Cidades

JUSTIÇA

Promotoria do Trabalho move ação por trabalhador contaminado com agrotóxico

MPT promete fechar cerco por adequação de empresas à segurança

RAFAEL RIBEIRO

03/08/2018 - 17h16
Continue lendo...

Grave acidente de trabalho causado por intoxicação mediante agrotóxico levou o Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS) a ajuizar ação civil pública em desfavor de duas empresas do Estado, informou o órgão, através de nota oficial. 

De acordo com investigações, a vítima trabalhava em armazém, cujo local não foi revelado, que era utilizado para depósito de produtos químicos. Durante a transferência de estoque, um dos galões, do tipo 'bombonas', que continha agrotóxico estava com vazamento e o líquido tóxico escorreu pelo chão. Sob contato epidérmico e exalação do produto tóxico pela atmosfera, o trabalhador sofreu intoxiação química, que provocou tonturas, vômitos seguidos de crise convulsiva e desmaio.

Além da exposição a produtos altamente tóxicos em armazéns, os trabalhadores são responsáveis pela entrega (carregamento e transporte) desses materiais em propriedades rurais, o que contribui para uma maior insegurança das condições de trabalho e risco iminente de acidente ou doença ocupacional.

“Todo acidente de trabalho é multicausal, pois abrange uma série de fatores de responsabilidade do empregador. Neste caso, não poderia ser diferente, uma vez que o conjunto de omissões por parte de ambas as empresas é que levou à intoxicação do empregado”, observa Hiran Sebastião Meneghelli Filho, procurador do MPT-MS e autor da ação.

Recente perícia realizada pelo MPT constatou que, apesar do acidente, as empresas ainda não se adequaram às normas de saúde e segurança. Na diligência, foram identificados: inexistência das fichas de Informação de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ); filtro químico de um respirador com validade vencida; falta de capacitação e treinamento dos trabalhadores; ausência de equipamentos de proteção individual, entre outras falhas.

Em trecho da ação, Meneghelli sublinhou que as empresas afrontaram de forma clara a norma regulamentadora que estabelece trabalhadores em exposição direta com os produtos químicos são “os que manipulam os agrotóxicos, adjuvantes e produtos afins, em qualquer uma das etapas de armazenamento, transporte, preparo, aplicação, descarte, e descontaminação de equipamentos e vestimentas”.

Como solução para as negligências apontadas, o MPT requereu que as empresas assegurem o acesso dos trabalhadores envolvidos com o armazenamento e transporte de produtos químicos às fichas contendo dados de segurança; forneçam equipamentos de proteção individual adequados aos riscos das atividades, exigindo seu uso; comprovem a capacitação ou treinamento dos trabalhadores, principalmente daqueles expostos diretamente a agrotóxicos, adjuvantes e produtos afins; afastem imediatamente de suas atividades o empregado que apresentar sintomas de intoxicação, devendo ser transportado para atendimento médico; e informem seus trabalhadores sobre os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho, assegurando o cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho. Em caso de descumprimento das obrigações, deverá ser aplicada multa de R$ 50 mil por item violado.

Já a título de dano moral coletivo, o MPT-MS propôs indenização no valor de R$ 500 mil, considerando-se a natureza e a abrangência das lesões que atingem a integridade física e a vida dos trabalhadores, além do porte das empresas. O montante deverá ser revertido em favor de fundo ligado à seara laboral ou a instituições, programas/projetos públicos ou privados, sem fins lucrativos, que tenham objetivos filantrópicos, culturais, educacionais, científicos e de assistência social.

“A condenação por dano moral coletivo busca punir os responsáveis e defender os interesses metaindividuais lesados, com o propósito de alcançar as funções preventivo-pedagógica e punitiva propostas pela jurisprudência e doutrina especializada”, justificou o procurador.

RISCOS À SAÚDE

Tramita na Câmara dos Deputados proposta do substitutivo do Projeto de Lei 6299/2002, que flexibiliza o registro de agrotóxicos. De autoria do deputado Luiz Nishimori (PR-PR), o texto foi aprovado em Comissão Especial no mês de junho e agora segue para o plenário daquela Casa Legislativa e depois retorna ao Senado.

O MPT acompanha de perto o processo de votação e é contra a aprovação, que pode aumentar a exposição dos trabalhadores e de consumidores a agrotóxicos. Segundo estudos, esse produto químico provoca oito intoxicações por dia e faz pelo menos uma vítima fatal por intoxicação a cada três dias no Brasil. Assim como outras instituições de proteção à saúde de trabalhadores e de consumidores, o MPT não foi ouvido na comissão, que conta com maioria da bancada ruralista.

Com esse posicionamento, o MPT quer impedir mais violações à saúde do trabalhador, exposto aos agrotóxicos, que é envolvido no processo desde a fábrica até o descarte da embalagem. “Trabalhadores estão adoecendo, e isso repercute na sociedade em geral, que paga o preço dessas violações, por meio da rede pública de saúde e da previdência social. Tudo por conta de um veneno, que também está presente na sua própria mesa”, alerta o subprocurador-geral do Trabalho Pedro Serafim, que também coordena o Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos. Para ele, é preciso aprimorar a Política Nacional de Redução de Uso de Agrotóxicos (PNARA), que é aquilo que os países que prezam pela vida e pelo meio ambiente estão fazendo.

A proposta do substitutivo rechaça a palavra agrotóxicos, adota o termo pesticida e prevê que esses produtos possam ser liberados pelo Ministério da Agricultura mesmo se outros órgãos reguladores, como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não tiverem concluído análises sobre os eventuais riscos.

Histórico

Supremo comemora acordo de terra Ñande Ru Marangatu aos indígenas

O acordo foi construído pela comissão especial criada pelo ministro Gilmar Mendes.

28/09/2024 20h00

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal Créditos: Valter Campanatto/ Agência Brasil

Continue Lendo...

Após 36 horas do acordo histórico que garante a posse da terra Ñande Ru Marangatu aos indígenas, o secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Eloy Terena, comemorou o feito em suas redes sociais, divulgando os nomes dos ministros que votaram a favor do término deste conflito que dura há décadas.

De acordo com a publicação do secretário nas redes sociais, os sete principais ministros da corte votaram a favor da conclusão do caso. A partir de agora, a União pode indenizar os proprietários da terra, que deverão deixar o local em até 15 dias. Após esse prazo, a população indígena poderá ingressar no espaço de forma pacífica

Ministros que votaram a favor: 

Alexandre de Morais 
Flávio Dino 
Cristiano Zanin 
Dias Toffoli 
Luiz Roberto Barroso 
Luiz Fux 
André Mendonça 

A região era alvo de disputas violentas entre indígenas e fazendeiros e culminou na morte do jovem Neri Guarani Kaiowá, atingido por um tiro na cabeça no dia 18 de setembro. O episódio provocou revolta entre os indígenas, entidades defensoras dos povos originários e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.

O acordo foi fechado em audiência convocada pelo ministro Gilmar Mendes, relator do processo sobre o caso. Participaram representantes dos proprietários, lideranças indígenas, integrantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Advocacia-Geral da União, do Ministério dos Povos Indígenas e do governo do Estado de Mato Grosso do Sul.


Indenização
A União deverá pagar aos proprietários o valor de R$ 27,8 milhões a título das benfeitorias apontadas em avaliação individualizada feita pela Funai em 2005, corrigidas pela inflação e a Taxa Selic. O valor será viabilizado por meio de crédito suplementar.

Os proprietários também devem receber indenização, pela União, no valor de R$ 101 milhões pela terra nua. O Estado de Mato Grosso do Sul deverá ainda efetuar, em depósito judicial, o montante de R$ 16 milhões, também a serem pagos aos proprietários.

O acordo prevê também a extinção de todos os processos em tramitação no Judiciário envolvendo a disputa da TI. Os processos serão extintos sem resolução de mérito.
 

*Com informações da Agência Brasil 

Assine o Correio do Estado

 

Investigação

Capturados filhotes de onça-parda em fazenda com suspeita de domesticação

Ao falar com os policiais, o gerente da fazenda estranhou o comportamento dócil dos felinos e acreditou que eles poderiam ter sido domesticados em uma propriedade rural vizinha.

28/09/2024 18h02

Os animais foram levados ao Cras de Campo Grande, onde receberão tratamento de saúde e e reabilitação á natureza.

Os animais foram levados ao Cras de Campo Grande, onde receberão tratamento de saúde e e reabilitação á natureza. Divulgação/ PMA

Continue Lendo...

Dois filhotes de onça-parda foram capturados pela Polícia Militar Ambiental (PMA) com suspeita de domesticação em uma fazenda no município de Tacuru, a 420 quilômetros de Campo Grande. Segundo os funcionários que encontraram os animais, os felinos apresentavam comportamento dócil, o que levantou suspeitas entre as testemunhas.

Conforme as informações das testemunhas que presenciaram os animais, os felinos não reagiram aos avanços dos cães nem à presença dos trabalhadores na propriedade rural, o que levantou a suspeita de que os animais foram domesticados em alguma propriedade vizinha.

De imediato, o gerente da propriedade entrou em contato com a Polícia Militar Ambiental (PMA), que conseguiu capturar os filhotes de forma segura.

Os animais foram encaminhados ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), onde receberão os cuidados necessários e uma avaliação mais detalhada de seu estado de saúde e comportamento.

 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).