Cidades

PANTANAL

Um ano após vinda de Lula, combate a incêndios avança

Presidente esteve em Corumbá no fim de julho do ano passado, durante época do fogo na região, e se comprometeu a fornecer recursos e equipamentos para o bioma

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O primeiro ano de vigência do Plano Nacional de Manejo Integrado do Fogo (PNMIF) recebeu um dos apoios mais fundamentais para ter sucesso, o suporte da natureza. A Lei nº 14.944/2024 foi assinada, em Corumbá, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 31 de julho do ano passado, quando os incêndios florestais no Pantanal estavam intensos e ameaçando o território e o fogo também atingia outras regiões do Brasil. 

De lá para cá, a estiagem extrema deu trégua no Pantanal, com chuvas que ocorreram entre fevereiro e maio deste ano e inundaram áreas, aumentaram a umidade do solo e reduziram o risco de propagação do fogo.

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) apontou em seu relatório mais recente, divulgado um dia antes de o PNMIF completar um ano, que as chuvas no período de dezembro de 2024 a junho deste ano ficaram acima da média histórica do período de 1988 a 2024. 

O volume acumulado do ano hidrológico, com base na estação Ladário, ficou em 435 milímetros, enquanto a média de 2000 a 2024 foi de 437 mm. O pico de chuva identificado nos últimos 24 anos foi de 562 mm (2010), enquanto a mínima registrada ocorreu em 2019, início do período de estiagem que antecedeu os incêndios recordes de 2020, com 320 mm.

“Entre dezembro de 2024 e junho de 2025, o volume total de precipitação foi 4% superior à média histórica do período 1998-2024, principalmente em razão das chuvas acima da média ocorridas em abril de 2025”, identificou o boletim do SGB, assinado por Mauro Campos Trindade, Fabio Araújo da Costa e Marcus Suassuna Santos, além do técnico Victor Scardua Paschoal e Wellington Batista de Abreu. 

“O trecho do Rio Paraguai entre Barra do Bugres (MT) e Porto Murtinho (MS), incluindo a estação de Ladário, apresenta níveis estáveis. Entre Ladário e Porto Murtinho, as cotas atuais situam-se na faixa dos percentis 20 a 40 da série histórica, ou seja, valores superados em 60% a 80% no período de referência”, completou o boletim.

Do lado humano, para reforçar as medidas de prevenção também ocorreram medidas no campo. Responsável pela maior estrutura de combate aos incêndios florestais em Mato Grosso do sul, o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), que integra a estrutura do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), passou a funcionar o ano inteiro desde dezembro de 2024. Também cresceu sua presença no território pantaneiro.

A base do Prevfogo em Corumbá, no Parque Municipal Marina Gattass, foi consolidada e recebeu um incremento de cerca de 30% para atuar entre janeiro e dezembro pelos próximos três anos consecutivos. 

O contingente de brigadistas saiu de 143, em 2023, que trabalhavam entre agosto e dezembro, para 185 pessoas, neste ano, que trabalham o ano inteiro. Aumento de estrutura foi efetivado mesmo com o apoio que a natureza concedeu.

“O ano de 2025 está bem tranquilo até o momento. Estamos com 84% menos focos de calor, comparado ao ano de 2024. Isso em MS inteiro. Para o bioma Pantanal, a situação é mais tranquila ainda, com 97% menos focos de calor que o ano anterior. A régua de Ladário, que mede a altura do Rio Paraguai, começou a descer no fim de julho [3,28 m neste domingo, quando o pico do ano foi de 3,30 m]. No ano passado, no mesmo período, estava com 0,48 m”, analisou o coordenador estadual do Prevfogo, Márcio Yule.

PERÍODO CRÍTICO

No histórico de risco de incêndios florestais, agosto e setembro são os meses mais críticos. Trata-se do período em que a estiagem do inverno atinge níveis mais intensos. 

Márcio Yule apontou que, para esse período do ano, o Prevfogo/Ibama deve contar com um helicóptero para possíveis ações de combate e transporte de brigadistas para áreas remotas, bem como para despejar água em áreas com fogo. 

“Para o ano de 2025, o Ibama/Prevfogo estabeleceu o aumento no número de brigadas e brigadistas. Temos duas novas brigadas indígenas contratadas: Aldeia Lalima, em Miranda, e Aldeia Uberaba, dos guatós, em Corumbá”, acrescentou o coordenador estadual do Prevfogo.

Por parte do governo do Estado, em abril, houve a reativação do Centro Integrado de Comando e Controle (Cicc) e a expansão do Sistema de Comando de Incidentes (SCI), que são ferramentas tecnológicas e administrativas para coordenar as atividades dos Bombeiros. 

Tem ocorrido também treinamento para brigadas em propriedades rurais, ações de educação ambiental e avanço nos debates sobre a aplicação legal da legislação para fazendas realizarem aceiros em áreas prioritárias.

“A integração das equipes no Cicc permite que a gente opere com eficiência, especialmente na parte do monitoramento das ocorrências, na resposta e na responsabilização. E também é um centro de decisões. A gente agrega diversos conhecimentos, tanto do Corpo de Bombeiros como do órgão ambiental, da Defesa Civil, das Polícias Militar e Civil e da própria Coordenadoria de Perícias, quando for o caso”, explicou o subdiretor da Diretoria de Proteção Ambiental (DPA), major Eduardo Teixeira.

GARGALO PRESENTE

Os avanços na estrutura e na organização da resposta no caso de incidentes, além das exigências legais em vigência, ainda não alcançaram o desafio de haver uma ação transnacional para combater incêndios quando os casos envolvem a região Brasil-Bolívia.

No ano passado, quando o país vizinho registrou sua maior tragédia ambiental causada pelo fogo – 9,9 milhões de hectares queimados –, as chamas cruzaram a fronteira e atingiram o Pantanal. Além disso, a fumaça produzida também chegou ao Brasil.

Por enquanto, ainda não existe acordo entre os dois países para viabilizar um combate conjunto. Em julho, um incêndio, com linha de fogo de 5 km, estava a cerca de 15 km de distância do Brasil, mas não existe uma medida que permita combatentes brasileiros a atuar no território boliviano.

Em termos de estrutura, o Brasil está mais preparado que o vizinho. Essa identificação do incêndio ocorreu pelo sistema Pantera, que usa inteligência artificial, e foi informada pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que mantém a central de monitoramento funcionando em Corumbá.

O IHP divulgou que acionou duas instituições bolivianas, Cerai e Nativa, para que fosse feito o combate às chamas. O incêndio teria sido controlado após atingir uma área alagada.

SAIBA

Entre as promessas feitas pelo presidente no ano passado estava o uso de recursos do Fundo Amazônia para o combate ao fogo no Pantanal, que já foi aprovado.

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Cidades

STF: Gilmar e Dino votam para derrubar lei que validou marco temporal

Decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal

15/12/2025 13h35

Ministro Gilmar Mendes

Ministro Gilmar Mendes Andressa Anholete/STF

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta segunda-feira, 15, no plenário virtual, para reafirmar a decisão do plenário que declarou inconstitucional a tese do marco temporal, que limita a demarcação de terras indígenas. Ele foi acompanhado por Flávio Dino.

O decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal concluir todos os processos de demarcação pendentes.

"Passados mais de 35 anos da promulgação da Constituição Federal, parece-me que já transcorreu lapso suficiente para amadurecimento definitivo da questão, de modo que não há mais como remediar a solução desse problema, cabendo, dessa forma, ao Poder Executivo o devido equacionamento da matéria e finalização dos procedimentos demarcatórios em prazo razoável, porém peremptório", defendeu.

O julgamento no plenário virtual fica aberto até a próxima quinta-feira, 18, para os ministros juntarem os votos na plataforma online. Se houver pedido de vista (mais tempo de análise) ou de destaque (transferência do processo ao plenário presencial), a votação é interrompida.

A tese do marco temporal estabelece que povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

Em 2023, em uma decisão histórica, por 9 votos a 2, o STF derrubou a interpretação e definiu que o direito das comunidades a territórios que tradicionalmente ocupavam não depende de uma data fixa.

O tema voltou ao tribunal porque, logo em seguida, o Congresso aprovou um projeto de lei para restringir as demarcações com base no marco temporal. O presidente Lula vetou o texto, mas os vetos foram derrubados pelo Legislativo.

Em paralelo, o Senado provou um projeto de emenda à Constituição (PEC) no mesmo sentido. Com isso, os senadores buscam incluir o critério de demarcação na Constituição. O texto seguiu para análise da Câmara.

Em seu voto, Gilmar Mendes reafirmou a decisão do STF. O ministro afirmou que o tribunal "não pode se esquivar de sua missão constitucional" e, em um aceno ao Congresso, defendeu que a atuação da Corte não pode "ser considerada como afronta ao Poder Legislativo".

"A análise do Supremo Tribunal Federal, no exercício do controle de constitucionalidade, equivale à prevalência da Constituição sobre os poderes constituídos quando estes atuam em descompasso com os limites impostos pela própria Lei Maior e pelo papel contramajoritário das Cortes Constitucionais, no caso o direito natural à própria existência dos indígenas, na medida em que a imposição de determinado limite temporal distante no tempo equivale à vulneração de seu status protetivo constitucional", argumentou o ministro.

O decano ressaltou que a lei é desproporcional e gera insegurança jurídica ao impor um marco temporal de forma retroativa, atingindo comunidades que não dispõem de documentação formal de ocupação.

"Nossa sociedade não pode conviver com chagas abertas séculos atrás que ainda dependem de solução nos dias de hoje, demandando espírito público, republicano e humano de todos os cidadãos brasileiros (indígenas e não indígenas) e principalmente de todos os Poderes para compreender que precisamos escolher outras salvaguardas mínimas para conduzir o debate sobre o conflito no campo", diz outro trecho do voto.

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TRANSPORTE PÚBLICO

Prefeitura nega que esteja devendo Consórcio Guaicurus

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes

15/12/2025 12h30

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo FOTO: Divulgação

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Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (15), no plenarinho da Prefeitura de Campo Grande, representantes da administração municipal afirmaram que o Executivo não possui qualquer dívida com o Consórcio Guaicurus. 

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes, que delegou a fala a integrantes de sua equipe.

A coletiva também foi marcada por restrições à imprensa, equipes de diversos veículos, entre eles o Correio do Estado, foram barradas de acompanhar o pronunciamento logo ao chegar no local. 

Apesar disso, a reportagem teve acesso a áudios da entrevista, nos quais aparecem as declarações de Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agereg; Ulysses Rocha, chefe de gabinete da Prefeitura; e Cecília Saad Cruz Rizkallah, procuradora-geral do Município, que reforçaram a versão oficial de que não há débitos pendentes com o consórcio.

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo e, em alguns casos, de forma antecipada. De acordo com Figueiró, apenas em 2025 o município transferiu mais de R$ 35 milhões ao consórcio, somando subsídios, vale-transporte e pagamentos de gratuidades. 

“Um contrato que hoje tem 197 ônibus com a idade acima da média que não deveriam estar circulando na cidade de Campo Grande, inclusive já tem duas multas preparadas pela agência de regulação. A agência de regulação aplicou uma multa de R$ 12 milhões e eles, no outro dia, contrataram o seguro. O que comprova que não é somente a falta de dinheiro”, afirmou.

Durante a coletiva, os representantes do município ressaltaram que, na semana passada, a prefeita Adriane Lopes autorizou a antecipação de cerca de R$ 3 milhões referentes a subsídios e valores que só venceriam ao longo do mês de dezembro. A medida teve como objetivo garantir fluxo de caixa ao consórcio para o pagamento dos salários dos trabalhadores e impedir a paralisação do serviço.

“Esse pagamento ainda não estava vencido e foi antecipado dentro do limite legal”, disse o diretor-executivo. Conforme a explicação apresentada, o valor máximo permitido por lei para repasses neste período, de aproximadamente R$ 19,5 milhões, já foi integralmente transferido ao consórcio, não havendo pendências financeiras por parte do município.

A administração municipal também destacou que a paralisação ocorreu apesar de decisão judicial que estabelece regras para greves em serviços essenciais. A procuradora-geral do Município explicou que há determinação para manutenção mínima de 70% da frota em circulação, com reforço nos horários de pico, o que não teria sido cumprido. “A paralisação total caracteriza abusividade”, afirmou.

Diante do descumprimento, a Agência de Regulação (Agereg) notificou o consórcio e iniciou os trâmites para aplicação de multa. Segundo Figueiró, a penalidade já estava em fase de formalização e deveria ser entregue ainda nesta segunda-feira. A Procuradoria-Geral do Município também informou que atua no processo judicial e acompanha audiência marcada para esta terça-feira (16).

Questionados sobre um possível rompimento contratual, os representantes do Executivo afirmaram que a medida exige cautela e não pode ser adotada de forma imediata. Cecília e Figueiró explicaram que há etapas administrativas e jurídicas a serem cumpridas, incluindo notificações, prazos de defesa e análise técnica, além da necessidade de garantir a continuidade do serviço.

Por fim, a Prefeitura reiterou que a prioridade é restabelecer o transporte coletivo. “O município cumpriu suas obrigações financeiras. O consórcio, como empresa privada regulada, também precisa cumprir com as suas responsabilidades perante a população”, declararam.

Segundo dados apresentados, a paralisação afetou cerca de 110 mil usuários do sistema e aproximadamente mil trabalhadores do transporte coletivo.

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