Depois que a prefeitura desistiu de construir uma espécie de “piscinão” no córrego Réveillon, localizado na esquina das Avenidas Mato Grosso e Hiroshima, as perspectivas com relação a recuperação do lago do Parque das Nações Indígenas não são nada boas. A obra seria a solução para o assoreamento do lago, mas foi substituída por projeto que sequer foi licitado.
Conforme a prefeitura, no lugar do piscinão será construído um canal interligando as redes de drenagem instaladas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) no fim do ano passado, mas isso depende de uma nova licitação. “Será implantado um canal, que conectará esta nova rede com a travessia em tubo armco implantada sob a Mato Grosso, que desemboca no córrego Revellion, no Parque das Nações. Está sendo desenvolvido o projeto executivo do canal que será construído e posteriormente será aberto o processo licitatório”, informou a prefeitura, sem mencionar datas ou prazos.
ESTRAGO
Enquanto nenhum medida efetiva é tomada pelos órgão públicos, o lago desaparece aos poucos. A cor escura da água e o leito raso denunciam que a situação já beira o caos em termos de agressão ao meio ambiente e uma solução é urgente.
“O lago está bastante afetado. As capivaras já estão atravessando, o que mostra o quanto está raso. É um situação muito séria e preocupante”, disse a doutora em manejo e conservação de recursos da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng), Claudia Gonçalves Dianna Bacchi, em entrevista ao Correio do Estado, em edição do dia 3 de dezembro de 2018.
Reportagem da edição de ontem mostrou ainda que, além do meio ambiente, o assoreamento do lago já prejudica os atletas de canoagem do Estado. “Antes, eu fazia percurso em volta do lago que dava 800 metros, agora, por conta da areia, dá 650 metros”, disse o campeão brasileiro de Canoagem Sprint, Rafael Giroto, 29 anos.
O Correio do Estado questionou o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), que é o responsável pela preservação do lago, sobre a situação. O órgão respondeu, por meio de assessoria, que notificou a prefeitura para que conclua a obra de contenção dos sedimentos, na região da Mato Grosso com a Hiroshima. No entanto, não menciona um prazo para que o problema seja solucionado.
Desde que foi construído, o lago do parque serve para o encontro das águas dos córregos Réveillon, Joaquim Português e Desbarrancado. O assoreamento é resultado do sedimento e da areia que descem pelo Réveillon (em sua maior parte) e pelo Joaquim Português.
A construção de um piscinão com capacidade para reter 22 mil metros cúbicos de água na confluência da Avenida Mato Grosso com a Rua Hiroshima estava prevista em projeto iniciado em 2014 e “seguraria” parte do sedimento que acaba descendo para o lago. Retomadas no ano passado, as obras de pavimentação e drenagem na região tiveram investimento de R$ 11,4 milhões, sendo R$ 10,264 milhões do PAC Pavimentação e mais R$ 1,142 milhão de recursos próprios e parceria com o governo do Estado.