O avanço da ministrachefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), nas pesquisas eleitorais para presidente da República deixou em alerta o PSDB de Mato Grosso do Sul. Hoje, a partir das 7h30min, os tucanos reúnem-se na sede do diretório estadual, em Campo Grande, para avaliar os efeitos do crescimento da provável adversária e o risco de o governador de São Paulo, José Serra, desistir da corrida ao Planalto. Uma das propostas em pauta é afinar o discurso das lideranças estaduais. O presidente regional do PSDB, deputado estadual Reinaldo Azambuja, aposta no apoio do governador André Puccinelli (PMDB) a Serra para conter o avanço de Dilma, pelo menos em Mato Grosso do Sul. Porém, ante a indefinição sobre a própria candidatura do governador paulista, não há como pressionar o PMDB regional a tomar uma posição. Além de garantir palanque consistente nos estados, o que se discute hoje no PSDB e DEM é segurar Serra como pré-candidato a presidente da República. O DEM chegou a abrir mão da vaga de vice para o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que recusou o assédio da cúpula do partido na semana anterior. Vice-presidente nacional do PSDB, a senadora Marisa Serrano (MS) não esconde a apreensão com o crescimento de Dilma. Há poucos dias, até se envolveu em troca de acusações com a ministra. Mas hoje evita entrevistas para não polemizar mais com a petista. Em nível regional, a senadora também esquiva-se de falar sobre os ataques que sofreu do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Jerson Domingos (PMDB), e de outros parlamentares da base aliada de André, depois que ensaiou lançar candidatura própria ao governo estadual. Recusa de Aécio Embora n i nguém fa le abertamente em desistência de Serra, as mobilizações pós pesquisas indicam preocupação do bloco nacional. Para evitar o recuo, o DEM abre mão de indicar o vice da chapa. Na semana anterior, o expresidente Fernando Henrique Cardoso e outros membros da cúpula tucana tentaram convencer o mineiro Aécio Neves a assumir a vaga. Uma chapa com governadores dos dois maiores colégios eleitorais do Brasil seria forte argumento para Serra manter o projeto de suceder Lula. Aécio, entretanto, descartou a possibilidade e rechaçou especulações de que aguardaria até maio para, caso Serra mantivesse a liderança, aceitar ser vice. “É absurda e irresponsável essa ilação de que aguardo pesquisas. Serei candidato ao Senado por Minas porque, não sendo candidato à presidência, é esta a melhor forma de contribuir para que o PSDB seja vitorioso nessas eleições”, disse o governador, em declaração divulgada por sua assessoria. “Ilações absurdas como essa servem apenas para apequenar um debate que é tão relevante para o País e, por isso mesmo, merece ser tratado com responsabilidade e seriedade”, completou. “Tudo ou nada” Para alguns analistas, as atuais eleições são “tudo ou nada” na carreira política de José Serra. Em março deste ano, o tucano completará 68 anos. Se não se eleger presidente, terá de esperar mais quatro anos para se candidatar. Teria então 72 anos, um ano a mais que o presidente Fernando Henrique quando entregou a Presidência a Luiz Inácio Lula da Silva. O cient ist a pol ít ico e professor da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto declarou que, em caso de nova vitória petista, “Serra será um político derrotado e sem mandato”. Terá de esperar para concorrer ao Senado daqui a quatro anos, “quando a única vaga terá que ser disputada com [Eduardo] Suplicy (PT), o que não é nada fácil”. Portanto, não está descartada a opção de Serra optar por disputar a reeleição em São Paulo e abrir mão da sucessão presidencial caso a petista Dilma Rousseff continue subindo nas pesquisas.