Cidades

TENSÃO EM RIO BRILHANTE

Riedel se reúne com ministro, em meio a conflito com indígenas

Conselho indigenista informou que indígenas permitem a arrendatários retirarem suas commodities e colherem o que plantaram nas terras

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Em meio a conflitos com a polícia, cerca de 200 indígenas ocuparam e fecharam as porteiras da Fazenda Doinho, localizada no km 309 da BR-163, em Rio Brilhante, município distante 160 km de Campo Grande. 

A ação tem como justificativa a retomada do território indígena guarani-kaiowá, em curso desde o início deste mês na região. 
Segundo a liderança Guyra Arandú, que está no local, a movimentação serve para “acabar com as muitas décadas de dureza, fome, violência, racismo, veneno, intoxicação, confinamento, ameaças e trapaças dos fazendeiros, para poder garantir a Constituição Federal”.

Em concomitância, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), ontem cumpriu agenda em Brasília, com o ministro de Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, para discutir ações com foco na segurança pública de Mato Grosso do Sul.

Durante o encontro com Dino, Riedel destacou que as questões fundiária e de comunidades indígenas são temas sensíveis e é preciso colaboração com o governo federal. 

“A solução passa pelo Ministério da Justiça e o ministro, com boa vontade de compreender e buscar os caminhos para que a gente solucione de uma vez por todas os conflitos no Estado”, afirmou o governador de MS. 

MOMENTOS DE TENSÃO

Membro do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) em Mato Grosso do Sul, Matias Benno Pempel destacou ao Correio do Estado que a retomada se deu de forma mais incisiva após a Polícia Militar sul-mato-grossense ferir as lideranças com balas de borracha. 

“Acontece que, em meio à ocupação, um indígena idoso foi ferido pela PM e, após o ocorrido, três jovens indígenas que vinham de encontro ao idoso para socorrê-lo também foram atingidos e detidos pelos policiais, ação que revoltou outros indígenas, que se uniram aos demais”, destacou Pempel. 

O missionário indigenista frisou que as represálias por parte do governo do Estado, da Polícia Militar e da prefeitura de Rio Brilhante são irregulares.

Após a ocupação da sede, Pempel pontuou que os indígenas fecharam as porteiras da fazenda, entretanto, permitiram que arrendatários e donos das commodities plantadas no local “colham o que plantaram e retirem da fazenda”.

Neste momento, os indígenas entraram em contato com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para buscar diálogo com o governo do Estado e “conquistarem o território que lhes é garantido por meio de um estudo antropológico em curso desde 2007”, disse o membro do CIMI.

Segundo ele, os indígenas alocados em Rio Brilhante esperam dialogar diretamente com a presidente da Funai, Joênia Wapichana. De acordo com o indigenista, o governo do Estado “não pode usar a Polícia como ‘cão de guarda’”. Os guardas privados, assim como a Polícia Militar, já deixaram o local. 

FALHAS

De fato, de acordo com a Constituição Federal, casos que envolvem indígenas são de responsabilidade da Polícia Federal (PF), e não de comandos estaduais ou municipais.

Outra inconsistência constatada por parte do Cimi e confirmada pela reportagem foi que o prefeito de Rio Brilhante, Lucas Centenaro Foroni (MDB), disse, ainda na sexta-feira, que os indígenas guarani-kaiowá haviam sido detidos e liberados pela polícia, fato que ocorreu somente na tarde de sábado, por meio de decisão judicial, confirmada pelo advogado Anderson Santos, representante do povo guarani-kaiowá . 

"Não houve confronto, as conversas aconteceram de forma pacífica, entretanto, a região já foi invadida por indígenas há cerca de dois, três anos”, disse Foroni na ocasião.

Segundo ele, a gestão municipal chegou a contatar o governo do Estado, mas não houve necessidade de medidas de maior proporção. 

INÍCIO DO CONFLITO

Com três indígenas detidos, o fazendeiro José Raul das Neves foi à Polícia Civil após ter a propriedade invadida por indígenas da etnia guarani-kaiowá, no dia 3. 

Entre as justificativas apresentadas pelo fazendeiro aos policiais, o funcionário de José Neves, Lourival de Oliveira, residente da fazenda, “teve de sair correndo, pois indivíduos estavam invadindo a propriedade”.

O registro policial foi notificado às 9h, mas a ação teria ocorrido por volta das 3h. 

De acordo com o documento, os indígenas bloquearam o acesso à fazenda após trancarem os portões. Em período de colheita, o fundiário alegou que a ação dos indígenas poderia acarretar em perdas de plantio e que ele poderia “perder tudo o que investiu”.

Segundo o registro da ocorrência, notificada como esbulho (lesão possessória) junto ao distrito policial de Rio Brilhante, “no local há plantio de soja, havendo neste momento uma quantia de 280 hectares para colher”.

De acordo com o boletim de ocorrência, o fazendeiro disse ter colhido apenas 40 hectares e que o local abrigava dois caminhões, colheitadeira e tratores para a realização dos trabalhos.

O Correio do Estado buscou contato com o governo do Estado para apurar as ações, contudo, não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Saiba: Com três indígenas detidos, o fazendeiro José Raul das Neves foi à Polícia Civil de Rio Brilhante após ter a propriedade ocupada por indígenas guarani-kaiowá, no dia 3. 

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Cidades

Brasil fica entre os 10 países mais violentos do mundo em ranking; veja lista

O levantamento lista as 50 nações com os níveis de violência mais severos e classifica a situação como extrema, de alta intensidade ou turbulenta

12/12/2025 21h00

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O Brasil está entre os 10 países mais violentos do mundo, de acordo com o Índice de Conflito da instituição Armed Conflict Location & Event Data (Acled), divulgado nesta quinta-feira, 11

A Acled é uma organização sem fins lucrativos e independente que monitora, avalia e mapeia dados sobre conflitos e protestos. Ela recebe apoio financeiro do Fundo de Análise de Riscos Complexos da Organização das Nações Unidas (ONU).

O ranking analisa a intensidade dos conflitos em todos os países do mundo com base em quatro indicadores: letalidade, perigo para civis, difusão geográfica e número de grupos armados.

Veja a lista:

1 - Palestina

2 - Mianmar

3 - Síria

4 - México

5 - Nigéria

6 - Equador

7 - Brasil

8 - Haiti

9 - Sudão

10 - Paquistão

O levantamento lista as 50 nações com os níveis de violência mais severos e classifica a situação como extrema, de alta intensidade ou turbulenta. Os dados foram colhidos entre 1º de dezembro de 2024 e 28 de novembro de 2025.

O Brasil aparece na sétima posição, com um conflito classificado como extremo - atrás até da Ucrânia, que enfrenta uma guerra contra a Rússia desde 2022. Segundo o índice, nos últimos doze meses, o Brasil registrou 9.903 eventos de violência política - expressão usada pela Acled para definir o uso da força por um grupo com propósito ou motivação política, social, territorial ou ideológica, incluindo violência contra civis e força excessiva contra manifestantes, por exemplo.

Apesar do resultado negativo, o País caiu uma posição em relação ao levantamento do ano passado. A instituição aponta que a violência de gangues foi um dos fatores que alimentou os conflitos no Brasil.

O mesmo motivo se repete no Haiti, no México e, principalmente, no Equador, que subiu 36 posições em apenas um ano, com mais de 50 grupos armados envolvidos ativamente em atos de violência no período, incluindo quase 40 gangues. "Mais da metade dessas gangues estiveram envolvidas nos mais de 2,5 mil ataques contra civis", afirma a Acled.

Praticamente todas as pessoas na Palestina foram expostas à violência, o que fez do território o pior classificado na lista. "A Palestina também apresenta o conflito geograficamente mais difuso, o que significa que a Acled registra altos níveis de violência em quase 70% da [Faixa de] Gaza e da Cisjordânia", disse a organização. Em letalidade, a região só perde para a Ucrânia e o Sudão. Em segundo lugar no ranking geral está Mianmar, seguido por Síria, México e Nigéria.

No geral, os conflitos se mantiveram em níveis estáveis ??nos últimos 12 meses, com 204.605 eventos registrados no período, contra 208.219 eventos no levantamento anterior. "Esses eventos violentos resultaram - em uma estimativa conservadora - em mais de 240 mil mortes", aponta a Acled.

O ranking é feito com base em dados coletados quase em tempo real pela organização, em mais de 240 países e territórios, ao longo dos 12 meses anteriores à análise.

A Acled também listou 10 países e regiões que, segundo suas projeções, enfrentarão conflitos armados, instabilidade política e emergências humanitárias em 2026. Entre eles estão a América Latina e o Caribe, devido à crescente pressão dos Estados Unidos na região, o que pode alimentar uma maior militarização da segurança e da violência no ano que vem.
 

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POLÍCIA

Suspeito de furtar condomínios de luxo é preso em Campo Grande

Ele foi flagrado pelas câmeras de segurança escalando muros e tentando acessar áreas internas de residenciais de alto padrão

12/12/2025 18h15

Divulgação: Polícia Civil

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A Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos (DERF) prendeu, na manhã de quinta-feira (11), um indivíduo responsável por uma sequência de tentativas de furtos em condomínios residenciais de Campo Grande. A ação das autoridades interrompeu a onda de invasões que vinha assustando moradores de diferentes bairros da Capital.

O suspeito, de 20 anos, já possui extenso histórico de práticas de furtos, inclusive qualificadas e em tentativa, além de outras ocorrências criminais registradas ao longo dos últimos anos. Ele foi flagrado pelas câmeras de segurança escalando muros e tentando acessar áreas internas de residenciais de alto padrão.

As imagens, nítidas e detalhadas, captaram o momento em que o suspeito escalava a muralha do residencial, tentando vencer a cerca elétrica e chegando, inclusive, a tomar um choque ao tentar romper a barreira de proteção.

Em outro episódio, o mesmo autor foi flagrado dentro do terreno de uma residência de outro condomínio, fato igualmente tratado como furto qualificado tentado.

Com a identificação e o histórico criminal reiterado, a DERF empreendeu investigações que resultaram na prisão do suspeito nesta quinta-feira, retirando de circulação um dos autores de furtos mais contumazes da região.

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