Cidades

BRIGA POR TERRAS

Quarto indígena é morto em conflitos na região de Antônio João

A primeira morte foi do líder indígena Marçal de Souza, assassinado em novembro de 1983 em sua casa, a tiros

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A morte do indígena Neri Guarani Kaiowá, que ocorreu na madrugada de ontem, foi a quarta já registrada na região de Antônio João, segundo dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O conflito de terras na região começou na década de 1980, cuja primeira morte foi a de Marçal de Souza, e segue até hoje.

Neri foi morto com um tiro na cabeça. A autoria do disparo ainda não foi confirmada, mas ocorreu durante ação da Polícia Militar na Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Antônio João, que abriga indígenas da etnia guarani-kaiowá. 
O conflito na região teria tomado proporções maiores desde o dia 12, quando equipes da Polícia Militar (PM) chegaram à região da disputa por terras.

Conforme o Cimi, no dia 12, três indígenas já haviam sido baleados na mesma terra indígena. Uma delas, Juliana Gomes, está hospitalizada em Ponta Porã após levar um tiro no joelho. A segunda ferida foi a irmã dela e o terceiro, um jovem – ambos levaram tiros de bala de borracha.

A morte do indígena teria acontecido durante a madrugada, em confronto na retomada indígena da Fazenda Barra. Ainda de acordo com o Cimi, a Força Nacional de Segurança Pública não estava presente.

Informações do Cimi afirmam que a PM arrastou o corpo de Neri para um pedaço de mata, o que teria revoltado os indígenas, que passaram a avançar para o local em que o corpo foi levado. 

“Novos confrontos se estabeleceram, mas os policiais seguiram com a decisão de afastar o corpo dos guarani-kaiowá”, diz trecho de nota do Cimi.

A TI Ñande Ru Marangatu foi declarada como de posse dos povos originários pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em 2002 e homologada por meio de decreto presidencial em 2005, mas esse processo foi judicializado no mesmo ano e se encontra paralisado até hoje.

OUTRAS MORTES

A cidade de Antônio João já foi palco de diversos conflitos de terra, e o primeiro deles matou um dos nomes mais famosos entre os indígenas. Em novembro de 1983, Marçal de Souza foi assassinado com cinco tiros na aldeia Campestre, na casa onde residia. 

Liderança indígena em ascensão, antes de morrer, Marçal de Souza teria dito que era uma pessoa marcada para morrer.
Marçal de Souza chegou a ir à Organização das Nações Unidas (ONU) para relatar o drama dos guarani-kaiowá em Mato Grosso do Sul. Em 1980, ele fez um discurso para o papa São João Paulo II, em Manaus (AM), durante sua visita ao Brasil. 

A segunda morte na região ocorreu em 2005. A liderança guarani-kaiowá Dorvalino Rocha foi morto no dia 24 de dezembro daquele ano.

Segundo o Cimi, Dorvalino foi morto por um funcionário da empresa Gaspem, que fazia a segurança das fazendas Fronteira, Cedro e Morro Alto, localizadas no município de Antônio João, sobrepostas à TI Ñande Ru Marangatu, 
a qual Dorvalino pertencia. 

O vigilante da empresa, João Carlos Gimenez Brites, confessou que alvejou o indígena com dois tiros, tendo o primeiro o atingido o pé e o segundo, o peito. Ele foi a júri popular e condenado a 16 anos de prisão, no ano passado. 

Foi a primeira vez que um assassino de liderança indígena guarani-kaiowá, em um conflito de terras em Mato Grosso do Sul, foi condenado por homicídio.

A terceira morte ocorreu 10 anos depois, em 2015. Simião Vilhalva levou um tiro na cabeça durante conflito na região, no dia 29 de agosto daquele ano, em áreas retomadas também na TI Ñande Ru Marangatu.

FUNAI

Após a morte de ontem, a Funai lamentou, em nota, o assassinato de Neri e disse que já entrou em contato com a Procuradoria Federal Especializada (PFE) para “adotar todas as medidas legais”.

“A Funai informa que já acionou a Procuradoria Federal Especializada para adotar todas as medidas legais cabíveis e está comprometida em garantir que essa violência cesse imediatamente e que os responsáveis por esses crimes sejam rigorosamente punidos. O conflito também tem sido monitorado por meio da Coordenação Regional em Ponta Porã”, diz trecho da nota.

“O órgão indigenista já se reuniu com o juiz responsável pelo caso, solicitando providências urgentes sobre a atuação da polícia na área. Em diálogo com a Secretaria do Estado de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, a instituição reafirmou a orientação de que não deve haver qualquer medida possessória contra os indígenas da terra indígena”, completou a Funai.
A Funai também afirmou que está preparando nova “atuação perante o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, a fim de se garantir a proteção da comunidade indígena”.

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AUXÍLIO

Governa inicia pagamento do Bolsa Família de setembro em MS

Ao todo, 205,89 mil famílias sul-mato-grossenses serão contempladas com o auxílio neste mês; pagamentos começaram nesta terça-feira (17) e seguirão até dia 30, a depender do NIS do beneficiário

19/09/2024 15h02

Governo Federal repassa Bolsa Família de setembro aos beneficiários de MS

Governo Federal repassa Bolsa Família de setembro aos beneficiários de MS Foto: Divulgação/Gov

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O Governo Federal iniciou o repasse médio de R$ 688,08 às 205,89 mil famílias sul-mato-grossenses oriundos do programa social Bolsa Família neste mês de setembro, que devem perdurar até dia 30. Investimento governamental no estado com o programa social ultrapassa R$ 141,38 milhões.

Segundo o comunicado federal, os pagamentos iniciaram-se na terça-feira (17), com o benefício sendo pago para os beneficiários com o NIS terminado em 1. Na quarta-feira (18), foram pagos para aqueles com final 2 e, hoje, para aqueles com final 3. Confira o  cronograma de pagamentos, divulgado pelo Governo:

Governo Federal repassa Bolsa Família de setembro aos beneficiários de MS Fonte: Governo Federal

Ainda, 121,7 mil crianças de zero a seis anos foram contempladas com o Benefício Primeira Infância, do qual cada criança nesta faixa etária recebe um adicional de R$ 150. Outros benefícios complementares do programa social contemplaram 184,3 mil crianças e adolescentes de sete a 18 anos, 15.137 gestantes e 5.022 nutrizes (mãe que amamenta) com R$ 50 adicionais.

Campo Grande é a cidade com maior número de famílias contempladas no estado, com 52.377, seguido por Dourados (13.382), Corumbá (10.613), Ponta Porã (9.835) e Três Lagoas (7.952). No geral, todos os 79 municípios sul-mato-grossenses foram atendidos pelo Bolsa Família.

Acerca das cidades de MS com maior média de valor repassado, Paranhos - com 1.861 beneficiários e 12,9 mil habitantes - lidera com R$ 836,99, seguido por Ladário (R$ 737,69), Japorã (R$ 734,33), Porto Murtinho (R$ 734,04) e Costa Rica (R$ 726,38).

Âmbito Nacional

No Brasil, 20,71 milhões de famílias foram beneficiadas em setembro com o Bolsa Família, com investimento total de R$ 14,14 bilhões do Governo Federal. O valor médio nacional repassado em setembro foi R$ 684,27 e 54,3 milhões de pessoas (16,4 milhões de zero a 11 anos; 7,6 milhões de 12 a 17 anos; 29,9 milhões de 18 a 64 anos e 300,6 mil de 65 anos ou mais) estão envolvidas diretamento com o benefício.

Dentre os estados com mais de 1 milhão de contemplados com o benefício em setembro estão: São Paulo (2,5 milhões), Bahia (2,45 milhões), Rio de Janeiro (1,63 milhão), Minas Gerais (1,58 milhão), Pernambuco (1,57 milhão), Ceará (1,45 milhão), Pará (1,34 milhão) e Maranhão (1,22 milhão).

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Haja Saúde

Alerta de baixa umidade é renovado pelo Inmet para 60 cidades em MS

Segundo dados meteorológicos, o calor deve retornar com mais força na região centro-norte do estado e região pantaneira, mas a chuva deve acontecer nas fronteiras de Paraguai e Bolívia neste final de semana.

19/09/2024 14h33

As temperaturas em Campo Grande deve aumentar neste final de semana.

As temperaturas em Campo Grande deve aumentar neste final de semana. Foto: Paulo Ribas/ Correio do Estado

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Após dias de temperaturas mais agradáveis, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) renovou o alerta de baixa umidade relativa do ar em quase 60 cidades de Mato Grosso do Sul. 

Segundo dados meteorológicos, o calor deve retornar em grande parte do estado a partir hoje (19). A condição favorece riscos de incêndios florestais e a saúde para a população das cidades de Água Clara, Alcinópolis, Anastácio, Anaurilândia, Angélica, Antônio João, Aparecida do Taboado, Aquidauana, Bandeirantes, Bataguassu, Batayporã, Bela Vista, Bodoquena, Bonito, Brasilândia, Camapuã, Campo Grande, Caracol, Cassilândia, Chapadão do Sul, Corguinho, Corumbá, Costa Rica, Coxim, Deodápolis. 

Os municípos de Dois Irmãos do Buriti, Douradina, Dourados, Figueirão, Guia Lopes da Laguna, Inocência, Itaporã, Ivinhema, Jaraguari, Jardim, Ladário, Maracaju, Miranda, Nioaque, Nova Alvorada do Sul, Nova Andradina, Paraiso das Águas, Paranaíba, Pedro Gomes, Ponta Porã, Porto Murtinho, Ribas do Rio Pardo, Rio Brilhante, Rio Negro, Rio Verde de Mato Grosso, Rochedo, Santa Rita do Pardo, São Gabriel do Oeste, Selvíria, Sidrolândia, Sonora, Terenos e Três Lagoas.

No último final de semana ao Correio do Estado, o meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Olívio Bahia, antecipou os dados meteorológicos, relatando que as temperaturas ficaram acima dos 37ºC, principalmente no Pantanal sul-mato-grossense. Esse calor deve contribuir para a continuidade dos incêndios florestais.

“Segundo dados norte-americanos, essa chuva que cai na Amazônia, no Peru, Bolívia, Paraguai, e nas regiões sul e Pantanal de Mato Grosso do Sul não deve umedecer o solo como seria necessário. Espera-se que a chuva seja mais torrencial, mas, até o momento, ela apenas aliviou o clima e não deve amenizar os incêndios florestais”, relatou.

Ainda segundo dados meteorológicos, nos próximos finais de semana, as chuvas em Mato Grosso do Sul devem ser mais isoladas. Isso pode ajudar na dissipação da fumaça, mas também pode causar problemas em algumas cidades.

“As chuvas em Ponta Porã, Corumbá, e nas regiões da Bolívia, Paraguai e norte da Amazônia devem retornar neste próximo final de semana em pouca quantidade e de forma isolada, o que deve ajudar na umidade do ar”, afirmou


Recomendações

 

  • Beba bastante líquido.
  • Evite desgaste físico nas horas mais secas.
  • Evite exposição ao sol nas horas mais quentes do dia.
  • Em casos de emergência, a Defesa Civil está disponível no telefone 199 e ao Corpo de Bombeiros no 193.
     

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