Apenas duas a cada cem pessoas tiveram resultado positivo para a Covid-19 no drive-thru de exames em Campo Grande desde que o serviço começou a funcionar. Como a média diária de casos novos na cidade têm se mantido estável nas últimas duas semanas, especialistas alertam para a falsa sensação de segurança que pode colocar a perder as conquistas do município diante da pandemia.
Os dados sugerem que, com estoque de kits RT PCR, seria o momento de ampliar ainda mais a quantidade de amostras.
Conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES), foram 2.064 amostras coletadas no Quartel Central do Corpo de Bombeiros, das quais apenas 47 realmente estavam contaminadas. As 2.017 restantes foram descartadas para o novo coronavírus.
O matemático João Eduardo Guimarães fez a conta a pedido do Correio do Estado. Segundo ele, do total de casos suspeitos, 2,27% deram positivo.
Antes do drive-thru, o poder público não tinha material suficiente para testar todas as pessoas e somente quem tinha quadro clínico grave tinha amostras coletadas.
O exame em questão é o RT PCR, em que cotonetes são colocados em cada narina para retirada de secreção. No laboratório, o material passa por um processo complexo que termina em uma máquina que identifica a menor partícula possível de DNA ou RNA do novo coronavírus.
Com a chegada de insumos comprados pelo Governo Estadual e cedidos pelo Ministério da Saúde, ampliou-se a investigação junto aos casos suspeitos. Passaram a ser testados todos os que tinham obrigatoriamente febre associada a pelo menos um dos sintomas de síndrome gripal, como coriza, dor de garganta, etc.
“A situação em Campo Grande está bem estável e controlada. Hoje, concordo que tenha que testar mesmo sem febre”, disse ao Correio do Estado o epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Júlio Croda.
O titular da SES, Geraldo Resende, afirmou à equipe de reportagem que fica a critério dos médicos que entrevistam os pacientes com suspeita da Covid-19 liberarem a coleta diante dos protocolos vigentes. A assessoria de imprensa do órgão disse que não divulga se a febre ainda é fator preponderante porque pessoas podem mentir os sintomas só para fazer o exame.
James Venturini, doutor em medicina tropical, pós-doutor em imunologia e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), afirma que "a continuidade na ampliação nas testagens, que tem sido muito bem realizada e apoiada por especialistas, é essencial para continuar no combate à pandemia. Encontrar os casos precocemente isolá-los nos favorece muito. O Estado está muito bem assessorado em epidemiologia e acredito que saberá tomar as melhores atitudes”, afirmou.
SEMANA A SEMANA
A Capital fechou na sexta-feira passada a nona semana desde que os primeiros casos foram registrados. Somaram-se mais 20 casos novos ao município naquele período, três a mais que nos registros entre 9 e 15 de maio.
De sábado até esta segunda-feira, já foram nove casos novos na cidade. Ainda faltam quatro dias para fechar o ciclo atual.
Especialistas afirmam que não dá para prever quando a situação motivada pela pandemia irá terminar.