Cidades

caso sophia

Sejusp aciona plano B para crianças vítimas de violência no Estado

A morte de Sophia completou um mês no domingo, sem mudanças concretas feitas para melhorar o atendimento às crianças em MS

Continue lendo...

O titular da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Antônio Carlos Videira, afirmou, em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, que a implementação da sala de denúncias de violência contra a criança na Casa da Mulher Brasileira segue no papel. 

Como alternativa, a Sejusp propôs, por enquanto, como plano B, estender o atendimento da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) para todos os dias da semana, inclusive feriados. 

Para que isso seja de fato implementado, Videira explicou que será necessário trazer policiais de outras cidades para atuar nas escalas extras de plantão, não havendo um prazo definido para a possível implantação do novo horário.

O secretário vai se reunir com o delegado-geral de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Roberto Gurgel, ainda nesta semana, para agilizar o funcionamento de plantão na sede da DEPCA.

“O conselho gestor da Casa da Mulher Brasileira disse que, antes de emitir qualquer autorização, eles consultariam o Ministério das Mulheres, mas não dá para esperar resposta do governo federal”, disse Videira.

“Quero me reunir com o Gurgel para deliberar o que será necessário para que nós tenhamos a DEPCA funcionando durante os fins de semana”, complementou o secretário. 

Videira ainda ressaltou que o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), deve nomear novos agentes de polícia científica, peritos criminais e escrivães, o que pode auxiliar no funcionamento da delegacia em horário estendido.

PLANO A

A Sejusp havia anunciado, no dia 15, a implementação de uma sala de atendimento à criança vítima de violência dentro da Casa da Mulher Brasileira.

A medida, proposta como caminho para a proteção infantil após a morte de Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos, permanece apenas no papel, por questões burocráticas, de acordo com o titular da Sejusp.

Dessa forma, Videira já admite que o projeto pode ficar em segundo plano ou nem ser executado.

“Não é porque nós teremos a DEPCA funcionando aos sábados e domingos que nós vamos deixar de demandar a criação do Centro [da Criança]. Nós vamos levar ao governo federal a demanda de uma área próximo à Casa da Mulher Brasileira, onde nós possamos edificar um prédio que abrigue a DEPCA e ali compartilhar o núcleo do IMOL [Instituto de Medicina e Odontologia Legal]”, explicou.

Na prática, o Estado só propôs medidas para atendimento às vítimas após os crimes serem consumados, o que, de forma imediata, não é suficiente para evitar que crianças e adolescentes continuem sendo as maiores vítimas de violência sexual em Mato Grosso do Sul.

BUROCRACIAS

Janice Andrade, advogada que representa o pai de Sophia, Jean Carlos Ocampo, e seu marido, Igor de Andrade, afirmou que os órgãos que deveriam zelar pela proteção das crianças ainda estão perdendo tempo com as burocracias.

“Ainda não tivemos resultado das apurações, inclusive, das falhas da rede de proteção à criança. Mas ainda temos muito o que avançar, principalmente na aplicação da Lei Henry Borel, em que está acontecendo diversos conflitos de competências no sistema Judiciário”, disse a advogada.

Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, Jean Carlos Ocampo e Igor de Andrade relataram que, mesmo após a morte da criança, seguem em busca de justiça.

De acordo com o casal, além de todas as negligências sofridas pela menina enquanto estava viva, agora a luta também é para que a busca por justiça não seja silenciada e a verdade sempre prevaleça.

UM MÊS SEM SOPHIA

Por trás dos erros do sistema de saúde, da Justiça e do Conselho Tutelar, o caso Sophia de Jesus Ocampo completou um mês neste domingo. Os pais, avó materna, parentes e amigos fizeram uma passeata para cobrar que medidas efetivas fossem tomadas para obter justiça no caso da menina.

“Nesse prazo de um mês após a [morte de] Sophia, a gente já viu mais quatro casos novos [de violência contra crianças]. O que mais sangra o nosso coração, o que mais nos revolta, além da [morte da] nossa filha, é que não tomaram nenhuma atitude para proteger as outras crianças”, disse Igor de Andrade, pai de coração de Sophia.

“Estamos lutando justamente para a prevenção. O Brasil, infelizmente, não trabalha com prevenção à agressão contra crianças”, acrescentou Igor.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) de Campo Grande continua conduzindo a investigação para apurar as falhas cometidas no caso de Sophia.

Em apenas dois anos de vida, a menina passou 30 vezes por Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), e nenhum profissional identificou que a criança estava em situação de violência.

Em paralelo, a Sejusp continua apurando onde ocorreram as falhas de atendimento à menina. 

REPARTIÇÕES

Outro problema enfrentado pela Sejusp, que permanece sem solução, é a falha no fortalecimento da segurança em repartições públicas. 

Por ora, as tentativas da secretaria para contornar as falhas cometidas, tanto no atendimento às vítimas de violência quanto na segurança em instituições estaduais, são insuficientes para evitar a curto prazo novos casos como o de Sophia – morta aos 2 anos, no dia 26 de janeiro, pela mãe e pelo padrasto – e o do empresário Antônio Caetano de Carvalho, assassinado durante uma audiência de conciliação no Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-MS) em Campo Grande, no dia 13 de fevereiro. 

O empresário Antônio Caetano de Carvalho foi morto a tiros pelo subtenente reformado da Polícia Militar José Roberto de Souza, durante uma audiência de conciliação no Procon-MS, no centro da Capital. 

Passadas 72 horas do crime, José Roberto de Souza se apresentou à 1ª Delegacia Policial de Campo Grande e assumiu a autoria dos disparos. O caso foi enquadrado como homicídio por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Videira ressaltou que colocar os policiais para fazer segurança nos órgãos seria um “desvio de finalidade” e significaria uma perda de policiais nas patrulhas de rua.

“Nós temos diversos órgãos. Se formos colocar policiais para fazer segurança, eles vão estar em desvio de finalidade, e isso vai tirar policiais da rua. Então, cada diretor, cada gestor do órgão vai ter de buscar a sua solução, que vai desde o patrimonial até a fiscalização com equipamentos de segurança, com câmeras que inibam as ações”, afirmou o secretário. 

O secretário hoje deve se encontrar com Patrícia Cozzolino, secretária de Assistência Social e Direitos Humanos de Mato Grosso do Sul, para tratar de diversos assuntos, sendo o homicídio ocorrido no dia 13 de fevereiro um deles. 

Assine o Correio do Estado

Cidades

Veículos batem de frente e três pessoas da mesma família morrem na BR-267

Motorista de um Virtus tentou fazer uma ultrapassagem, quando colidiu de frente com um Corolla; todas as vítimas estavam no veículo atingido

16/12/2025 18h36

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram Foto: Divulgação / PRF

Continue Lendo...

Três pessoas morreram em um acidente envolvendo dois carros de passeio, na manhã desta terça-feira (16), na BR-267, em Nova Alvorada do Sul. O acidente aconteceu durante uma tentativa de ultrapassagem.

De acordo com informações da PRF, um veículo Toyota Corolla, com placas de São Miguel de Guaporé (RO), seguia no sentido Nova Alvorada do Sul a Distrito de Casa Verde, enquanto um Virtus, com placas de Três Lagoas, seguida no sentido contrário.

Na altura do km 177, os veículos bateram de frente. Segundo testemunhas, o Virtus teria tentado fazer uma ultrapassagem e acabou colidindo com o Corolla.

Com o impacto da batida, duas passageiras no Corolla, de 55 e 73 anos, morreram na hora. Um outro passageiro, de 74 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu posteriormente no hospital. O motorista, de 53 anos, não teve ferimentos graves.

Conforme informações, as vítimas eram a esposa, pai e mãe do motorista.

No Virtus estavam o condutor e um passageiro, de 42 e 37 anos, respectivamente. Ambos tiveram lesões consideradas leves e foram encaminhados ao hospital em Nova Andradina, mas não correm risco de morte.

Ainda segundo a PRF, foi realizado o teste do bafômetro nos motoristas, com resultado negativo para alcoolemia em ambos.

Informações preliminares são de que a família que estava no Corolla saiu de Rondônia para visitar familiares no interior de São Paulo.

Durante os trabalhos de resgate e perícia, parte da pista ficou interditada. As causas do acidente serão investigadas pela Polícia Civil.

Outro acidente com duas mortes

Na madrugada desta terça-feira (16), outro acidente deixou duas pessoas mortas e três feridas, na BR-158, em Três Lagoas.

Conforme reportagem do Correio do Estado, Fernanda Taina Costa da Silva, de 28 anos, conduzia um Fiat Palio, e Fernando Marconi Ramos, de 27 anos, trabalhava como moto-entregador. Ambos colidiram em ua região conhecida como anel viário Samir Tomé.

No Palio conduzido, além da motorista estavam três crianças, de 9 anos, 5 anos e nove meses, que tiveram de ser levadas ao Hospital Regional, mas o estado de saúde de todas era considerado estável. As três estavam no banco traseiro e as duas maiores estavam conscientes e orientadas.

Imagens divulgadas pelo site 24hnewsms mostram que a motocicleta atingiu a parte frontal do veículo e o piloto acabou sendo jogado sobre o para-brisa, do lado da condutora.

Embora não haja testemunhas, os policiais que atenderam à ocorrência constataram sinais de frenagem da moto, que a moto seguia pelo anel viário no sentido ao shopping Três Lagoas, quando foi atingida frontalmente pelo carro, que teria invadido a pista contrária por motivos ainda ignorados. 

 

Cabe recurso

Jogo do bicho: deputado Neno Razuk é condenado a 15 anos de prisão

Condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

16/12/2025 17h45

Deputado estadual Neno Razuk (PL)

Deputado estadual Neno Razuk (PL) Foto: Wagner Guimarães / Alems

Continue Lendo...

O deputado estadual Roberto Razuk Filho, conhecido como Neno Razuk (PL), foi condenado a 15 anos e 7 meses de prisão, apontado como o "cabeça" de um grupo criminoso para tomar o controle do jogo do bicho em Campo Grande. A condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) nesta segunda-feira (15) e sentencia outras 11 pessoas. 

Conforme os autos do processo que corre em segredo de Justiça, os réus tentaram anular a condenação sob pedindo a nulidade das investigações. Em resposta ao Correio do Estado, André Borges, advogado de defesa do deputado, disse que irá recorrer da sentença. "Defesa certamente recorrerá; processo está longe de encerrar; Neno confia na decisão final da justiça", declarou. 

Condenações 

  • Carlito Gonçalves Miranda 10 anos, 9 meses e 24 dias de reclusão, em regime fechado; Não tem o direito de recorrer em liberar e segue sendo procurado;
  • Diogo Francisco 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;   
  • Edilson Rodrigues Ferreira 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 
  • Gilberto Luis dos Santos 16 anos, 4 meses e 29 dias de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • José Eduardo Abduladah 4 anos e 1 mês de reclusão, em regime fechado; permanecerá em prisão domiciliar;
  • Júlio Cezar Ferreira dos Santos 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Manoel José Ribeiro 13 anos, 7 meses e 1 dia de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • Mateus Aquino Júnior 11 anos e 7 meses de reclusão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado;
  • Roberto Razuk Filho 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Taygor Ivan Moretto Pelissari 4 anos, 11 meses e 15 dias de reclisão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado; 
  • Valnir Queiroz Martinelli 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Wilson Souza Goulart 4 anos, 2 meses e 22 dias de reclusão, no semiaberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 

Buscas

Em novembro deste ano, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), apreendeu mais de R$ 300 mil durante a operação deflagrada contra alvos ligados à família Razuk. A ação, realizada em conjunto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, também resultou na prisão de três familiares do deputado estadual Neno Razuk. 

Foram detidos o pai do parlamentar, Roberto Razuk, e os irmãos Rafael Razuk e Jorge Razuk. Segundo informações, além do montante em dinheiro, equipes recolheram armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho.

Os materiais foram apreendidos durante o cumprimento dos 20 mandados de prisão preventiva e 27 de busca e apreensão executados  em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Em Dourados, viaturas foram vistas logo cedo em bairros como Jardim Água Boa e Vila Planalto. A residência de Roberto Razuk foi um dos principais pontos de ação, onde agentes recolheram malotes.

Outro alvo da operação é Sérgio Donizete Balthazar, empresário e aliado político, proprietário da Criativa Technology Ltda., que no início deste ano ingressou no Tribunal de Justiça com mandado de segurança para tentar suspender a licitação da Lotesul, estimada em mais de R$ 50 milhões.

Também aparecem entre os alvos o escritório de Rhiad Abdulahad e Marco Aurélio Horta, conhecido como "Marquinho", chefe de gabinete de Neno Razuk e funcionário da família há cerca de 20 anos.

A família Razuk, já foi alvo de apurações relacionadas ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. A ação é tratada pelo Ministério Público como uma nova fase dessas investigações.

FASES

Em outubro de 2023, antes das fases da Successione, a Polícia Civil fez uma apreensão de 700 máquinas da contravenção, semelhantes a máquinas de cartão utilizadas diariamente em qualquer comércio, sendo facilmente confundidas.

As prisões foram desencadeadas a partir da deflagração das fases da Operação Successione, que começou no dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Foi nesta fase que os ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram pegos.

Duas semanas depois, no dia 20 de dezembro, foi deflagrada a segunda fase da operação, com o cumprimento de 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão. Ela foi realizada após investigações do Gaeco apontarem que a organização criminosa continuou na prática do jogo do bicho, além de concluírem que policiais militares também atuavam nesta atividade.

No dia 3 de janeiro do ano passado, chegou a vez da terceira fase da operação, com mais dois envolvidos presos pela contravenção na Capital.

A disputa pelo controle do jogo ilegal em Campo Grande se intensificou após a prisão de Jamil Name e Jamilzinho, durante a Operação Omertá, em 2019, que eram apontados pelas autoridades como os donos do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. 

Quatro anos depois, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos de reclusão, após um julgamento de três dias.

O termo italiano "Successione"  que dá nome a operação, é uma referência a disputa pela sucessão do jogo bicho em Campo Grande após a operação Omertá. A decisão desta terça-feira cabe recurso. 

**Colaborou Felipe Machado

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).