Cidades

especial 126 anos

Sinônimo de memória, 14 de Julho tem sido a espinha dorsal da região central

Há mais de um século, falar dessa via gigante é trazer à tona momentos de alegrias, histórias de superação e, mais recentemente, de modernização

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Em 2018, a Prefeitura de Campo Grande deu início a um dos maiores projetos de revitalização e intervenção urbana já realizados na Capital. Foram cinco anos de obras, que envolveram a instalação de fiação subterrânea, trazendo limpeza à paisagem, ampliação de 35 quilômetros de calçadas acessíveis, iluminação de LED, mobiliário urbano totalmente novo, com bancos, lixeiras e outros 78 conjuntos, além do plantio de 1.300 árvores.

No período de obras, o processo foi desgastante, especialmente para os comerciantes. A queda no movimento, as incertezas e a redução nas vendas foram alguns dos vários desafios. No entanto, vários resistiram. Hoje, a Rua 14 de Julho tem mais de 500 lojas e pontos comerciais, mostrando que está mais viva do que nunca.

Quem caminha pelo Centro hoje encontra calçadas largas, acessibilidade, arborização reforçada, postes modernos e iluminação que valoriza a arquitetura e a segurança. O visual renovado traz à rua um novo status de cartão-postal, sendo palco de eventos culturais, especialmente os bares, com shows de rock e encontros musicais, e datas comemorativas, como o Natal Iluminado.

Além de embelezar e valorizar a região, a revitalização trouxe novas lojas, cafeterias e fez reviver a vida noturna na região, que há anos estava parada. A abertura de bares, pizzarias, lounges e lanchonetes faz da 14 de Julho uma nova opção de lazer quando o comércio encerra as atividades. 

RUA QUE NUNCA DORME

Bar é um dos vários abertos nos últimos anos na Rua 14 de JulhoBar é um dos vários abertos nos últimos anos na Rua 14 de Julho

Lapa para o Rio de Janeiro. Augusta para São Paulo. Lagoa para Florianópolis. 14 de Julho para Campo Grande. Claro que comparar é inevitável, mas é na mistura de rock, samba, pagode e eletrônico que a rua da Capital caminha para se tornar uma referência na vida noturna.

Quando as lojas comerciais fecham as portas, um novo público toma conta das ruas e desfruta de atrações para todos os gostos.

Kayky Sanches, de 31 anos, é proprietário do Má Donna Bar. Abriu seu negócio há pouco mais de um ano, e o impacto da revitalização da 14 de Julho é algo sentido em sua trajetória. Ele conta que a decisão de inaugurar o bar só foi possível graças às mudanças estruturais realizadas no Centro.

“Antes da revitalização, era inviável abrir qualquer comércio do meu tipo ali. Não havia calçadas adequadas e o fluxo intenso de veículos afastava o público. Depois da modernização, eu vi o potencial da 14 e decidi investir. Foi uma oportunidade de desenvolver a cultura e o lazer no coração da cidade”, afirma.

Para Kayky, mesmo que o período de obras tenha trazido dificuldades para muitos comerciantes, os resultados hoje mostram que a espera valeu a pena. 

“A revitalização veio para contribuir de fato com a rua. Na época, foi ruim para o comércio em geral, mas hoje Campo Grande só tem a ganhar com ela”, diz.

Ele explica que a movimentação de clientes aumentou significativamente e que o novo perfil da via trouxe uma parcela da população interessada em lazer e vida noturna, atraindo desde o público jovem até os mais experientes, já que “tem espaço para todo mundo”, como conta.

“A 14 está se tornando um ponto de encontro. Não é todo mundo ainda que conhece o que está acontecendo ali, mas eu acredito que daqui para a frente o movimento vai ganhar ainda mais força e público”, analisa.

E tem espaço mesmo. Na rua, é possível encontrar desde espetinho até pizza extragrande, copo de cerveja e drinques mais sofisticados, rodas de samba e DJ. Para alguns, é um lugar de curtir, para outros, um lugar para desestressar. 

“A 14 de julho aberta à noite foi uma inovação em Campo Grande. É um lugar onde você pode conhecer pessoas novas, porque tem uma diversidade de público muito grande. Você pode escolher entre ficar tranquilo ou aproveitar mesmo, pode escolher o tipo de vibe que você quer para a sua noite”, conta Caroline Silva, de 23 anos.

A jovem é frequentadora assídua da rua. Ela conta que esse espaço era a parte que faltava para a Cidade Morena.

“O incentivo aos bares, aos investimentos noturnos foi um grande acerto para a cidade. É muito bom ver essa movimentação e Campo Grande tão cheia de vida. Todo mundo elogia bastante, e eu estou lá praticamente todo fim de semana”, conta, aos risos. 

Ela reforça a rua como ponto de encontro em função das opções de entretenimento e lazer disponíveis.

“É um lugar de encontrar pessoas que, talvez, você não encontraria em outros lugares, já que o público é muito variado. Você pode se encontrar com os amigos, com um namorado, pode desestressar, tanto que toda segunda-feira tem o Samba do Trabalhador, que é justamente um ambiente para você sair do trabalho e ouvir um samba, um pagode, além dos programas especiais nos fins de semana. Eu espero que dure muito, eu só ouço elogios”, afirma. 

Com o sucesso alcançado, o Má Donna já faz parte de planos futuros de ampliação. 

“Queremos tornar o ambiente cada vez mais confortável para as pessoas. É muito gratificante ver a 14 sendo ocupada, com a população buscando lazer, cultura e diversão. É lindo ver a cidade se transformando dessa forma”, conta Kayky. 

NOSSA IDENTIDADE

Mais que uma rua, a 14 de Julho representa parte de Campo Grande. Sua requalificação urbanística não apenas preservou sua memória, mas a projetou para o futuro, tornando o Centro um espaço de convivência, lazer e turismo.

A rua foi fundada em 1909, com as demais ruas da região central da Capital. Considerada o coração de Campo Grande, a via era, na fundação da cidade, a via que dava acesso à principal rua comercial da cidade, a Rua 26 de Agosto.

Inicialmente, a via recebeu o nome de Rua 14 de julho em homenagem à Queda da Bastilha. A intenção era fazer uma alusão à modernidade e, na época, a Revolução Francesa e seus ideais passavam a mensagem que se queria para o centro de Campo Grande.

CAMPO GRANDE

Bioparque Pantanal terá Papai Noel mergulhador em programação especial de Natal

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

14/12/2025 18h00

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

Atração promete encantar visitantes de todas as idades Divulgação/ Gov MS

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O Bioparque Pantanal preparou uma programação especial de Natal para receber o público em dezembro, com uma das atrações mais aguardadas do período: o Papai Noel Mergulhador.

A apresentação está marcada para as 10h dos dias 23 e 24 e promete surpreender famílias e visitantes ao unir magia, educação ambiental e o contato direto com a biodiversidade.

A ação, que já se tornou tradicional no calendário do atrativo, leva o personagem natalino para dentro dos tanques, reforçando de forma lúdica a importância da conservação ambiental e da relação harmoniosa entre o ser humano e a natureza.

Atenção nos horários!

No dia 24 de dezembro, o Bioparque Pantanal funcionará em horário especial, das 8h30 às 14h30, permitindo que o público aproveite a véspera de Natal com uma experiência diferente em um dos maiores complexos de água doce do mundo. O último horário de entrada será até 13h30.

Já nos dias 25 e 31 de dezembro, não haverá visitação. O empreendimento também permanecerá fechado entre 1º e 7 de janeiro de 2026, período destinado à realização de manutenções internas, voltadas à segurança dos visitantes e ao bem-estar dos animais. As atividades serão retomadas normalmente no dia 8 de janeiro.

Bioparque Pantanal

Inaugurado em março de 2022, o Bioparque Pantanal já recebeu mais de 1 milhão de visitantes e se consolidou como referência nacional em turismo científico, inclusivo, sustentável e contemplativo. O espaço é reconhecido pela estrutura moderna e pelo compromisso com a educação ambiental, acessibilidade e conservação da fauna.

A visita ao Bioparque Pantanal é gratuita, mas o agendamento é obrigatório e deve ser feito exclusivamente pelo site bioparquepantanal.ms.gov.br.

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MANIFESTAÇÃO

"Sem anistia", manifestantes protestam contra PL da Dosimetria em todo o Brasil

Atos ocorreram em diversas cidades e classificam projeto como anistia disfarçada aos envolvidos no 8 de Janeiro

14/12/2025 17h00

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo Divulgação/ Agência Brasil

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Manifestantes de diversas cidades brasileiras foram às ruas neste domingo (14) em protesto contra a aprovação do chamado Projeto de Lei da Dosimetria, que altera o cálculo das penas aplicadas aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Para os organizadores, o texto representa uma “anistia disfarçada” e abre caminho para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e integrantes de seu governo.

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reuniram movimentos sociais, centrais sindicais, estudantes e partidos de esquerda. Pela manhã, manifestações ocorreram em capitais como Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Maceió, Fortaleza, Salvador e Brasília.

Na capital federal, o protesto teve início em frente ao Museu da República e seguiu em direção ao Congresso Nacional. Durante o trajeto, manifestantes entoaram palavras de ordem e exibiram cartazes com frases como “Sem anistia para golpista” e críticas diretas ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Campo Grande

Em resposta a aprovação por 291 a 148 votos na última quarta-feira (10), centenas de campo-grandenses liberais se encontraram na esquina da Rua 14 de Julho com a Avenida Afonso Pena para protestar contra a tentativa de Anistia das pessoas que foram condenadas pelo 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Além de apoiadores, a manifestação contou com a presença de algumas autoridades da esquerda de MS, como o deputado estadual Pedro Kemp (PT), que foi o primeiro político a chegar no local.

Em conversa com a reportagem, o parlamentar falou sobre o movimento desta manhã e a importância de dar uma rápida resposta ao PL da Dosimetria.

"Mais uma vez, a população dá um recado para a Câmara dos Deputados, que está votando na contramão de tudo aquilo que a população deseja, porque quem atentou contra a democracia, quem quebrou a série dos poderes em Brasília, quem tentou dar um golpe de estado no Brasil tem que ser condenado e pagar por esses crimes. Dar uma lição na história de que nós não aceitamos mais golpes no Brasil", disse o petista.

O ex-deputado estadual e agora candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo Partido dos Trabalhadores, como oficializado neste sábado (13) pelo presidente do partido, Fábio Trad também compareceu ao protesto.

"É um momento muito importante, mas não só para a esquerda, para todos os democratas. Eu convido também a direita liberal que respeita a democracia, aquela direita dos anos 90 que respeitava a vontade das urnas, que não apoiava os Estados Unidos contra o próprio Brasil. Ela deveria estar aqui conosco, porque o que está em jogo aqui hoje não é só uma disputa partidária, é uma questão de civilização e barbárie", destaca.

Paulista ocupada

Em São Paulo, a Avenida Paulista foi ocupada por manifestantes concentrados nos quarteirões próximos ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). O ato reuniu representantes de sindicatos, movimentos sociais, estudantis e partidos políticos contrários ao projeto.

Durante o protesto, o coro de “sem anistia” foi repetido diversas vezes. Cartazes com dizeres como “Congresso inimigo do povo” ganharam destaque, assim como críticas ao comando da Câmara. Parte dos participantes vestiu roupas verde e amarelas para reforçar a rejeição à anistia dos envolvidos nos atos golpistas.

A votação do PL na Câmara ocorreu em meio a um episódio de tensão, após a retirada forçada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da Mesa Diretora pela Polícia Legislativa. Jornalistas foram impedidos de acompanhar a ação, e profissionais da imprensa relataram agressões.

Parlamentares da oposição avaliam que, com as mudanças previstas no texto, Bolsonaro poderia ter a pena reduzida de 7 anos e 8 meses para cerca de 2 anos e 4 meses em regime fechado, conforme o cálculo atual da Vara de Execuções Penais.

Segundo Juliana Donato, da Frente Povo Sem Medo, a mobilização foi motivada pela gravidade da proposta. “Nós entendemos que isso é uma anistia. Os crimes cometidos contra a democracia são muito graves e não podem ser perdoados. A impunidade abre espaço para novas tentativas de golpe”, afirmou. Ela acredita que a pressão popular pode influenciar a tramitação do projeto no Senado.

Protestos no Rio

No Rio de Janeiro, milhares de pessoas ocuparam as ruas próximas ao Posto 5, em Copacabana. O ato contou com a participação de movimentos sociais, sindicatos, estudantes, parlamentares, artistas e militantes de esquerda.

A manifestação ganhou caráter cultural com a participação de artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil, que se apresentaram durante a tarde. O evento foi batizado de “Ato Musical 2: o retorno”, em referência a uma mobilização anterior contra a PEC da Blindagem.

Além do PL da Dosimetria, os participantes protestaram contra a escala de seis dias de trabalho por um de descanso, o marco temporal para demarcação de terras indígenas, o feminicídio e cobraram transparência em investigações envolvendo o Banco Master.

Uma performance realizada por um grupo de mulheres chamou atenção ao comparar parlamentares favoráveis ao projeto a “ratos traiçoeiros”, com a distribuição de animais de borracha e fotos de deputados que votaram pela redução das penas.

A aposentada Angela Tarnapolsky, de 72 anos, afirmou que não poderia se omitir diante do que considera retrocessos democráticos. “Depois de tudo o que vivi desde a ditadura, é impossível aceitar um Congresso com esse nível de retrocesso”, declarou.

O deputado Glauber Braga participou do ato e agradeceu o apoio popular. Com a suspensão de seu mandato por seis meses, ele afirmou que levará o gabinete “para as ruas” e seguirá mobilizado contra o PL da Dosimetria e contra as chamadas emendas Pix, que permitem repasses de recursos públicos sem detalhamento do uso.

O que prevê o projeto

O PL da Dosimetria estabelece que os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito, quando cometidos no mesmo contexto, sejam punidos apenas com a pena mais grave, e não pela soma das penas. O texto também reduz o tempo necessário para a progressão de regime, do fechado para o semiaberto ou aberto.

A proposta pode beneficiar, além de Bolsonaro, militares e ex-integrantes do alto escalão do governo anterior, como Almir Garnier, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e Augusto Heleno.

Parlamentares da oposição preveem, para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o total da redução pode levar ao cumprimento de 2 anos e 4 meses em regime fechado em vez dos 7 anos e 8 meses pelo cálculo atual da vara de execução penal, segundo a Agência Câmara de Notícias. Mas a definição dos novos prazos será do STF e pode ser influenciada pelo trabalho e estudo em regime domiciliar, que diminuem o período de prisão.

O texto original previa anistia a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e dos acusados dos quatro grupos relacionados à tentativa de golpe de Estado julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas esse artigo foi retirado do projeto.

**Colaborou Felipe Machado**

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