Cidades

MEIO AMBIENTE

Rios que alimentam polo de MS do ecoturismo e Pantanal ficam secos'

Laudos vão subsidiar MPMS para aplicar medidas de recuperação no Rio da Prata e no Rio Miranda

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Os rios da Prata e Miranda, os quais têm não só importância econômica – abastecendo água direta e exclusivamente ao menos três cidades de MS ou pouco mais da metade (51%) da população sul-mato-grossense –, mas também para a manutenção de um sistema complexo de biodiversidade, têm apresentado uma série de sinais de degradação, com trechos que chegaram a secar integralmente ao longo de 11 km de percurso.

Neste ano, tanto o Rio da Prata quanto o Rio Miranda vêm sofrendo pressão diante da estiagem severa e da constatação de passivos ambientais em áreas de Cerrado. Por isso, suas respectivas sobrevidas entraram na pauta de inquéritos do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS).

As avaliações técnicas com relação às situações dos dois rios estão tramitando na 1ª Promotoria de Justiça de Jardim, município onde estão concentrados os trechos mais críticos de degradação que vem impactando negativamente os cursos d’água.

Os inquéritos pretendem dar andamento a medidas de recuperação de áreas de preservação permanente (APPs), principalmente obrigando proprietários a custearem e a implementarem essas ações.

Mas antes de realizar essas determinações, seja por acordos, seja por obrigação judicial, o MPMS está se cercando de vistorias técnicas e laudos que permitam identificar as áreas prioritárias para a execução dessas atividades.

No Rio Miranda, que tem extensão de cerca de 400 km e representa um dos principais tributários do Rio Paraguai, contribuindo ao pulso de água para o Pantanal e ao fornecimento de água para os municípios de Jardim, Guia Lopes da Laguna e Miranda, já houve a identificação de que existem 53 hectares que precisam de ações urgentes de recuperação.

Essa área equivale a cerca de 74 campos de futebol e está localizada ao longo de 70 km da região de nascente do Miranda, que envolve principalmente o território no município de Jardim e Guia Lopes da Laguna. Nesse trecho, o nível do rio chega a 30 cm, enquanto há marcas na vegetação que apontam para um nível no passado de mais de 5 m.

Já o Rio da Prata, que forma um dos eixos para fomentar o ecoturismo para a região de Bonito e Jardim a partir das águas cristalinas, está ficando pressionado em área onde não estão instalados atrativos turísticos, onde está o afluente Rio Verde, também no município de Jardim.

Além do turvamento, que representa carregamento de sedimentos para o leito do rio, cerca de 11 km do curso d’água desapareceram.

Em agosto, houve até a identificação de que 200 peixes – entre eles a espécie ameaçada dourado, além de cascudo, curimbatá, piraputanga, piau e piapara – ficaram ilhados.

As espécies só sobreviveram graças a uma operação para conseguir transferi-los a uma outra parte do Rio da Prata com maior volume de água.

Promotor de Justiça em Jardim, Allan Carlos Cobacho do Prado é quem está presidindo os inquéritos que averiguam causas dessa degradação em ambos os rios e está responsável por cobrar medidas de recuperação.

“É preciso haver uma sensibilidade para atuar, por conta da importância de recuperar não só o Rio Miranda, 
mas seus afluentes. Com a seca extrema, a gente identificou que a situação piorou. Há tempos o MPMS tem parcerias com entidades como o Instituto Guarda Mirim Ambiental (IGMA) de Jardim para realizar recuperação de áreas. A PMA [Polícia Militar Ambiental] também está atuando para fiscalizar as APPs. Podemos atuar instaurando inquéritos civis para cobrar a recuperação dessas áreas”, afirmou Prado.

Além da ação fiscalizadora, está em andamento por parte administrativa medidas a serem tomadas a partir do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Miranda. O colegiado foi criado pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Cerh-MS) em 2005.

Por ter como integrantes representantes da União, do Estado e de municípios, além de usuários das águas e entidades civis, o comitê pode ter força política para propor soluções e engajamento de diferentes instituições. A Bacia do Rio Miranda engloba 21 municípios de MS.

Atualmente na presidência do comitê, o empresário e produtor rural Eduardo Foley Coelho ressaltou que só uma ação coordenada e conjunta pode ser capaz de retomar a saúde do Rio Miranda. Ele também tem influência para ações no Rio da Prata, pois preside o Instituto das Águas da Serra da Bodoquena (Iasb) e conta com empreendimento turístico na região.

“Vai ser feita uma apresentação com os membros do comitê, com o objetivo de sensibilizar a todos. Participam do colegiado a sociedade civil, usuários e governos. Queremos mostrar a situação para que, todos juntos, possamos tomar medidas que ajudem a reverter esse quadro que estamos enfrentando. O Rio Miranda ainda está em um processo de degradação muito forte”, declarou.

Tanto no Miranda quanto no da Prata, entre agosto e este mês, foram realizadas duas operações técnicas para vistoria e elaboração de laudos, apontando áreas prioritárias de degradação. Esses documentos vão subsidiar as medidas do MPMS e as ações do comitê.

A elaboração desses laudos tem a participação de especialistas do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), do IGMA, do Iasb e da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) – Campus Jardim. 

A PMA também deve realizar fiscalizações. Os documentos devem ser entregues em um prazo de até mais 30 dias.

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As avaliações com relação às situações dos dois rios estão tramitando na 1ª Promotoria de Justiça de Jardim, município onde estão concentrados os trechos mais críticos da degradação.

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Direito

Servidoras entram na Justiça para garantir direito a exames na Capital

Com a decisão, o Município de Campo Grande tem 30 dias para estabelecer regras e liberar funcionárias públicas e contratadas para fazer o preventivo, conforme estabelecido por lei

18/09/2024 17h30

Crédito Paulo Ribas / Arquivo / Correio do Estado

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A Justiça determinou que a Prefeitura Municipal de Campo Grande cumpra o previsto em lei e libere servidoras para a realização de exames médicos, sob pena de multa que pode variar de R$ 10.000,00 a R$ 500.000,00 por procedimento que não for realizado.

A determinação ocorreu após o Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado de Mato Grosso do Sul entrar na justiça quando uma servidora pública apresentou um requerimento de dispensa para realizar exames preventivos de câncer de mama e de colo do útero, no dia 14 de maio de 2014. Entretanto, o pedido foi negado.

No entendimento da assessoria jurídica da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), conforme os autos do processo, a lei (n. 5.693, de 18 de abril de 2016) que determina a ausência de um dia para a realização dos exames (preventivo de câncer de mama e do colo do útero) ainda não havia sido regulamentada.

Deste modo, não estavam estabelecidas regras para que ocorresse a liberação ou ausência da servidora pública para a realização dos referidos exames.

No entanto, embora a lei não estivesse em vigor no período em que a servidora apresentou o requerimento, outro ponto apresentado foi que o estatuto do servidor do município, dentro desses critérios, possui regulamento para abonar faltas.

“O estatuto do servidor municipal é profícuo em estabelecer que a previsão em lei ou regulamento é suficiente para abonar as ausências, sendo a falta considerada para todos os efeitos como presença ao serviço”, diz o requerente do processo.

Diante do ocorrido, foi solicitado ao juiz a permissão para que compete ao município autorizar suas funcionárias a se afastarem pelo período de um dia por ano para a realização do preventivo.

E ainda, solicitou que a prefeita Adriane Lopes (PP) estabeleça normativas que assegurem o direito dentro de um prazo de até 30 dias.

Decisão

O juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, verificando o caso, concluiu que existem motivos para o pedido de tutela de urgência, considerando o risco à saúde das servidoras públicas.

“A respeito do perigo da demora ou risco ao resultado útil do processo, salienta-se que a não concessão da dispensa anual para a realização dos exames preventivos pode resultar em diagnósticos tardios, uma vez que as servidoras podem acabar postergando a realização desses exames, sendo que tal situação é capaz de ocasionar danos irreparáveis à saúde das servidoras, sobretudo porque o diagnóstico precoce é imprescindível para garantir um tratamento mais eficaz”, aponta o juiz.

O juiz imputou que seja permitida tanto a servidoras públicas como contratadas a permissão de afastamento de um dia para a realização dos exames de câncer de mama e colo do útero.

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JULGAMENTO

Policial federal era tratado como espião da milícia, afirma promotor

"Canguru", "Bob" e "Clóvis" eram os codinomes utilizados em ligações entre Jamil Name, Jamilzinho e Everaldo

18/09/2024 16h15

Policial federal era tratado como espião da milícia, afirma promotor

Policial federal era tratado como espião da milícia, afirma promotor Marcelo Victor

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Na manhã do terceiro dia de julgamento, nesta quarta-feira (18), o promotor Gerson Eduardo de Araújo, do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), finalizou sua tese de acusação afirmando que Everaldo Monteiro trabalhava simultaneamente para a Polícia Federal e para a organização criminosa liderada por Jamil Name, apontado como mandante do assassinato de Marcel Hernandes Colombo, conhecido como “Playboy da Mansão”.

Durante sua fala, Gerson revelou a descoberta de uma agenda contendo nomes, telefones e informações sobre desafetos de Jamil Name Filho, além de um "boné espião". Ele citou o nome de P.R., que, segundo Jamilzinho, teria sido o autor de um golpe.

“Essas pessoas não estavam ali para receber flores. Eram inimigas de Jamil Name Filho. Com login e senha, havia pesquisas restritas, além de registros de ligações feitas e recebidas por um número de telefone em determinado período, com sinais para identificar a localização dessas pessoas. Essas informações sigilosas estavam no pen-drive, juntamente com as armas”, questionou Gerson, levantando a dúvida sobre a presença das pesquisas no arsenal.

O promotor acrescentou que Everaldo admitiu ter realizado as pesquisas antes da apreensão do pen-drive.

“Estamos falando de pessoas pesquisadas que tinham desavenças com o líder da organização criminosa. Ele afirma que elas estavam ali por estarem vinculadas ao tráfico de drogas, mas não há uma prova mínima nesse sentido.”

No dia dos fatos, Gerson afirmou que Everaldo alegou não ter conhecimento sobre o pen-drive encontrado, apesar de sua função ser realizar a escolta de presos, fazer plantão de superintendência, conduzir coercitivamente para audiências e participar de operações e diligências de inquéritos de baixa complexidade.

“Ele vem com essa história de que um informante lhe deu essa informação. Mas como o pen-drive rosa, que ele admite ser dele, foi parar no arsenal?”, indagou Gerson.

Sobre o pen-drive, as versões das duas partes se contradizem. Everaldo alegou que o dispositivo foi furtado em outra ocasião, enquanto Jamilzinho afirmou que, durante uma visita à sua casa, Everaldo deixou o pen-drive cair, e uma de suas funcionárias o recolheu.

Durante o julgamento, foi apresentada uma ligação encontrada no celular do policial, de uma pessoa identificada como “Canguru”, que dizia que “Jamilzinho” queria falar com ele.

O promotor revelou que, após investigações, o número pertencia a Jamil Name Pai, e que “Canguru” era o nome que ele usava quando foi preso. No diálogo, descobriu-se que Jamilzinho era chamado de “Bob” e que o policial federal era conhecido como “Clóvis”. O promotor destacou que, em outras conversas, o policial utilizava diversos codinomes.

“Nessas conversas Everaldo orienta como fazer para que Jamilzinho tenha acesso ao e-mail da ex-esposa. Temos provas de que Everaldo tinha relações com os líderes da organização criminosa. Ele sabia com quem estava lidando e fornecia dados sensíveis a Jamil Name Filho.”

O promotor encerrou sua fala reiterando a importância do bilhete que continha informações acessíveis apenas a membros da organização criminosa.

“Essas informações são verossímeis e evidenciam que ele, de fato, tem responsabilidade na ocultação da arma. O Ministério Público requer a condenação dos réus conforme exposto na denúncia.”

Caso em julgamento 

Em 18 de outubro de 2018, Marcel Hernandes Colombo foi assassinado, caso que passou a ser conhecido como do "Playboy da Mansão", desengavetado durante investigações da Operação Omertà. 

Isso porque onze meses após o crime, não havia sequer um único suspeito apontado pela polícia, e depois da "morte acidental" de Matheus Xavier, em abril de 2019 e da descoberta de um arsenal na Capital, o nome da família Name ventilou com mais força no caso. 

O arsenal de armas estava escondido em uma casa no Jardim São Bento, em Campo Grande, descoberto ainda em setembro de 2019, quando investigadores passaram a juntar provas de acusação contra "Jamilzinho".  

Junto de Jamil Name Filho - apontado como suposto mandante - estão sendo julgados: o PF Everaldo Monteiro de Assis, além dos guardas municipais Marcelo Rios e Rafael Antunes Vieira.

Cabe lembrar que Jamil Name e José Moreira Freires também eram réus listados no caso, porém faleceram ainda durante o processo. 

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