Cidades

Sem diálogo

Troca de comando no Dsei gera conflito e indígenas prometem interditar rodovias em MS

Sede do Dsei está fechada e ocupada por caciques de diversas comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul

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As comunidades indígenas da região norte e sul do Estado estão organizando a interdição de rodovias em protesto à troca no comando do Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul (Dsei). Sem avisar, o Governo Federal nomeou Lindomar Ferreira para a função que era exercida, desde abril,  por Arildo Alves Alcântara.

O ex-coordenador do Dsei, Arildo Terena, afirma que nem o Ministério dos Povos Indígenas sabia da troca e que a nomeação feita ontem (16),  pegou todos de surpresa.

“Passamos o dia todo em reunião e o Dsei está fechado, sendo ocupado por caciques de diversas comunidades indígenas do Estado. Fomos massacrados por mais de 523 anos e nós aprendemos a ler, a escrever, temos profissão, temos uma ministra hoje e sabemos até onde vão nossos direitos e deveres. A época da tutela sob os indígenas acabou, somos os povos originários desse território chamado Brasil. Não vai ser quem está no poder do país que vai dizer o que é melhor pra nós”, afirmou Arildo, ao Correio do Estado.

Ainda conforme Arildo, as lideranças de Nioaque, Aquidauana, Sidrolândia, Miranda, Buriti e da região do Conesul estão organizando o fechamento de rodovias nos próximos dias, em sinal de protesto.

Por sua vez, a Assembleia do Povo Indígena Kaiowa e Guarani do Estado de Mato Grosso do Sul, Aty Guasu, emitiu uma manifestação de repúdio e culparam a Ministra da Saúde, Nísia Trindade pela exoneração da liderança, Arildo Terena.

“Ministra Nísia Trindade a senhora não respeita nossa grande guerreira Ministra Sônia Guajajara. Vemos claramente aqui que os outros Ministérios não respeitam o nosso Ministério Indígena. Não respeitam a APIB, não respeitam as bases Aty Guasu, não respeitam o Conselho Terena, não respeitam a Comissão Yvyrupa, não respeitam a ARPINSUL, não respeitam a ARPINSULDESTE, não respeitam o COIAB e não respeitam APOINME”, diz a publicação nas redes oficiais da Aty Guasu Brasil.

Confira a nota de repúdio na íntegra:

O conselho da Aty Guasu vem repudiar em público a exoneração do coordenador do DSEI de Mato Grosso do Sul, Arildo Alcântara.

“Nosso repúdio é pela maneira como foi conduzida a exoneração e substituição do atual coordenador. A consulta prévia é uma obrigação do Estado brasileiro de perguntar, adequadamente, respeitosamente, aos povos indígenas sua posição sobre decisões administrativas e legislativas capazes de afetar suas vidas e seus direitos. É um direito dos povos indígenas de serem consultados e participarem das decisões do estado brasileiro por meio do diálogo intercultural marcado pela boa fé.
Esse diálogo deve ser amplamente participativo, ter transparência, ser livre de pressões, flexível para atender a diversidade dos povos e comunidades indígenas e ter efeito vinculante, no sentido de levar o estado a incorporar o que se dialoga na decisão a ser tomada.
A consulta prévia está garantida na Convenção 169 sobre Povos Indígenas e Tribais, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que é lei no Decreto Presidencial n° 5051.
Por isso a Aty Guasu exige esclarecimento sobre esse fato ao nosso povo indígena de Mato Grosso do Sul, haja visto que essa exoneração foi feita às escuras, sem consulta e sem demonstrar NENHUM RESPEITO pelo nosso povo que são os mais interessados.
Nossa saúde é o bem mais precioso que temos.Esperamos esclarecimento sobre esse fato.
GUASU”

Nossa equipe de reportagem questionou o Ministério dos Povos Indígenas sobre a troca de comando que gerou o conflito no Estado. Em resposta, o Ministério afirmou que “Os Distritos Sanitários Indígenas são administrados pelo Ministério da Saúde”.

Diante disso, questionamos também o Ministério da Saúde, sob comando de Nísia Trindade, mas até o fechamento desta matéria não tivemos retorno.

Novo comando

Lindomar Terena já atuava no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como diretor do Departamento de Promoção Política Indigenista na Secretaria de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas do Ministério dos Povos Originários.

O novo comandante do Dsei/MS, nasceu na aldeia Argola da Terra Indígena Cachoeirinha, no município de Anastácio. 

Lindomar foi cacique da Aldeia Argola, suplente de vereador pelo PT, em Miranda, e coordenador do Distrito Sanitário Indígena do Mato Grosso do Sul.

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TEMPO

Capital amanhece nublada e com chuvas que se estendem por todo Estado

Inmet registrou somente pela manhã mais de 140 milímetros de chuva apenas em Campo Grande

16/12/2025 11h03

Campo Grande amanhece nublada e chuvosa, previsão indica que semana seguirá da mesma forma

Campo Grande amanhece nublada e chuvosa, previsão indica que semana seguirá da mesma forma Gerson Oliveira

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Em meio ao clima natalino, greves e paralisações, Mato Grosso do Sul a 5 dias para o verão enfrenta grandes volumes de chuvas e trovoadas. Na manhã desta terça-feira (16), na Capital já foram registrados mais de 140 milímetros desde o início da manhã.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Campo Grande registra chuva desde às 4h, com 147,8 milímetros até o momento. Na região da estação Santa Luzia foram 52 milímetros, já no Universitário foram registrados até agora 39,6 milímetros, e 56,2 milímetros na região do Panamá.

Ainda de acordo com o Inmet, na região do Anhanduizinho não houve registros de chuva nessa manhã, até o momento de publicação da matéria.

A previsão, de acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec/MS), é que a chuva não pare ao longo do dia e nem durante a semana.

Interior

Pelo Estado, as cidades do interior também registraram números expressivos de volume de chuva durante a última segunda-feira (15). Na região sudoeste, Guia Lopes da Laguna registrou 84,8 milímetros, Maracaju com 60,2 milímetros e Rio Brilhante que registrou 20,4mm com ventos a 54,8 km/h.

Na região Leste, Bataguassu também registrou ventos fortes, que chegaram a 55,1 km/h, com 31 milímetros de chuva. Em Dourados, na região Sul, foram registrados 30,2 milímetros e em Paranhos, faixa de fronteira e região Cone-Sul, também cena de estragos noticiado pelo Correio do Estado nos últimos dias, registrou ontem 36,5 milímetros.

Anteriormente, a cidade chegou a registrar 181 milímetros em apenas 14h, e deixou ponte caída, além de ruas interditadas por alagamento.

Apenas na região pantaneira, desde o início do dia de hoje, já foram registrados 101,6 milímetros de chuva em Corumbá.

Previsão

Segundo o mapa do Inmet, hoje as condições de chuva perduram ao longo da tarde e também durante a noite por todo o Estado.

Para a tarde, a chuva continua em todo o estado. Na parte de cima, na região Pantaneira, além de Campo Grande e regiões Centro-Norte, Norte e Bolsão, as condições são de muitas nuvens, com pancadas de chuvas e trovoadas isoladas. O restante segue com tempo fechado e chuvas isoladas.

Já à noite, as condições se mantêm as mesmas na região Norte e Centro-Norte, em Campo Grande, e chega também o tempo fechado com pancadas de chuvas e trovoadas isoladas nas regiões do Bolsão, Leste, Grande Dourados e Cone-Sul. O restante segue com chuvas isoladas e tempo fechado.

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CAMPO GRANDE

Fefecomércio lamenta prejuízo e culpa Consórcio e Prefeitura por greve de ônibus

Com transporte coletivo servindo mais de 100 mil passageiros por dia, impactos são imediatos e abrangentes, indo além de afetar inclusive milhares de funcionários impedidos de chegar aos seus locais de trabalho

16/12/2025 10h10

greve do transporte coletivo na Cidade Morena, que entra em seu segundo dia nesta terça-feira (16), já é a maior das últimas três décadas,

greve do transporte coletivo na Cidade Morena, que entra em seu segundo dia nesta terça-feira (16), já é a maior das últimas três décadas, Marcelo Victor/Correio do Estado

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Diante de um cenário de greve em Campo Grande, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul emitiu uma nota nesta terça-feira (16) em que lamenta o prejuízo, alegando que a falta de ônibus afeta a população de inúmeras formas, e colocando a culpa dessa paralisação sobre o Consórcio Guaicurus e a Prefeitura da Capital. 

Essa greve do transporte coletivo na Cidade Morena, que entra em seu segundo dia nesta terça-feira (16), já é a maior das últimas três décadas, desde que os ônibus ficaram parados por três dias em 1994, sendo que a atual paralisação reivindica: 

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

Em nota, a Fecomércio chama atenção para os reflexos da paralisação em pleno período que antecede as celebrações de fim de ano, bem pontuada como a época anual de maior movimentação econômica, em um cenário classificado como "de grave crise" e com prejuízos que se alastram por toda a comunidade. 

Para a Federação, uma vez que o transporte coletivo de Campo Grande serve um número acima de 100 mil passageiros por dia, os impactos são imediatos e abrangentes, indo além de afetar inclusive milhares de funcionários impedidos de chegar aos seus locais de trabalho. 

"Resultando em faltas, redução da produtividade e perdas salariais. Para muitos, a ausência de ônibus significa a impossibilidade de manter o emprego, afetando o sustento de suas famílias", cita.

Além disso, o texto não deixa de destacar o quanto o período que antecede o Natal é crucial para o comércio de Campo Grande, com a própria dificuldade no deslocamento em si sendo responsável por derrubar o fluxo de possíveis consumidores. 

Para a Fecomércio, a falta de ônibus na Cidade Morena impacta ainda o custo de vida diante do "aumento exorbitante nos preços das corridas por aplicativos e táxis", que aumentam os gastos não somente para quem vai às compras, mas para qualquer família que necessite de deslocamento para atendimento em postos de saúde e hospitais, por exemplo. 

Culpa de quem? 

Em complemento, o texto que mede os impactos da greve lista ainda o que a Fecomércio-MS cita como atores responsáveis por levar ao colapso do sistema por não cumprirem com seus deveres. 

Segundo a Federação, o Consórcio Guaicurus por um lado atribui parte de seus problemas à falta de repasses da Prefeitura de Campo Grande, o que faz a concessionária passar por uma crise financeira e dificuldades em obter crédito 

"No entanto, o atraso sistemático no pagamento dos trabalhadores, em um serviço público essencial, demonstra uma falha grave de gestão e compromisso", diz o texto. 

Para a Fecomercio, o segundo responsável seria justamente o poder concedente, nesse caso quem é responsável pelo município: a Prefeitura, que afirma estar em dia com os repasses e critica a falta de comunicação formal sobre a greve. 

"Contudo, a crise do transporte coletivo não é um evento isolado, e a omissão na fiscalização rigorosa do contrato de concessão, ou na busca por soluções preventivas para problemas administrativos alertados na Câmara Municipal, torna o poder público co-responsável pelo caos instalado". 

Por fim, a Federação lembra o atual momento "sensível para a economia e para a vida social da Capital", dizendo ser inadmissível que a população seja penalizada pela falta de atitude e descumprimento de obrigações básicas por parte do Consórcio e pela falta de ação efetiva do poder Executivo. 

"Exigimos uma solução imediata e definitiva para que o serviço seja restabelecido com urgência, garantindo os direitos dos trabalhadores e a mobilidade da população, a fim de minimizar os danos causados por esta crise de gestão e responsabilidade".
**(Colaborou Naiara Camargo)

 

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