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GUERRA NA CIDADE

Rio vive enfraquecimento da ocupação
das comunidades pelas UPPs

Rio vive enfraquecimento da ocupação
das comunidades pelas UPPs

AGÊNCIA BRASIL

30/07/2017 - 16h00
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No último mês, os casos de violência no Rio de Janeiro mexeram com a população. Até quem ainda não tinha nascido, foi atingido.

No dia 30 de junho, o bebê Arthur, que ainda estava no ventre da mãe, foi ferido, na Baixada Fluminense. Outro bebê, que também se chamaria Arthur, nem pôde nascer.

A mãe, gestante de 3 meses foi atropelada no dia 7 deste mês durante uma fuga de assaltantes. De repente, a cidade acordou para a crise das ações de segurança dos últimos anos, que tinham como vitrine as chamadas unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Nos tiros cruzados em diversos locais da cidade, policiais também fazem parte das estatísticas como o cabo Bruno dos Santos Leonardo, de 29 anos, ferido na cabeça durante um ataque à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na localidade do Telégrafo, no Morro da Mangueira, no dia 17.

Na última terça-feira (25) ocorreu o enterro do 91º policial morto em menos de sete meses, enquanto em todo o ano de 2016, foram 100.

Para Maria Isabel Couto, pesquisadora da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV/ DAPP), a situação da criminalidade culmina, no momento atual, com a crise financeira do estado, embora a deterioração dos indicadores seja anterior à piora das finanças fluminenses.

Na visão dela, o problema é de gestão da política de segurança. Lembrou que as atuações das forças de segurança ficaram concentradas no projeto das UPPs, permitindo a atuação de criminosos em outros locais, como a Baixada Fluminense e o interior do Estado.

“Se, enquanto a gente estivesse investindo nas UPPs na capital, a gente também estivesse investindo em novas tecnologias de inteligência, de investigação e de policiamento na Baixada e no interior, provavelmente, essa migração de atividades criminosas não teria acontecido e conseguido se fixar”, afirmou.

REORGANIZAÇÃO DO CRIME

O que ocorreu naquele momento, de acordo com ela, foi uma espécie de “cessar fogo”, nas brigas entre as facções de tráfico de drogas por territórios na cidade do Rio de Janeiro.

O quadro mudou, segundo Maria Isabel, com os sinais de fragilidade das unidades e do órgão. “Eles [os criminosos das facções] estão passando, claramente, por um momento o de reorganização, de redivisão de territórios da cidade. Estão disputando e brigando para ver quem vai sair mais fortalecido. Estão aproveitando um momento de fragilidade governamental para fazer isso. É um xadrez de território”, contou.

De acordo com Maria Isabel, quando o projeto das UPPs foi lançado, havia a promessa de mudança na cultura do policiamento, que passaria ser focado na proximidade com a população, e deixaria de ser pautado por uma política de guerra às drogas.

“As UPPs acenavam para uma mudança nesse padrão. Numa incorporação do Rio de Janeiro de um padrão de policiamento comunitário e não foi isso que a gente viu”, contou. Além disso, de acordo com ela, as contrapartidas em políticas públicas não vieram.

“O que a gente viu é que as contrapartidas, que não são a polícia, foram muito tímidas, e os policiais ficaram quase abandonados nessas UPPs pelo poder público. Se no início a gente conseguiu ver a redução dos tiroteios e dos conflitos, com o tempo, se a única presença que a gente vê é a militarização da vida cotidiana nas favelas, isso tende a esgarçar as relações e tende a recrudescer. Então, a gente viu o retorno às velhas práticas”, observou.

Para o especialista em Segurança Pública, mestre em antropologia e ex-integrante do Batalhão de Operações Especiais do Rio de Janeiro (Bope), Paulo Storani, nunca ficou muito claro quais seriam os passos das UPPs após a ocupação policial dos territórios.

“O primeiro passo foi dado com sucesso, mas não tendo ocorrido o segundo, não tem como dar o terceiro, que é a saída do policial. Na verdade, foi dado um único passo”, disse o pesquisador, ponderando que também não houve uma cobrança da sociedade para a continuidade do projeto.

CRISE ECONÔMICA

Na visão da cientista social e coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, Sílvia Ramos, a crise econômica do estado agravou a situação de violência que, desde 2015, estudos e pesquisas já mostravam sinais de que o cenário atual ocorreria se nada fosse feito.

A pesquisadora alertou, que embora tenha componentes da crise de falta de recursos, a segurança pública tem ainda uma crise estrutural.

“Se tem, no caso da segurança, uma combinação extremamente complicada e explosiva de crise conjuntural do estado que é igual nas áreas de saúde, de educação e de assistência social, combinado, com uma crise muito grande, estrutural, na área de segurança, de projeto, de modelo e de perspectiva”, apontou.

Para a Secretaria de Estado de Segurança (Seseg) do Rio de Janeiro, a crise financeira do estado tem provocado impacto significativo nos agentes e em materiais à disposição das forças policiais fluminenses. Segundo o órgão, isso demanda “um esforço enorme de gestão para fazer face a este cenário antagônico”.

A professora acrescentou que, com a reocupação pelos grupos armados de áreas onde foram instaladas as UPPs, os policiais ficaram isolados e, mesmo assim, não há perspectivas de tirá-los desses locais.

Sílvia Ramos classificou de “mais do mesmo”, a previsão do Plano Nacional de Segurança, na fase Rio de Janeiro, com o emprego maior de agentes da Força Nacional, porque medidas semelhantes foram tomadas em outras épocas e, passado um tempo, os criminosos voltavam a atuar, porque sabiam onde estavam as tropas.

SECRETARIA SEGURANÇA

De acordo com informações da Seseg à Agência Brasil, para tentar ultrapassar a barreira econômica, sem custos aos cofres públicos, foram definidas medidas estruturantes como o Grupo Integrado de Operações de Segurança Pública (Giosp), instalado no Centro Integrado de Segurança Pública (CICC), na Cidade Nova, região central do Rio, para fazer o monitoramento qualificado da criminalidade violenta. Além disso, passou a contar com a delegacia especializada para o combate ao tráfico de armas, a Desarme.

Conforme a Seseg, as suas principais diretrizes são “a preservação da vida e dignidade humana, o controle dos índices de criminalidade e a atuação qualificada e integrada das polícias”.

Para isso, o secretário Roberto Sá “mantém interlocução permanente com os comandos das polícias Militar e Civil orientando-os na busca incessante de medidas que impactem na redução dos indicadores de violência, principalmente o de letalidade violenta.

Cidades

Mudanças climáticas e IA serão pautas do Brasil à frente do Brics

País buscará entendimento com outros países do grupo, diz embaixador

25/12/2024 21h00

Mudanças climáticas e IA serão pautas do Brasil à frente do Brics

Mudanças climáticas e IA serão pautas do Brasil à frente do Brics PAULO PINTO/AGÊNCIA BRASIL

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O Brasil assume a presidência do Brics em 1º de janeiro do ano que vem e receberá, pela quarta vez, a reunião de cúpula do grupo. Para o governo brasileiro, essa será uma oportunidade de buscar entendimento, entre as dez nações que compõem o grupo, na direção da construção de um mundo melhor e mais sustentável.

Em entrevista à Agência Brasil, o embaixador Eduardo Saboia, sherpa (ou seja, o negociador-chefe) do Brics em 2025, afirma que o grupo, pelo tamanho de sua população (mais de 40% do total global) e de sua economia (37% do PIB mundial por poder de compra), tem uma grande importância no cenário global.

“Se você quer construir um mundo melhor, um mundo sustentável, o Brics tem que ser parte dessa construção. E é importante que haja um entendimento entre esses países, porque esse entendimento ajuda você a alcançar um entendimento mais amplo [com outros países]”, disse Saboia.

Além de temas que já vêm sendo discutidos no Brics, como a possibilidade do uso de moedas locais no comércio entre os países e a reforma da governança global, o Brasil aproveitará sua posição à frente do grupo, para buscar entendimento em temas como as mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável com redução da pobreza e uma governança sobre a inteligência artificial.

A questão do clima é de especial interesse porque o Brasil sediará também neste ano, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), em Belém.

“Como a gente pode aproveitar a presidência do Brics para construir um entendimento que possa ajudar para o êxito da COP-30? Os países que são membros do Brics têm um papel central na questão da energia, que é a principal fonte de emissões de gases do efeito estufa”, afirma.

Já a governança da Inteligência Artificial (IA) é um tema relevante uma vez que, segundo o embaixador, essa é uma tecnologia “disruptiva”. “Não existe uma governança da inteligência artificial, mas essa é uma discussão que está ocorrendo. Quem sabe no Brics, durante a presidência brasileira, a gente possa avançar na ideia de ter uma visão desses países sobre como deve ser a governança da inteligência artificial”.

De acordo com Saboia, o Brics é uma força de construção e também estabilizadora. “É estabilizadora porque se você tem esses países, que são muito diferentes e com sistemas políticos diferentes, cada um com seus desafios, se entendendo e eles se reúnem todo ano, isso é bom para todo mundo, porque dali saem soluções para a população”.

Ampliação

A primeira reunião de cúpula ocorreu em 2009, apenas com Brasil, Rússia, Índia e China (o Bric original). Em 2011, a África do Sul aderiu, transformando a sigla em Brics.

Em 2023, na cúpula de Johannesburgo, na África do Sul, o Brics convidou Argentina, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes, para se juntarem ao grupo a partir de janeiro de 2024. A Argentina decidiu não aderir, enquanto os demais participaram da cúpula deste ano, em Kazan, na Rússia.

O embaixador Saboia explica que a expansão dos Brics é resultado do êxito do grupo. “O Brics hoje desperta grande interesse e é importante que ele seja representativo dos países do sul global, dos países emergentes”.

Segundo ele, a ampliação do grupo tem apoio do Brasil e dialoga com a posição do país em relação à reforma da governança global. “Se a gente defende a reforma e a ampliação do Conselho de Segurança [da ONU], faz sentido que a gente tenha uma ampliação do Brics. Agora essa plataforma [o Brics], tem uma pauta, tem um acerto, então os países que entraram, abraçaram essas conquistas. Uma das prioridades é fazer com que essa incorporação se dê da maneira mais suave e efetiva possível”.

Na cúpula de Kazan, o Brics também anunciou uma nova modalidade de membros (os países associados) e definiu-se que 13 nações seriam convidadas: Cuba, Bolívia, Turquia, Nigéria, Indonésia, Argélia, Belarus, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã e Uganda.

Saboia afirma que o anúncio em relação à adesão dos países parceiros será feito nas próximas semanas. “Uma das prioridades da nossa presidência é fazer com que esses países se sintam acolhidos na família do Brics. É importante que haja um trabalho para que eles se envolvam. Eles participarão das reuniões de ministros de Relações Exteriores e também há previsão que eles participem da cúpula [de 2025]”.

saúde

Novas diretrizes médicas ajudam a prevenir a ocorrência de AVCs

Objetivo é ajudar as pessoas e seus médicos a adotarem medidas de prevenção para evitar os riscos

25/12/2024 20h00

Reprodução/Agência Brasil

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A maioria dos acidentes vasculares cerebrais (AVCs) pode ser evitada, segundo as novas diretrizes que pretendem ajudar as pessoas e seus médicos a fazerem exatamente isso.

O AVC foi a quarta principal causa de morte nos EUA em 2023, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, CDC. Anualmente, mais de 500 mil americanos sofrem um AVC. Mas até 80% deles podem ser evitados com melhoras na alimentação, nos exercícios físicos, e na identificação de fatores de risco.

As primeiras novas diretrizes sobre prevenção de AVC em 10 anos, da Associação Americana de AVC, uma divisão da Associação Americana do Coração, incluem recomendações para o público e aos profissionais de saúde que refletem uma melhor compreensão de quem sofre AVCs e por quê, além de novos medicamentos que podem ajudar a reduzir os riscos.

A boa notícia é que a melhor forma de reduzir o risco de AVC também é a melhor forma de reduzir o risco de uma série de problemas de saúde: tenha uma dieta saudável, faça exercícios e não fume. A má notícia é que manter esses hábitos nem sempre é tão fácil.

O Dr. Sean Duke, especialista em AVC no Centro Médico da Universidade de Mississippi, atribui essa responsabilidade às forças da sociedade que mantêm as pessoas sedentárias e com alimentação inadequada, como os celulares e os alimentos baratos e pouco saudáveis. "Nosso mundo está armado contra nós", diz.

O que você precisa saber sobre AVC e as novas diretrizes:

O que é um AVC?

Um AVC acontece quando o fluxo de sangue para uma parte do cérebro fica bloqueado, ou quando um vaso sanguíneo do cérebro se rompe. Isso prejudica a oxigenação do cérebro e pode causar danos cerebrais que levam a dificuldades para pensar, falar e caminhar, ou até mesmo à morte.

Como uma alimentação saudável pode reduzir o risco de AVC

Segundo a associação médica, uma alimentação saudável pode ajudar a controlar vários fatores que aumentam o risco de AVC, incluindo colesterol alto, glicemia alta, e obesidade.

A organização recomenda os alimentos da chamada dieta mediterrânea, como frutas, verduras, legumes, grãos integrais e azeite de oliva, que podem ajudar a manter baixos os níveis de colesterol. Uma das sugestões é limitar a carne vermelha e outras fontes de gordura saturada. A proteína pode ser obtida de leguminosas, castanhas, aves, peixes e frutos do mar.

Limitar também os alimentos ultraprocessados e as bebidas e alimentos com muito açúcar adicionado. Isso também pode ajudar a reduzir o consumo calórico, que ajuda a manter o peso sob controle.

Manter o corpo em movimento pode ajudar a prevenir AVCs

Levantar e caminhar por pelo menos 10 minutos por dia pode reduzir "drasticamente" o risco individual, diz a Dra. Cheryl Bushnell, neurologista da Faculdade de Medicina da Universidade Wake Forest, que integrou o grupo que criou as novas diretrizes. Entre os principais benefícios: o exercício regular pode ajudar a reduzir a pressão arterial, um dos principais fatores de risco para o AVC.

Mas claro, quanto mais, melhor: a associação recomenda a prática semanal de pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica moderada, ou 75 minutos de atividade vigorosa, ou alguma combinação dessas modalidades. A forma como você faz isso não importa tanto, segundo os especialistas: vá à academia, faça uma caminhada ou uma corrida pelo seu bairro, ou use esteiras e aparelhos elípticos em casa.

Novas ferramentas para reduzir a obesidade, um fator de risco do AVC

Dieta e exercícios podem ajudar a controlar o peso, outro importante fator de risco para os AVCs. Mas uma nova categoria de medicamentos que podem reduzir drasticamente o peso foi aprovada pelos órgãos reguladores, fornecendo novas ferramentas para reduzir o risco de AVC desde a última atualização das diretrizes.

As diretrizes agora recomendam que os médicos avaliem a possibilidade de prescrevê- los para pessoas com obesidade ou diabetes.

No entanto, embora os remédios possam ajudar, as pessoas ainda precisam se alimentar bem e fazer exercícios, alerta o Dr. Fadi Nahab, especialista em AVC no Hospital Universitário Emory.

Novas diretrizes ajudam os médicos a identificarem quem pode ter risco mais alto de AVC

As novas diretrizes, pela primeira vez, recomendam que os médicos avaliem os pacientes por outros fatores que podem aumentar o risco de AVC, incluindo sexo e gênero, além de outros fatores não médicos, como estabilidade econômica, acesso aos cuidados de saúde, discriminação e racismo. Por exemplo, o risco de ter um primeiro AVC é quase duas vezes maior para adultos negros nos EUA em relação aos adultos brancos, segundo os CDC.

"Se uma pessoa não tem plano de saúde ou não consegue chegar ao consultório médico por problemas de transporte, ou se não consegue faltar no trabalho para buscar atendimento (...) todas essas coisas podem impactar a capacidade de se prevenir um AVC", diz Bushnell.

Os médicos podem indicar recursos para obter assistência de saúde ou alimentos a baixo custo, assim como dar sugestões para aumentar o nível de atividade física sem gastar muito com uma mensalidade de academia.

As diretrizes agora também recomendam que os médicos avaliem condições que podem aumentar o risco de AVC em mulheres, como pressão alta durante a gravidez ou menopausa precoce.

Como saber se estou tendo um AVC e o que devo fazer?

Três dos sintomas mais comuns de AVC são fraqueza facial, fraqueza nos braços e dificuldade na fala. O tempo também importa, porque os danos cerebrais podem acontecer rapidamente, e se o AVC é tratado logo, eles podem ser limitados.

Especialistas em AVC criaram uma sigla em inglês para ajudar na memorização: FAST. F de face (rosto), A de arm (braço), S de speech (fala), e T de time (tempo). Se você acha que você ou alguém próximo pode estar sofrendo um AVC, ligue imediatamente para o número de emergência.

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