A Polícia Federal está prestes a concluir a investigação que mostrará como questões idênticas às do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foram utilizadas em simulado elaborado pelo colégio Christus, de Fortaleza, a alunos da escola e do cursinho.
O Ministério da Educação já sabe que elas foram extraídas de pré-teste aplicado no colégio no ano passado e, segundo o iG apurou, a investigação deve mostrar que elas foram fotografadas dentro da instituição. O iG tentou contato com o colégio neste sábado, mas, até às 15h30, não tinha obtido retorno.
Em outubro de 2010, duas turmas de estudantes do Christus (91 alunos ao total) foram sorteadas para participarem da aplicação do pré-teste. O procedimento é feito com todas as questões elaboradas por professores do País inteiro para compor o banco nacional de itens criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Com as respostas dos alunos, o órgão responsável pelo Enem aprova ou rejeita as questões.
O Inep confirmou que, no dia da aplicação do teste no colégio, dois alunos faltaram. Os cadernos de provas destinados aos dois alunos ficaram sob a responsabilidade dos fiscais de sala – contratados pelo consórcio Cesgrario/Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe) – durante o tempo dados aos estudantes para responder o teste. Ninguém pode levar os conjuntos de itens para casa. E nenhum deles foi extraviado, segundo o Inep.
As fotos
Segundo o iG apurou, a polícia acredita que, durante esse intervalo, as questões foram fotografadas. Em redes sociais e ao MEC, estudantes apontaram um professor de física como sendo o responsável por divulgar o material com 14 itens idênticos aos do Enem, distribuído uma semana antes das provas. Esse docente está sendo investigado. Uma das frentes de trabalho da polícia é a de que ele poderia ter subornado algum fiscal para obter o material.
De acordo com o MEC, estudantes do Christus ligaram para o ministério e contaram ter recebido orientações para “não divulgarem o material para os concorrentes”. Os 639 alunos da escola tiveram seus exames cancelados. Estudantes do cursinho da instituição contaram ao iG que também tiveram acesso ao material, mas o ministério optou por não cancelar a prova deles. A assessoria diz que não há confirmação de que eles usaram mesmo o simulado
Pré-teste
O vazamento das questões no colégio cearense levanta dúvidas sobre a segurança dos processos adotados pelo MEC na elaboração das provas. Desde 2009, o Enem mudou a metodologia de construção dos testes, para que eles pudessem ser comparáveis no tempo. Para isso, adotou a Teoria da Resposta ao Item (TRI), um método que envolve estatística, psicologia e informática.


