização de agosto até agora: 435 em aproximadamente 70 dias (cerca de 6 pedidos por dia).

Em resumo, o Poder Judiciário registrou um aumento de 42% nas demandas recebidas acerca de leitos hospitalares de 2024 a este ano. Os dados foram fornecidos pelo Comitê Estadual de Mato Grosso do Sul do Fórum Nacional da Saúde do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

MAIS DINHEIRO 

A falta de leitos passa pela crise financeira alegada pela Santa Casa de Campo Grande. Na manhã desta sexta-feira, o hospital anunciou que foi à Justiça cobrar reajuste no contrato com a prefeitura, que está “congelado” desde 2023, o que impossibilita pagamento de dívidas milionárias com fornecedores, funcionários terceirizados e contas de energia. Atualmente em R$ 32,7 milhões, o valor não seria suficiente para suportar a demanda da Santa Casa.

Nesse cenário, o maior hospital de Mato Grosso do Sul pediu na Justiça a renovação do convênio (que teria se encerrado em agosto), corrigido para R$ 45,9 milhões, e a recomposição retroativa do repasse referente aos últimos dois anos sem reajuste.

Sobre a ação, a Justiça negou que o acordo seja no valor de R$ 45.946.359,89 mensais, mas determinou que um novo contrato seja firmado dentro de 30 dias. Para a imprensa, a presidente da Santa Casa, Alir Terra, afirmou que o prazo de 30 dias é para que seja feita uma negociação entre o hospital, a Prefeitura de Campo Grande e o Poder Judiciário, com o objetivo de resolver a situação.

Em resposta ao problema financeiro trazido pela Santa Casa, Ronaldo de Souza Costa, superintendente estadual do Ministério da Saúde, afirmou estar surpreso com a situação do hospital, visto que o repasse mensal da Pasta à instituição é de R$ 15 milhões, isso apenas em recursos ordinários.

“Eu acredito que o Município tem que gerenciar melhor o repasse dos recursos e monitorar também a oferta de serviços, porque a gente sabe que aqui, em Campo Grande, a gente tem uma demanda reprimida que é permanente, no sentido de ofertar serviço especializado para a população. E a Santa Casa não é por falta de recurso que não atende, porque ela recebe bastante recurso”, destaca o superintendente.

Além disso, Ronaldo Costa também criticou a postura da Santa Casa, ao dizer que atender demandas vindas do interior atrapalharia a logística do hospital.

“Ela recebe o paciente porque recebe o recurso também. Um hospital mais simples não recebe o que a Santa Casa recebe. Então, essa questão não se justifica”, completa.

Como relatado nas últimas matérias no decorrer desta semana, a Santa Casa conta com 637 leitos para a saúde pública, ou seja, o SUS – 609, entre UTI e enfermarias, 23 leitos de pronto-socorro e 8 de unidade coronariana –, dos quais 80,87% estão ocupados.

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Memorando de Entendimento

MS será palco de 'teste agropecuário' com a Google

Agronegócio sul-mato-grossense tende a ser beneficiado com este acordo, sendo palco de testes para modelos que visem elevar os níveis de produtividade, além de apoiar decisões do produtor 

06/12/2025 13h30

A inteligência artificial no campo, segundo o Governo do Estado, pode otimizar toda a cadeia produtiva, aprimorando por exemplo, entre outros pontos, até mesmo a previsão climática. 

A inteligência artificial no campo, segundo o Governo do Estado, pode otimizar toda a cadeia produtiva, aprimorando por exemplo, entre outros pontos, até mesmo a previsão climática.  Reprodução//Secom-GovMS/Saul Schramm

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Através de um acordo de cooperação técnica assinado recentemente, Mato Grosso do Sul está prestes a se tornar palco de um "teste agropecuário" com o Google. 

O Memorando de Entendimento (MoU) assinado com a Google Brasil, conforme o Governo de MS em nota, prevê "cooperação em tecnologia, inteligência artificial e infraestrutura em nuvem, envolvendo áreas essenciais da administração pública". 

Distante aproximadamente uns 980 quilômetros da Capital, o governador de Mato Grosso do Sul viajou com sua equipe de secretários de Estado - Rodrigo Perez (Governo e Gestão Estratégica) e Jaime Verruck (Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) -  até o "coração" da popular Faria Lima, para reunião com executivos da empresa na sede da Google. 

Durante assinatura, Riedel relembrou o foco do Executivo sul-mato-grossense na transformação digital, que ele diz ser fundamental para a "efetividade da gestão estratégica sair do papel e ser executada", alcançando finalmente a população. 

Entre todos os focos a serem abordados, o agronegócio sul-mato-grossense tende a ser beneficiado com este acordo, sendo palco de testes para modelos que visem elevar os níveis de produtividade, além de apoiar as decisões do produtor. 

A inteligência artificial no campo, segundo o Governo do Estado, pode otimizar toda a cadeia produtiva, aprimorando por exemplo, entre outros pontos, até mesmo a previsão climática. 

Em complemento Fábio Coelho, presidente do Google Brasil, apontou os índices de crescimento econômico e social sul-mato-grossense, que só tendem a melhorar com as ações de modernização e otimização de políticas públicas que passarão a contar com maior amparo tecnológico. 

"Mato Grosso do Sul já é uma potência no agronegócio e a tecnologia pode ser uma aliada para o crescimento do Estado. Queremos apoiar o Governo do Estado a levar o impacto positivo da tecnologia para a população", disse o executivo em nota. 

Demais áreas

Além do campo, as tecnologias do Google também devem ser aplicadas nas mais diversas áreas, possibilitando um melhor desempenho para alunos e até aumentando a eficiência administrativa das unidades escolares da Rede Estadual de Ensino (REE). 

As chamadas soluções de nuvem (para armazenamento de dados e sistemas online) e machine learning (aprendizado de máquina) permitiram um avanço na organização de dados, por parte da gestão pública, além de trazer mais transparência e economia dos recursos.

Toda essa nova base de dados permitirá, ainda, no futuro, que novas aplicações da Inteligência Artificial sejam integradas aos serviços essenciais à população, beneficiando áreas como saúde, segurança e finanças, como bem cita o Governo do Estado. 

Na visão do Executivo de MS, esse novo acordo é tido como um passo decisivo rumo a uma administração mais moderna, inteligente e conectada às necessidades da população. 
**(Com assessoria)

 

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SEM ACORDO

Dentistas negam proposta de Adriane Lopes e podem virar ano em greve

Categoria está em estado de greve desde o dia 15 de novembro, e acordo com o executivo municipal ainda está 'longe' de acontecer

06/12/2025 12h30

Proposta da Prefeitura foi abaixo do esperado pela classe, que recusou em Assembleia nesta sexta-feira (5)

Proposta da Prefeitura foi abaixo do esperado pela classe, que recusou em Assembleia nesta sexta-feira (5) Foto: Divulgação/Sioms

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Há cerca de 20 dias em estado de greve, os dentistas que trabalham na rede pública de Campo Grande negaram a proposta da Prefeitura e indicaram entrar em greve a partir do dia 17 de dezembro, seguindo assim por 30 dias caso não haja acordo com o executivo municipal.

Desde o dia 15 de novembro, o Sindicato dos Odontologistas de Mato Grosso do Sul (Sioms) e a Prefeitura Municipal de Campo Grande estão em sério debate sobre o descumprimento judicial referente ao reposicionamento do plano de cargos e carreiras, provisionado desde 2022.

Nesta última semana, o executivo enviou uma proposta à categoria, para tentar chegar a um acordo antes que uma paralisação ocorra.

Sobre o reposicionamento do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR):

  • 30% dos reflexos financeiros no mês de maio de 2026;
  • 35% no mês de maio de 2027;
  • 35% no mês de fevereiro de 2028;

Já sobre o auxílio alimentação:

  • 50% dos reflexos financeiros no mês de outubro de 2027;
  • 50% no mês de março de 2028;

Sobre o índice inflacionário, a Prefeitura pontuou “estar impossibilitada por questões legais”.

Porém, a proposta foi negada pela categoria. Na assembleia desta sexta-feira (5), além de votar sobre o acordo ou não com o executivo, os dentistas também indicaram data para a greve, iniciando-se no dia 17 de dezembro e durando cerca de 30 dias, ou seja, até dia 17 de janeiro. Todavia, a data é passível de alteração e até anulação caso as partes entrem em acordo.

“Haverá um cuidado, que foi discutido nesta Assembleia, para não haver prejuízos à população, tanto que 100% dos atendimentos em plantões, sejam ambulatoriais ou emergenciais, vão continuar em funcionamento. Então, a população que tiver alguma situação de dor ou de procura do cirurgião-dentista da unidade de saúde, de emergência, terá seu atendimento garantido”, explica o presidente do Sioms David Chadid.

Novela

A categoria afirma que o movimento é consequência do descumprimento, por parte da gestão municipal, do prazo judicial para efetivar o reposicionamento salarial determinado pela Justiça, decisão já confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Desde maio deste ano, a categoria busca reaver ajustes salariais que ficam entre 15% e 68%.

O descumprimento da liminar que garante a progressão vertical da carreira foi considerado o estopim para a organização da assembleia, uma vez que, segundo o sindicato, os profissionais estão há três anos sem atualização salarial e a não regulamentação do auxílio-alimentação.

Entre os pedidos, os sindicalistas querem a implementação a partir de abril de 2026 de auxílio alimentação de R$ 800, além de reposição de 15% sobre os pagamentos de plantões a partir de setembro do próximo ano - sendo os dois últimos pedidos escalonados em duas parcelas. 

Além de reposições salariais, a categoria também está pedindo melhores condições de trabalho. Em uma assembleia recente, cerca de 100 dentistas relataram condições precárias de trabalho nas unidades municipais de saúde, incluindo compressores quebrados, falta de insumos básicos, como luvas e rolinhos de algodão, além da pressão crescente sobre os profissionais, fatores que, segundo o sindicato, impactam diretamente a qualidade do atendimento à população.

*Colaborou Alison Silva

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