Cidades

Cidades

Projeto que proíbe atletas trans em competições esportivas é aprovado

A Câmara Municipal votou, nesta terça-feira (23), o projeto de lei que estabelece o sexo biológico como critério para a definição de gênero em jogos esportivos em Campo Grande

Continue lendo...

A Câmara Municipal de Campo Grande aprovou o Projeto de Lei (PL) nº 11.526/25, em regime de urgência, que proíbe atletas transgêneros em competições esportivas no município.

A proposta, aprovada durante a sessão desta terça-feira (23), por 19 votos favoráveis e 6 contrários, determina que o sexo biológico seja o critério válido para a definição do gênero de atletas em competições esportivas oficiais realizadas no município.

“O sexo biológico será o único critério definidor do gênero dos competidores em competições esportivas oficiais realizadas no âmbito do Município de Campo Grande/MS, vedando-se a participação de transexuais em equipes que correspondam ao sexo oposto ao de nascimento”, trata o texto do projeto.

O PL tramitou na Casa de Leis após o time Leoas de Campo Grande, no dia 6 de setembro, recusar-se a entrar em campo contra o time Fênix, que conta com uma atleta transgênero, pela Taça Tony Gol.

No dia 18 de setembro, o vereador Rafael Tavares, autor do PL, homenageou a postura do time Leoas de Campo Grande em uma sessão na Câmara Municipal.

Aprovação sem debate

A técnica do Fênix, Solange Rosa, de 39 anos, mais conhecida como Sol, afirmou que o PL não passa de uma forma de tirar vantagem da atleta de 24 anos. Para ela, o real motivo de pautar esse assunto sem qualquer discussão aprofundada é o preconceito.

“No futebol feminino a gente joga com homens, somos treinadas por homens e, no entanto, nunca debatemos isso. O que aconteceu no episódio do dia 6 [recusa das Leoas de entrar em campo] foi puro preconceito. Então, eu vejo que, ao aprovar essa lei, eles estão simplesmente jogando uma atleta na cova dos leões”, pontuou Sol.

Para a treinadora, o que está ocorrendo é oportunismo por parte do vereador, já que, desde o ocorrido, a atleta ficou reservada e passou a sofrer ameaças. Mesmo que se tente criar uma liga de jogadoras trans, ela ressaltou que não existe quantitativo suficiente de interessadas para montar um campeonato.

A atleta treina no Fênix há quatro anos. Em relação à aprovação da lei, Sol disse que houve outros jogos sem esse tipo de intercorrência e todas foram pegas de surpresa.

“O que a gente procura no esporte é aceitação, empatia. A gente não quer um esporte bagunçado. O que queremos na nossa modalidade, que é o futebol feminino, é mais empatia pela atleta que viu no futebol feminino o acolhimento”, disse a treinadora.

A partir de agora, a treinadora vai buscar instruções para saber a melhor maneira de ajudar a atleta. “Sei que a gente é minoria, não deveria, mas somos. Então queremos conversar. Isso está muito longe de acabar. Onde houver algum meio de ajudar a Adriana, eu vou ajudar”.

A reportagem entrou em contato com o presidente da União Esportiva de Futebol Amador de Mato Grosso do Sul (UEAFAMS), Cleiton Ferreira, que, apesar de não ser responsável pela competição, lamentou a ausência de uma audiência pública para ampliar o debate.

“Achei que o assunto foi discutido com um grupo muito pequeno, que representa o futebol amador e suas categorias. Esse assunto deveria, antes de mais nada, ter passado por uma consulta pública com os principais líderes desse esporte (futebol amador), e sei que isso não foi feito”, disse Cleiton.

O presidente da UEAFAMS ainda questionou o desinteresse dos vereadores em relação aos espaços onde são realizadas as competições.

“Algo que seria obrigação deles é fiscalizar a estrutura que a prefeitura oferece e as condições mínimas, que nem isso é oferecido pela Funesp [Fundação Municipal de Esporte], tampouco pela Câmara Municipal, e muito menos pela prefeitura”, e completou:

“Eu cumpro o que é decidido com os responsáveis de equipes em assembleia, pois são esses os verdadeiros preocupados com o nosso futebol aqui em Campo Grande. Esses vereadores só querem atender onde têm ‘likes’.”

Como no Brasil não existe regulamentação federal para a participação de atletas transexuais em esportes, a participação depende de regras de federações esportivas, que normalmente seguem diretrizes do Comitê Olímpico Internacional (COI), de outras entidades ou de regulamentação por meio de leis municipais.

A matéria segue agora para sanção ou veto da prefeita Adriane Lopes (PP). Caso seja aprovada, a Cidade Morena passará a integrar o grupo de municípios que já regulamentaram leis proibindo a participação de atletas trans em competições esportivas, ao lado de Cuiabá (MT) e Boa Vista (RR).

Votaram a favor:

  • André Salineiro (PL);
  • Ana Portela (PL);
  • Carlão (PSB);
  • Clodoilson Pires (Podemos);
  • Dr. Jamal (MDB);
  • Dr. Victor Rocha (PSDB);
  • Fábio Rocha (União);
  • Herculano Borges (Republicanos);
  • Leinha (Avante);
  • Maicon Nogueira (PP);
  • Marquinhos Trad (PDT);
  • Neto Santos (Republicanos);
  • Otávio Trad (PSD);
  • Prof. Juari (PSDB);
  • Prof. Riverton (PP);
  • Rafael Tavares (PL);
  • Ronilço Guerreiro (Podemos);
  • Veterinário Francisco (União);
  • Wilson Lands (Avante).

Votaram contra:

  • Beto Avelar (PP);
  • Delei Pinheiro (PP);
  • Flávio Cabo Almi (PSDB);
  • Jean Ferreira (PT);
  • Landmark (PT);
  • Luiza Ribeiro (PT).

Assine o Correio do Estado

Memorando de Entendimento

MS será palco de 'teste agropecuário' com a Google

Agronegócio sul-mato-grossense tende a ser beneficiado com este acordo, sendo palco de testes para modelos que visem elevar os níveis de produtividade, além de apoiar decisões do produtor 

06/12/2025 13h30

A inteligência artificial no campo, segundo o Governo do Estado, pode otimizar toda a cadeia produtiva, aprimorando por exemplo, entre outros pontos, até mesmo a previsão climática. 

A inteligência artificial no campo, segundo o Governo do Estado, pode otimizar toda a cadeia produtiva, aprimorando por exemplo, entre outros pontos, até mesmo a previsão climática.  Reprodução//Secom-GovMS/Saul Schramm

Continue Lendo...

Através de um acordo de cooperação técnica assinado recentemente, Mato Grosso do Sul está prestes a se tornar palco de um "teste agropecuário" com o Google. 

O Memorando de Entendimento (MoU) assinado com a Google Brasil, conforme o Governo de MS em nota, prevê "cooperação em tecnologia, inteligência artificial e infraestrutura em nuvem, envolvendo áreas essenciais da administração pública". 

Distante aproximadamente uns 980 quilômetros da Capital, o governador de Mato Grosso do Sul viajou com sua equipe de secretários de Estado - Rodrigo Perez (Governo e Gestão Estratégica) e Jaime Verruck (Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) -  até o "coração" da popular Faria Lima, para reunião com executivos da empresa na sede da Google. 

Durante assinatura, Riedel relembrou o foco do Executivo sul-mato-grossense na transformação digital, que ele diz ser fundamental para a "efetividade da gestão estratégica sair do papel e ser executada", alcançando finalmente a população. 

Entre todos os focos a serem abordados, o agronegócio sul-mato-grossense tende a ser beneficiado com este acordo, sendo palco de testes para modelos que visem elevar os níveis de produtividade, além de apoiar as decisões do produtor. 

A inteligência artificial no campo, segundo o Governo do Estado, pode otimizar toda a cadeia produtiva, aprimorando por exemplo, entre outros pontos, até mesmo a previsão climática. 

Em complemento Fábio Coelho, presidente do Google Brasil, apontou os índices de crescimento econômico e social sul-mato-grossense, que só tendem a melhorar com as ações de modernização e otimização de políticas públicas que passarão a contar com maior amparo tecnológico. 

"Mato Grosso do Sul já é uma potência no agronegócio e a tecnologia pode ser uma aliada para o crescimento do Estado. Queremos apoiar o Governo do Estado a levar o impacto positivo da tecnologia para a população", disse o executivo em nota. 

Demais áreas

Além do campo, as tecnologias do Google também devem ser aplicadas nas mais diversas áreas, possibilitando um melhor desempenho para alunos e até aumentando a eficiência administrativa das unidades escolares da Rede Estadual de Ensino (REE). 

As chamadas soluções de nuvem (para armazenamento de dados e sistemas online) e machine learning (aprendizado de máquina) permitiram um avanço na organização de dados, por parte da gestão pública, além de trazer mais transparência e economia dos recursos.

Toda essa nova base de dados permitirá, ainda, no futuro, que novas aplicações da Inteligência Artificial sejam integradas aos serviços essenciais à população, beneficiando áreas como saúde, segurança e finanças, como bem cita o Governo do Estado. 

Na visão do Executivo de MS, esse novo acordo é tido como um passo decisivo rumo a uma administração mais moderna, inteligente e conectada às necessidades da população. 
**(Com assessoria)

 

Assine o Correio do Estado

SEM ACORDO

Dentistas negam proposta de Adriane Lopes e podem virar ano em greve

Categoria está em estado de greve desde o dia 15 de novembro, e acordo com o executivo municipal ainda está 'longe' de acontecer

06/12/2025 12h30

Proposta da Prefeitura foi abaixo do esperado pela classe, que recusou em Assembleia nesta sexta-feira (5)

Proposta da Prefeitura foi abaixo do esperado pela classe, que recusou em Assembleia nesta sexta-feira (5) Foto: Divulgação/Sioms

Continue Lendo...

Há cerca de 20 dias em estado de greve, os dentistas que trabalham na rede pública de Campo Grande negaram a proposta da Prefeitura e indicaram entrar em greve a partir do dia 17 de dezembro, seguindo assim por 30 dias caso não haja acordo com o executivo municipal.

Desde o dia 15 de novembro, o Sindicato dos Odontologistas de Mato Grosso do Sul (Sioms) e a Prefeitura Municipal de Campo Grande estão em sério debate sobre o descumprimento judicial referente ao reposicionamento do plano de cargos e carreiras, provisionado desde 2022.

Nesta última semana, o executivo enviou uma proposta à categoria, para tentar chegar a um acordo antes que uma paralisação ocorra.

Sobre o reposicionamento do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR):

  • 30% dos reflexos financeiros no mês de maio de 2026;
  • 35% no mês de maio de 2027;
  • 35% no mês de fevereiro de 2028;

Já sobre o auxílio alimentação:

  • 50% dos reflexos financeiros no mês de outubro de 2027;
  • 50% no mês de março de 2028;

Sobre o índice inflacionário, a Prefeitura pontuou “estar impossibilitada por questões legais”.

Porém, a proposta foi negada pela categoria. Na assembleia desta sexta-feira (5), além de votar sobre o acordo ou não com o executivo, os dentistas também indicaram data para a greve, iniciando-se no dia 17 de dezembro e durando cerca de 30 dias, ou seja, até dia 17 de janeiro. Todavia, a data é passível de alteração e até anulação caso as partes entrem em acordo.

“Haverá um cuidado, que foi discutido nesta Assembleia, para não haver prejuízos à população, tanto que 100% dos atendimentos em plantões, sejam ambulatoriais ou emergenciais, vão continuar em funcionamento. Então, a população que tiver alguma situação de dor ou de procura do cirurgião-dentista da unidade de saúde, de emergência, terá seu atendimento garantido”, explica o presidente do Sioms David Chadid.

Novela

A categoria afirma que o movimento é consequência do descumprimento, por parte da gestão municipal, do prazo judicial para efetivar o reposicionamento salarial determinado pela Justiça, decisão já confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Desde maio deste ano, a categoria busca reaver ajustes salariais que ficam entre 15% e 68%.

O descumprimento da liminar que garante a progressão vertical da carreira foi considerado o estopim para a organização da assembleia, uma vez que, segundo o sindicato, os profissionais estão há três anos sem atualização salarial e a não regulamentação do auxílio-alimentação.

Entre os pedidos, os sindicalistas querem a implementação a partir de abril de 2026 de auxílio alimentação de R$ 800, além de reposição de 15% sobre os pagamentos de plantões a partir de setembro do próximo ano - sendo os dois últimos pedidos escalonados em duas parcelas. 

Além de reposições salariais, a categoria também está pedindo melhores condições de trabalho. Em uma assembleia recente, cerca de 100 dentistas relataram condições precárias de trabalho nas unidades municipais de saúde, incluindo compressores quebrados, falta de insumos básicos, como luvas e rolinhos de algodão, além da pressão crescente sobre os profissionais, fatores que, segundo o sindicato, impactam diretamente a qualidade do atendimento à população.

*Colaborou Alison Silva

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).