Cidades

Cidades

Sobre Mozart, destino e preconceito

Sobre Mozart, destino e preconceito

Redação

27/04/2010 - 20h06
Continue lendo...

Já agradecendo a Deus, o compositor italiano Salieri acabara de tocar para a corte real uma das canções mais belas já compostas por ele, quando irrompe pela sala um jovem hiperativo e irresponsável. Ele ouve a canção e diz ser capaz de tocá-la apenas ouvindo-a aquela única vez. Todos riram, mas o jovem não só a repete, nota por nota, como também dá a ela uma versão divinamente melhor. Todos ficaram atordoados e Salieri pragueja contra Deus porque ele, um compositor incansável, não havia sido agraciado pelo talento que Deus sarcasticamente concedera a um jovem inconsequente. É claro, falo de Mozart. Esta cena está no excelente filme Amadeus, mas nos dá a falsa impressão que Mozart tinha apenas talento e nada mais.

Na verdade, Mozart fora compelido a trabalhar exaustivamente a música quando criança pelo seu ganancioso pai, com o objetivo de transformá-lo numa espécie de estrela para as cortes reais. Mozart portanto, parece ter sido o feliz encontro entre a capacidade inata e o ambiente favorável. E é exatamente esta a ideia que a genética e a ciência cognitiva nos dão sobre quem nós somos atualmente: uma combinação de uma miríade de fatores genéticos e ambientais interagindo não se sabe como.

Na nossa espécie é ainda mais complexo por termos um encéfalo capaz de escolher destinos além do pré-determinismo biológico. E uma coisa é certa, esta miríade de fatores gera uma grande diversidade de indivíduos e, embora alguns setores da sociedade insistam em querer nos tornar semelhantes, sempre nascerão pessoas diferentes. Estes setores ainda acreditam que nascemos como uma tábula rasa e que a cultura é quem nos molda. Eis dois exemplos: o comunismo soviético e a religião judaico-cristã. É estranho notar que, embora fossem antagônicos no passado, eles tinham algo em comum: a crença que se possam moldar pessoas através do doutrinamento. O comunismo apostou que, destruindo as igrejas, as pessoas deixariam de ser religiosas. Um erro colossal, basta um olhar sobre a atual Rússia. Já a religião judaico-cristã acredita que, condenando o homossexualismo, as pessoas se converteriam ao heterossexualismo ou que, pelo menos, não deveriam praticar o primeiro.

O fato é que estas tentativas não são só vãs, mas causam dores e angústias incalculáveis em quem sofre este tipo de "homogeneização". Será que estes líderes religiosos têm noção do que causam nas pessoas marginalizadas e naqueles que os rodeiam? E outra: quem lhes delegou poderes para gerir o destino de outras pessoas? Recentemente o Papa condenou o homossexualismo, chegando ao absurdo de sugerir que ele é tão grave quanto destruir a floresta tropical. Quem ele pensa que é para querer gerenciar o que você faz ou deixa de fazer em relação ao sexo? Ele se acha uma espécie de antecâmara para o Todo-poderoso? Basta destas estruturas arcaicas de poder. Não consigo aceitar porque ainda damos ouvidos a elas em pleno século XXI. Graças aos esforços do feminismo e do movimento negro na década de 60, hoje se pode colher os bons frutos da convivência pacífica da diversidade, embora ainda hajam espinhos para serem arrancados. No front de batalha está agora o movimento do orgulhoso gay que têm tido relativo sucesso na árdua empreitada de buscar seu lugar de direito na sociedade. Creio que em poucas décadas o preconceito contra eles estará bastante arrefecido.

Restam ainda os ateus que, segundo uma pesquisa brasileira de 2007, são as pessoas mais vitimadas pelo preconceito. Esta pesquisa demonstrou que 84% aceitariam votar em um negro para presidente; 57%, em uma mulher; 32%, em um homossexual e apenas 13% votariam em um ateu. Mas gostem as pessoas ou não, a ciência tem nos mostrado o óbvio: sempre nasceram e sempre nascerão pessoas diferentes. Eu o convido então a aceitar estas diferenças não só porque elas sempre existirão, mas também porque causamos sofrimento quando queremos, em vão, enfiar todas as pessoas pelo mesmo gargalo. Que pelo menos se tolere por conta de um bem maior: a felicidade que as pessoas sentem quando são avaliadas apenas pela sua capacidade e não pela cor da sua pele ou pelas suas escolhas sexuais ou intelectuais. Sempre acreditei que o preconceito é irmão da ignorância e fico pensando o quanto de sofrimento teríamos poupado se melhor compreendêssemos sobre o que nós realmente somos: diferentes. Por fim, deixo uma pergunta para reflexão ao mais irredutível leitor: será que é tão difícil entender que o custo da tolerância é trivial se comparado ao ônus do preconceito?

 

Sérgio Roberto Posso, Prof. Dr. da UFMS/Campus de Três Lagoas/MS E-mail: [email protected]

TEMPO

Saiba em que regiões do Brasil deve chover acima da média no verão

Inmet divulgou previsão para a estação, que começa hoje (21)

21/12/2025 20h00

Saiba em que regiões do Brasil deve chover acima da média no verão

Saiba em que regiões do Brasil deve chover acima da média no verão Paulo Pinto/Agência Brasil

Continue Lendo...

O verão do Hemisfério Sul começa neste domingo (21), e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê condições que podem causar chuvas acima da média em grande parte da regiões Norte e Sul do Brasil, além de poucas áreas do Nordeste e do Centro-Oeste.

No Norte, a maior parte dos estados deve ter mais precipitações e temperaturas mais elevadas. As exceções são o sudeste do Pará e o estado do Tocantins, que podem ter volumes de chuva abaixo da média histórica.

“A temperatura média do ar prevista indica valores acima da média climatológica no Amazonas, no centro-sul do Pará, no Acre e em Rondônia, com valores podendo chegar a 0,5 grau Celsius (°C) ou mais acima da média histórica do período (Tocantins). Nos estados mais ao norte da região, Amapá, Roraima e norte do Pará, são previstas temperaturas próximas à média histórica”, estima o Inmet.

Sul

Na Região Sul, a previsão indica condições favoráveis a chuvas acima da média histórica em todos os estados, com os maiores volumes previstos para as mesorregiões do sudeste e sudoeste do Rio Grande do Sul, com acumulados até 50 mm acima da média histórica do trimestre.

“Para a temperatura, as previsões indicam valores predominantemente acima da média durante os meses do verão, principalmente no oeste do Rio Grande do Sul, chegando até 1°C acima da climatologia”. 

Nordeste

Para a Região Nordeste, há indicação de chuva abaixo da média climatológica em praticamente toda a região, principalmente na Bahia, centro-sul do Piauí, e maior parte dos estados de Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Os volumes previstos são de até 100 mm abaixo da média histórica do trimestre.

Por outro lado, são previstos volumes de chuva próximos ou acima da média no centro-norte do Maranhão, norte do Piauí e noroeste do Ceará.

Centro-Oeste

Na Região Centro-Oeste, os volumes de chuva devem ficar acima da média histórica somente no setor oeste do Mato Grosso. Já no estado de Goiás, predominam volumes abaixo da média climatológica do período.

Para o restante da região, são previstos volumes próximos à média histórica. “As temperaturas previstas devem ter predomínio de valores acima da média climatológica nos próximos meses, com desvios de até 1°C acima da climatologia na faixa central da região”, diz o InMet.

Sudeste

Com predomínio de chuvas abaixo da média climatológica, a Região Sudeste deve registar volumes até 100 mm abaixo da média histórica do trimestre.

Deve chover menos nas mesorregiões de Minas Gerais (centro do estado, Zona da Mata, Vale do Rio Doce e Região Metropolitana de Belo Horizonte). A temperatura deve ter valores acima da média em até 1°C, segundo os especialistas do InMet.

Verão

A estação prossegue até o dia 20 de março de 2026. Além do aumento da temperatura, o período favorece mudanças rápidas nas condições do tempo, com a ocorrência de chuvas intensas, queda de granizo, vento com intensidade variando de moderada à forte e descargas elétricas.

Caracterizado pela elevação da temperatura em todo país com a maior exposição do Hemisfério Sul ao Sol, o verão tem dias mais longos que as noites.

Segundo o InMet, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, as chuvas neste período são ocasionadas principalmente pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), enquanto no norte das regiões Nordeste e Norte, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é o principal sistema responsável pela ocorrência de chuvas.

Em média, os maiores volumes de precipitação devem ser observados sobre as regiões Norte e Centro-Oeste, com totais na faixa entre 700 e 1100 milimetros. As duas são as regiões mais extensas do país e abrigam os biomas Amazônia e Pantanal, que vivenciam épocas de chuva no período.

TEMPO

Solstício faz deste domingo o dia mais longo do ano

O solstício de verão acontece quando um dos hemisférios está inclinado de forma a receber a maior incidência possível de luz solar direta

21/12/2025 19h00

Solstício faz deste domingo o dia mais longo do ano

Solstício faz deste domingo o dia mais longo do ano Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

Continue Lendo...

O verão começou oficialmente às 12h03 (horário de Brasília) deste domingo, 21. A data marca o solstício de verão no Hemisfério Sul, fenômeno astronômico que faz deste o dia com o maior número de horas de luz ao longo de todo o ano.

As diferentes estações ocorrem devido à inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao seu plano de órbita e ao movimento de translação do planeta em torno do Sol. O solstício de verão acontece quando um dos hemisférios está inclinado de forma a receber a maior incidência possível de luz solar direta

No mesmo momento, ocorre o solstício de inverno no Hemisfério Norte, quando se registra a noite mais longa do ano. Em junho, a situação se inverte: o Hemisfério Sul entra no inverno, enquanto o norte passa a viver o verão.

Além dos solstícios, há os equinócios, que acontecem na primavera e no outono. Eles marcam o instante em que os dois hemisférios recebem a mesma quantidade de luz solar, fazendo com que dia e noite tenham duração semelhante.

O que acontece no verão?

Segundo Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional (ON), instituição vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o verão é a estação mais quente do ano justamente por causa da inclinação de cerca de 23 graus do eixo da Terra em relação ao seu plano de órbita. Esse ângulo faz com que os raios solares atinjam mais diretamente um hemisfério de cada vez.

Quando é verão no Hemisfério Sul, os raios solares incidem de forma mais intensa sobre essa região do planeta, o que resulta em dias mais longos e temperaturas mais elevadas.

Os efeitos das estações do ano são maiores nos locais distantes do equador terrestre. "Nas regiões próximas ao equador, a duração dos dias varia pouco ao longo do ano. Essa diferença aumenta progressivamente em direção aos polos, onde os contrastes são máximos", explica Nascimento.

Previsão do tempo para os próximos dias

Com a chegada do verão neste domingo, São Paulo deve ter dias quentes nas próximas semanas e pode bater o recorde de temperatura do ano na véspera do Natal. De acordo com o Climatempo, os próximos dias também devem ser com menos chuvas e tempo seco na capital paulista.

O que esperar do verão de 2025/2026 no Brasil

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia indicam que a maior temperatura registrada em São Paulo em 2025 foi de 35,1°C, em 6 de outubro. A expectativa para o dia 24 de dezembro é de que a temperatura se aproxime de 35°C, o que pode igualar ou até superar o recorde do ano.

O calor deve ser uma constante em grande parte do Brasil. Nesta semana, o Rio de Janeiro pode registrar até 38°C e Belo Horizonte e Vitória devem alcançar máximas entre 32°C e 34°C, com pouca chuva. O tempo quente também deve chegar à região Sul e ao interior do Nordeste, com máximas próximas dos 35°C. No Norte, as máximas se aproximam de 32°C.

O verão se estende até às 11h45 do dia 21 de março de 2026 e será marcado pela Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), sistema de alta pressão atmosférica que atua sobre o oceano Atlântico Sul e inibe a formação de nuvens. O fenômeno climático deve atuar como um bloqueio atmosférico, afastando algumas frentes frias que passam pelo Brasil.

A Climatempo prevê que a chuva do verão 2025 e 2026 fique um pouco abaixo da média para estação em quase todo o País. A maior deficiência deve ser na costa norte do Brasil, entre o litoral do Pará e do Ceará, e em áreas do interior do Maranhão e do Piauí.

Já o fenômeno La Niña não deve ser o principal fator climático neste verão, devido à sua fraca intensidade e curta duração. A atuação do fenômeno está prevista para se estender até meados de janeiro de 2026 e sua influência sobre as condições climáticas desta estação tende a ser limitada.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).