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EDUCAÇÃO

Proibidos em salas de aula de MS, celulares deverão ficar nas mochilas

Estudantes que descumprirem a nova determinação poderão sofrer punições, como suspensão ou até mesmo ter o aparelho confiscado pelo professor

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Com os celulares restritos em todas as salas de aula de Mato Grosso do Sul já a partir do início de fevereiro, o novo “lar” dos aparelhos será, ao máximo, a mochila dos próprios alunos. É o que aponta a resolução a ser anunciada pela Secretaria de Estado de Educação (SED) na primeira semana do mês que vem.

Quem tentar burlar a medida, a qual abrange todas as etapas da Educação Básica, poderá ter o aparelho pessoal confiscado pela direção da própria instituição de ensino.

A medida se estenderá durante as aulas, os intervalos e o período de recreio, sob a justificativa de “salvaguardar a saúde mental, física e psíquica de crianças e adolescentes”.

“Os alunos que não cumprirem podem sofrer as punições já previstas no próprio regimento das escolas – não criaremos nenhuma regra nova. Advertências, suspensão e, em último caso, a escola poderá recolher esse bem, o que é um problema, pois é um bem privado”, afirmou ao Correio do Estado o titular da SED, Hélio Daher.

O secretário destacou que a medida vai alterar uma cultura vigente, visto que o uso do aparelho celular se tornou cada vez mais proeminente, sobretudo entre os mais jovens.

O líder da Pasta disse que a manutenção do aparelho celular por parte do aluno é uma questão de segurança para os jovens, uma vez que, segundo ele, as orientações terão cunho pedagógico, “sobretudo no sentido de orientar os professores e as famílias dos alunos”.

Além do caráter pedagógico, os alunos poderão recorrer ao uso dos aparelhos celulares somente em casos de aviso prévio e sob o aval dos professores em sala de aula. Com a mudança, os contatos de urgência deverão, de acordo com Daher, ocorrer à moda antiga.

“Com a mudança, é claro que vamos gerar atrito entre os alunos, temos problemas com 
o vício de tela, mas antigamente os comunicados eram realizados diretamente com a escola, então não será uma coisa nova”, frisou.

Atualmente, a lei passa pela sua regulamentação, que deve acontecer no Conselho Nacional de Educação (CNE) e no Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul (CEE-MS).

Sancionado na terça-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Projeto de Lei nº 4.932/2024 deverá ser aderido pelas 27 unidades da Federação, medida que abarca estudantes da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

A Pasta espera concluir essa regulamentação até o fim deste mês, uma vez que no dia 3 de fevereiro tem início a formação dos professores da Rede Estadual de Ensino (REE), momento em que eles deverão ser orientados sobre cada ponto da nova lei e de como cumpri-la.

No caso das escolas municipais de Mato Grosso do Sul e das instituições de ensino particulares, a regulamentação necessária será realizada pelo CEE-MS.

A LEI

Formulada em 2015, a lei é de autoria do deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS) e define como sala de aula todos os espaços escolares nos quais são desenvolvidas atividades pedagógicas sob a orientação de profissionais de educação.

Apesar da proibição, a lei terá exceção em casos em que os alunos necessitem da tecnologia para o desenvolvimento, a inclusão e a evolução pedagógica.

“Será permitido o uso de aparelhos eletrônicos portáteis por estudantes da Educação Básica, dentro ou fora da sala de aula, quando se destine a garantir a acessibilidade, a inclusão e os direitos fundamentais, bem como para atender às condições de saúde dos estudantes”, diz trecho da lei.

Em contrapartida, caberá às instituições de ensino e às escolas elaborarem estratégias para tratar ao que o texto do projeto classificou como “sofrimento psíquico e da saúde mental dos estudantes” e oferecer treinamentos periódicos para a detecção, a prevenção e a abordagem de sinais sugestivos de sofrimento psíquico e mental e de efeitos do uso dos aparelhos celulares de forma indiscriminada por parte dos alunos.

No mesmo sentido, o ambiente escolar será responsável por disponibilizar espaços de escuta e acolhimento para receberem estudantes ou funcionários que estejam em sofrimento psíquico e mental 

“decorrente principalmente do uso imoderado de telas” e em função da nomofobia – termo utilizado para designar aqueles que sofrem de ansiedade ou medo pela falta do uso dos celulares.

O projeto frisa que o uso desregulado de celulares e aparelhos eletrônicos pode estar relacionado a distúrbios de ansiedade, transtornos alimentares e depressão, “especialmente com o uso de redes sociais”.

Conforme o projeto de lei, as restrições devem estimular a produção humana, a criatividade e o pensamento crítico, valorizar a prática esportiva presencial, incentivar a fruição e a participação nas manifestações artísticas e culturais e, sobretudo, abrir oportunidades de convívio e de interação olho no olho, essenciais para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais.

“É uma medida necessária. O uso do celular da forma que estava era descontrolado, tira a atenção do aluno e prejudica uma das principais funções da escola: a socialização com colegas e com um grupo heterogêneo”, classificou Daher.

SAIBA

Os alunos que não cumprirem as orientações previstas em lei poderão ter seus celulares apreendidos, sofrer advertências ou até mesmo ser suspenso da unidade de ensino.

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TEMPO

Temperatura acima de 40ºC aumenta risco de morte entre idosos, aponta estudo da Fiocruz

No Rio de Janeiro, a temperatura pode atingir 43ºC na terça (18), um nível inédito de calor

16/02/2025 22h00

Foto: Agência Brasil

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Em meio às previsões de calor intenso para os próximos dias, um novo estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) mostra que a exposição a temperaturas acima de 40ºC por quatro horas ou mais estão associadas a um aumento de 50% de mortalidade por doenças como hipertensão, diabetes, Alzheimer, insuficiência renal e infecção do trato urinário entre idosos.

No trabalho, foram analisados todos os 466 mil registros de mortes naturais ocorridas no Rio de Janeiro entre 2012 e 2024, e mais de 390 mil mortes por 17 causas selecionadas —das quais, 12 tiveram alta da mortalidade para idosos no calor extremo. O artigo foi publicado como preprint na plataforma MedRxive submetido a revistas científicas internacionais.

No Rio de Janeiro, a temperatura pode atingir 43ºC na terça (18), um nível inédito de calor, segundo anunciou a prefeitura nesta domingo (16). Caso isso ocorra, medidas como a suspensão de atividades físicas ao ar livre e mudanças nas escolas municipais podem ser determinadas. No estudo da Fiocruz, os números foram analisados separadamente conforme a classificação de níveis de calor (NC) do Protocolo de Calor da Prefeitura do Rio, lançado no ano passado.

Os NCs variam de 1 a 5 e indicam riscos e ações que devem ser tomadas em cada um deles. O registro de nível de calor 4 é quando a temperatura é superior a 40°C por quatro horas ou mais. Já o nível 5 equivale a duas horas com índice de calor igual ou acima de 44°C.

Nessa situação, o mesmo aumento da mortalidade foi observado e agravado conforme o número de horas aumenta, de acordo com o estudo. Segundo o pesquisador João Henrique de Araujo Morais, autor principal do trabalho e doutorando na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fiocruz, o estudo confirma o que outros trabalhos já demonstraram: níveis extremos de calor são um risco real, especialmente para idosos e pessoas com doenças como as mencionadas acima.

Porém, um dos diferenciais da pesquisa foi ter desenvolvido uma nova forma de medir a exposição ao calor e os riscos relacionados, com a criação de uma métrica chamada "Área de Exposição ao Calor" (AEC). Essa medida considera também o tempo que uma pessoa fica exposta ao calor, o que outras métricas, como temperatura média ou sensação térmica média, não levam em conta.

Esse tempo de exposição ao calor intenso tem uma ligação importante com a mortalidade, especialmente entre as pessoas mais vulneráveis. O estudo ilustra a métrica usando como exemplo a onda de calor de novembro de 2023.

Em 17 de novembro, dia em que a jovem Ana Clara Benevides, 23, morreu após passar mal no estádio Nilton Santos, onde a cantora Taylor Swift se apresentou, o índice de calor no Rio ficou acima de 44°C por oito horas, gerando um recorde de AEC.

A sensação térmica no estádio Nilton Santos, porém, era de 60ºC. De acordo com trabalho, no dia seguinte, 18 de novembro, foi registrado o maior número de mortes de idosos por causas específicas: 151 no total.

Segundo o pesquisador, a ferramenta que se mostrou mais eficiente do que outras métricas para identificar dias de calor extremo e, assim, auxiliar na prevenção das possíveis consequências. O estudo comparou outras duas datas para mostrar como a AEC funciona.

Em 12 de janeiro de 2020, o índice de calor foi de 32,69°C, enquanto em 7 de outubro de 2023 foi de 32,51°C.

No segundo dia, porém, o calor durou mais tempo, resultando em uma AEC 20 vezes superior a do primeiro dia. "Ao considerar apenas medidas-resumo (médias ou máximas) podemos subestimar dias anormalmente quentes.

A métrica, por sua vez, consegue identificar isso e pode ser utilizada para definição de protocolos similares ao desenvolvido aqui no Rio", disse Morais em entrevista ao portal da Fiocruz. Para o pesquisador, com o aumento de frequência e intensidade das ondas de calor não só para o município do Rio, mas para diversas áreas urbanas do Brasil, medidas individuais são importantes, mas é necessário ter políticas públicas que adequem as atividades e protejam a população.

"Sabe-se que populações específicas estão em alto risco —como trabalhadores diretamente expostos ao sol, populações de rua, grupos mais vulneráveis (crianças, idosos, pessoas com doenças crônicas), e populações que vivem nas chamadas ilhas de calor urbano." No protocolo de calor do município do Rio, estão previstas medidas como disponibilização de pontos de hidratação e resfriamento, adaptação de atividades de trabalho, comunicação constante com a população e suspensão de atividades de risco em níveis mais críticos.

Cidades

Baixa escolaridade é fator de risco para declínio cognitivo no Brasil

Estudo contraria fatores de risco como idade avançada e sexo

16/02/2025 21h00

Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A baixa escolaridade no Brasil figura atualmente como maior fator de risco para o declínio cognitivo, característica ligada a quadros de demência. A conclusão é de um estudo liderado pelo professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Eduardo Zimmer, com o apoio do Instituto Serrapilheira, e publicado no periódico The Lancet Global Health.

Em nota, o Instituto Serrapilheira avalia que o estudo é importante porque contraria a premissa, prevista na literatura científica, de que o declínio cognitivo é causado sobretudo por fatores como idade avançada e sexo.

“O novo artigo amplia o leque de riscos de perda de cognição, considerando as particularidades de outros contextos”, destacou o comunicado.

O estudo demonstra que modelos de pesquisas desenvolvidas em países de alta renda não são replicáveis para todo tipo de nação.

Por meio do uso de inteligência artificial (IA) associada a técnicas de machine learning, a pesquisa analisou dados de mais de 41 mil pessoas na América Latina, divididas em dois grupos: países de baixa e média renda (Brasil, Colômbia e Equador) e países de alta renda (Uruguai e Chile).

No Brasil, foram 9.412 casos analisados, oriundos do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil).

“A baixa escolaridade foi o maior fator de risco para casos de declínio cognitivo, seguida de sintomas de saúde mental, atividade física, hábitos de fumo, isolamento social, entre outros”, destacou o instituto Serrapilheira.

Idade e sexo, considerados fatores de risco mais proeminentes globalmente, aparecem de forma menos relevante em termos estatísticos.

“Os níveis baixos de escolaridade, junto com as já conhecidas instabilidade econômica e insegurança social do país, têm impacto significativo no envelhecimento cerebral da população brasileira, especialmente nas regiões mais pobres”.

“Ao identificar a educação como um fator central no risco de declínio cognitivo, a expectativa de Eduardo Zimmer e outros pesquisadores que participaram do estudo é influenciar as políticas públicas do Brasil e da América Latina em relação ao tema”, completou o instituto.

No Brasil, cerca de 8,5% da população com 60 anos ou mais apresenta algum tipo de demência – algo em torno de 2,71 milhões de pessoas, conforme dados do Ministério da Saúde. “A projeção para 2050 indica que esse número pode aumentar para 5,6 milhões de diagnósticos no país”, concluiu o instituto.

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